QUINTA-FEIRA –
18 de abril
Jo 6,44-51
Eu sou o pão
vivo descido do céu.
Neste Evangelho
Jesus nos ensina duas importantes verdades: 1) A origem da fé nele, que brota
de uma graça de Deus Pai. 2) Jesus é o pão vivo que dá vida ao que dele come.
“Quem crê possui
a vida eterna.” Cristo fala no presente: o que responde à atração do Pai, o que
crê, já tem a vida eterna. Esta começa aqui e agora: o eterno entrou no tempo.
É a escatologia realizada. Mas esse dom da fé está condicionado a uma atitude
responsável: escutar Deus. “Todo aquele que escuta o Pai e por ele foi
instruído, vem a mim”. E a nossa salvação é completada no futuro: “Eu o
ressuscitarei no último dia”.
“Eu sou o pão
vivo descido do céu.” Com a expressão “eu sou” (Javé em hebraico), Jesus se
auto define como o pão que dá a vida eterna ao que dele se alimentar. Essa é a diferença
do maná do deserto, que além de ser perecível, quem dele comia depois morria.
Há uma íntima
relação entre a Eucaristia e a Morte e Ressurreição de Jesus. São os seus dois
grandes gestos de amor a nós. Por isso que ele instituiu a Eucaristia um dia
antes de sua morte, e ao instituí-la disse: “Isto é o meu corpo que será
entregue por vós”, e também: “Isto é o meu sangue que será derramado por vós e
por todos”.
A Eucaristia
atualiza para nós a redenção. Cada vez que a celebramos, nós nos envolvemos mais
no mistério pascal, participando da ressurreição de Jesus, que passou pela
cruz.
A celebração
eucarística, além de banquete, isto é, de alimento dos cristãos, e de encontro
semanal da Comunidade, tem também esta dimensão: Ela torna presente, em termos de
tempo e de lugar, o gesto redentor de Jesus, com todos os seus efeitos. Por
isso que a chamamos memorial da redenção. Memorial é mais que memória ou
recordação. É vivência hoje, revitalização daquilo que aconteceu no passado.
Quando celebramos a Eucaristia, a Morte e Ressurreição de Jesus acontece
misteriosamente ali, com todos os seus efeitos salvadores. A Assembléia
eucarística torna-se ao mesmo tempo beneficiária e agente da redenção. A Igreja
bebe toda a sua força de amar, e todo o seu dinamismo nesta fonte inesgotável q
é a Eucaristia.
Trazendo para o
aqui e agora o mistério redentor, a Eucaristia envolve a Assembléia
participante, tornando-a Corpo Místico de Cristo e torna cada cristão “outro
Cristo” no mundo. É assim que o sacrifício de Cristo se torna sempre vivo e
atuante em todos os cantos da terra. Ao recebermos a Eucaristia, nós nos
tornamos eucaristia para o mundo
Certa vez, uma
jovem mãe estava com o seu bebê no portão da sua casa. Passou uma senhora,
parou e disse: “Como é bonita esta criança!” A mãe falou: “Espere um pouquinho,
eu vou lá dentro buscar a fotografia dela para a senhora ver que é mais bonita
ainda!”
Na verdade, o
que aquela jovem mãe fez foi uma coisa ridícula, porque hoje em dia os
fotógrafos podem falsificar fotografias, “melhorando” as pessoas. Mas há algo
parecido com a nossa redenção. Ela foi além e tornou o original, isto é, o
homem criado por Deus, melhor e mais bonito ainda. Foi por isso que cantamos no
sábado santo, referindo-nos ao pecado original: “Ó culpa tão feliz que há
merecido a graça de um tão grande Redentor”
Quando Maria
Santíssima ouvia, ao participar da santa Missa, estas palavras do seu Filho:
“Tomai todos e comei: Isto é o meu corpo que será entregue por vós. Tomai todos
e bebei...” certamente ela pensava: Este corpo foi gerado no meu útero. E
quando ela comungava, era quase que uma nova encarnação. Aquele coração que
batia em seu ventre, volta agora ao seu ventre, para sustentá-la na caminhada.
Claro que Maria se lembrava também dos maus tratos que Jesus recebeu e
continuava a receber dos homens, e voltava a sentir a espada que, no Calvário,
transpassou o seu coração. Por isso lhe pedimos: “Ouvi nossos rogos, Mãe dos
pecadores!”
Eu sou o pão
vivo descido do céu.
Padre Queiroz
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