Dia 4 de Outubro
Lc 10,1-12
Bom dia!
Vamos abordar três pontos…
Muitas pessoas associam esse evangelho a diferenças religiosas. Imaginam
aquele irmão que passa de porta em porta a anunciar sua fé e se mal recebido
declara aos ventos que nem a poeira das sandálias ficará. Se certo ou errado
aquela pessoa queria apenas dizer que “(…) O Reino de Deus chegou até vocês”.
Mesmo nos batendo à porta nos horários mais inconvenientes, bastaria
para nós dizer: “Sim irmão, ele já chegou! Vá em paz”! Como é que normalmente
respondemos? Não estou aqui dizendo que devemos ouvir e acatar tudo falam ou
nos entregam nas portas, nas ruas, nas praças, mas pelo menos não sermos mal
educados com quem leva uma mensagem positiva de casa em casa. Filtremos bem os
proselitistas!
“(…) Por essa razão, incentivo-vos a prosseguir dando passos positivos
nesta direção, como é o caso do diálogo com as igrejas e comunidades eclesiais
pertencentes ao Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, que com iniciativas como
a Campanha da Fraternidade Ecumênica ajudam a promover os valores do Evangelho
na sociedade brasileira”. (BENTO XVI)
Outro ponto…
Os judeus possuíam muitos rituais particulares, hoje talvez déssemos o
nome de costume, hábitos, crendices, (…). Era, portanto um ritual particular,
onde todos ao saíssem da sua região para outra sendo esta pagã ou descrente, ao
retornarem não trouxessem (simbolicamente) nada daquele lugar onde não
aceitavam a Deus. O gesto era sacudir as sandálias como que dissessem: “não
trago nem o pó dessa terra”!
A sabedoria do povo judeu não se limitava a costumes. Talvez dissessem
hoje: “QUANDO VOLTAR PARA CASA, À NOITE, VINDO DO TRABALHO, NÃO DESCONTE SEU
CANSAÇO E SUAS INSATISFAÇÕES NA SUA FAMÍLIA”!
A nossa vida nem sempre é aquela que sonhamos ou idealizamos. Ela é
cheia de altos e baixos, coisas boas e não tão boas. Padre Léo dizia que temos
a grata mania de olhar NOSSOS problemas com lentes de aumento, os tornado assim
maiores do que são. Passamos, talvez inconscientemente, a responder a
insatisfação ou a frustração com desamor, rancor, ranzinzes, (…). Essa poeira
não deve voltar para casa!
Um terceiro ponto…
Não é por nada que acredito que esse evangelho caiba tão bem com dia de
hoje – Dia de são Jerônimo – Dia da Bíblia.
Pensem num homem que tinha tamanha inteligência que preferiu viver no
isolamento por acha difícil que as pessoas pudessem conviver com ele. Herdou
com a morte do pai uma boa fortuna que transformou em estudo. Ficou responsável
pela tradução da Bíblia para o Latim que quando concluída fora chamada de
Vulgata.
Suas palavras e reflexões duras não “perdoavam” nem mesmo santo
Agostinho, doutor da igreja, mas se resignava a reconhecer que fazia isso pelo
bem da igreja, e por isso preferia ficar longe a magoar. Mesmo tão contundente
em suas afirmações preferiu o silencio. O seu “eu” impetuoso se rendia ao amor
de Jesus. Essa situação casa-se bem com uma frase de Santa Terezinha que
comemoramos amanhã
. “(…) No lugar do medo do “Deus duro e vingador”, ela coloca o amor
puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna”.
Duro ter a convicção de estar certo e ter que se refugiar no Senhor.
“(…) Provai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que se refugia
junto dele. Reverenciai o Senhor, vós, seus fiéis, porque nada falta àqueles
que o temem. Os poderosos empobrecem e passam fome, mas aos que buscam o Senhor
nada lhes falta. Vinde, meus filhos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do
Senhor. Qual é o homem que ama a vida, e deseja longos dias para gozar de
felicidade? Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas.
Aparta-te do mal e faze o bem, busca a paz e vai ao seu encalço. Os olhos do
Senhor estão voltados para os justos, e seus ouvidos atentos aos seus
clamores”. (Salmo 33, 9-14)
Católicos ou evangélicos (mesmo sem aceitar isso) agradecem a São
Jerônimo por seu investimento, seu tempo, disposição e sabedoria em traduzir a
Bíblia para que mais que 72 pudessem ir de porta em porta, de casa em casa e
dizer: “Que a paz esteja nesta casa!”
Um imenso abraço fraterno.
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