João disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar
demônios em teu nome, e lho proibimos.
Esse alguém que expulsava demônios em nome de Jesus não pertencia ao
grupo dos 12 e, portanto, segundo eles, não poderia fazer aquilo. Uma
demonstração de ciúmes por parte de Pedro de do grupo seguidor direto do
Mestre. Aquele exorcismo, feito por um desconhecido, para os apóstolos estava
mais parecendo com uma forma de concorrência. Os discípulos se sentiram
enciumados como acontece às vezes nas comunidades, quando vem alguém de fora e
quer se entrosar, partilhar, participar, e nem sempre a acolhida é do tipo
daquela feita por Jesus. Os discípulos talvez se julgassem detentores
exclusivos da missa de expulsar demônios, não admitindo a participação de
outros.
Já vi esse filme antes. Infelizmente, no meio de nós que pregamos
a inclusão, que denunciamos a exclusão, que incentivamos a acolhida, sem
o perceber, podemos ter ciúmes de algum cristão ou cristã talentosa que
aparece, assim do nada em nossa comunidade, e se destaca de forma
impressionante.
Por que isso? Por que isso acontece? Porque somos humanos, ridículos e
limitados que só usamos 10% da nossa cabeça animal e uns 45% da nossa vocação
religiosa, no nosso dia-a-dia.
Mais a atitude do mestre diante da explicação de João, foi como sempre:
serena, tranqüila, firme, justa e de extrema tolerância em relação ao exorcista
anônimo que usou o seu nome para fazer o bem. Jesus não está vendo aquele
ocorrido pelo lado da concorrência, mais sim, pelo lado da confluência do bem,
muito embora aquele referido indivíduo não tenha sido catequizado ou recrutado
por Ele. Por isso Jesus desaprova a proibição que lhe fora imposta pelos seus
discípulos. Porque se alguém de fato, foi capaz de realizar um milagre,
invocando o nome de Jesus, é porque esse alguém está em sintonia com Jesus.
Prezados irmãos. Se Jesus hoje aparecesse de repente em uma de nossas
comunidades, certamente iria fazer um inflamável discurso corrigindo muitas
coisinhas indevidas para não dizer erradas que andam acontecendo no nosso
convívio. Uma delas é o modo fechado com que nossas comunidades operam,
dificultando o ingresso de novos cristãos de boa vontade que querem partilhar
seus talentos dados por Deus para o crescimento da Igreja e para o bem do reino
de Deus.
"E quem vos der de beber um copo de água porque sois de Cristo,
digo-vos em verdade: não perderá a sua recompensa."
Não vamos perder a oportunidade de acolher, alimentar e dispor
tudo o que possuímos para contribuir com os sacerdotes, pois além de ser a
nossa obrigação, teremos a nossa recompensa, que é garantida e prometida por Cristo
no evangelho de hoje.
Jesus nos adverte para que não escandalizemos os pequenos, ou seja, as
crianças. "Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que
crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao
pescoço e o lançassem ao mar!"
Não se desespere! Se você já fez isso, sem querer ou mesmo
intencionalmente praticou algum ato imoral, por exemplo, na presença de uma
criança, é só se arrepender sinceramente, prometer que nunca mais vai fazer
isso, e procurar um sacerdote para fazer uma boa confissão. Não se esqueça que
nem tudo está perdido em sua vida. Deus é Pai, Deus nos perdoa,
"Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é
entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o
fogo inextinguível"
Que dureza! Jesus mais uma vez joga pesado. Já pensou? Quantos de nós
que estariam andando por aí agora sem mãos? Sem olhos?
Quais os pecados que cometemos com as mãos? Pegar as coisas alheias,
bater nos irmãos, se auto-acariciar buscando o prazer de forma egoísta, para
não dizer, masturbar-se, fazer gestos que ofendem maltratam os outros, que
mais?
Jesus exagerou em sua explicação, para nos mostrar três coisas básicas e
muito importantes para a nossa salvação:
Primeiro, o tamanho da gravidade do pecado para o futuro da nossa alma.
Pois na verdade é melhor ter uma mão só, do que ter as duas e ir para o
inferno;
Segundo, aqui Cristo nos deixa bem claro que mesmo que sejamos cristãos
praticantes, daqueles que comunga quase que diariamente, mesmo que sejamos
evangelizadores, até mesmo sacerdotes, não merecemos a salvação eterna, por que
por mais que nos esforcemos, nunca seremos perfeitos sem nenhum defeitinho.
Portanto, é bom que continuemos a nos esforçar em busca da aproximação da
perfeição, mais a NOSSA SALVAÇÃO ACONTECERÁ PELA GRAÇA DE DEUS e não,
necessariamente, pelo nosso merecimento.
Terceiro. O inferno existe moleque! É Jesus quem está dizendo. Aí.
Se liga na parada! Digo, se liga na palavra: "...melhor te é
entrares coxo na vida eterna do que, tendo dois pés, seres lançado à geena do
fogo inextinguível"
Está aí, a afirmação de Jesus Cristo, para rebater aqueles que se
desculpam dizendo: Que nada! O inferno não existe! Inferno é isso aqui mesmo.
Aqui se faz, aqui se paga!
Como acabamos de ver, o Evangelho de hoje é muito rico em ensinamentos
que o Mestre nos dá para que não sejamos merecedores um dia daquele fogo que
não se apaga. Porque Jesus não nos condena. Nós é que nos condenamos.
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