SEXTA- 1 de Setembro Evangelho - Mt 25,1-13
Bom
dia! Contei uma história no ano passado que serve bem para iniciar essa
reflexão.
Era
uma vez (…)
Certa
vez uma jovem moça cansou de acreditar. Preferia a racionalidade a viver da fé
naquilo que não podia entender ou ver. Dedicou-se, portanto a focar nas coisas
palpáveis e que considerava segura (carreira, financeiro, bens imóveis e
moveis) e de certa forma era feliz. Tinha amigos, colegas, reconhecimento,
prestigio, (…). Aos seus olhos, nada faltava.
Analisava
sua vida como forma de revide para as dificuldades que teve na infância e
adolescência. Uma família difícil, pais imaturos e ausentes, dificuldades
financeiras, (…); para ela era difícil ver a pessoa de Deus em meio a tamanho
sofrimento. Sonhava acordada vendo a vida boa de seus colegas e dessa forma
disfarçava a inveja que corria no seu peito e no seu olhar. “Serei grande e
rica”! – pensava ela. Não quis casar. Preferiu manter a individualidade e
rédeas da sua vida a ter que dividir com alguém suas alegrias, suas memórias,
suas dúvidas, (…); não desejava alguém que lhe ajudasse a conduzir sua vida ou
a aconselhá-la.
A
vida, depois de estabilizada, não mais deu reviravoltas para essa moça. Nunca
mais passou por tribulações que não pudessem ser superadas. Progrediu
profissionalmente, cresceu, ganhou status e uma promoção. Um dia então, saiu
para comemorar com seu carro importado e recém comprado, parou num semáforo e
de súbito uma menina bateu-lhe o vidro chamando sua atenção. Algo naquela
garota lhe incomodava. Perguntou-lhe então seu nome e surpreendentemente era o
mesmo que o seu.
Foi
um flashback! Um rio de lágrimas lhe descia aos olhos, imaginava-se naquela
criança. Lembrou das dificuldades de criança. O clima nostálgico tomou conta
daquele carro ao ponto de desistir de comemorar, preferindo voltar para casa.
Lá, abriu a gaveta do armário e escondida entre meias, estava um livro
empoeirado e de folhas amareladas. Suas mãos tremiam e por mais que tentasse
não conseguia fazê-las parar.
-
Quanto tempo não te leio! – Disse ela chorando. Abriu, pois a bíblia e lá numa
pagina marcada leu:
“(…)
Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o
maior no Reino dos céus? Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e
disse: Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como
criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como esta
criança será maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome a um menino
como este, é a mim que recebe”. (Mateus 18, 1-5)
Descobriu
então o quanto era preciosa desde a sua infância. Questionou-se imediatamente o
que fizera para mudar a realidade de outras tantas crianças que não tiveram a
mesma sorte ou competência que ela. Não sabia ela que acabava de entender o que
é compromisso social.
Saibam
que de fato tememos também em conflitar o que fizemos para mudar o nosso redor.
Vivemos então uma vida fracionada e não como um todo, O mundo que de fato me
preocupo é o que gravita ao redor do meu umbigo. Quem já trabalhou como
voluntário em um asilo, num hospital, numa ação social ou para os outros em sua
pastoral tem a real noção que NÃO TEMOS PROBLEMA ALGUM se compararmos com esses
que REALMENTE precisam de ajuda.
É
preciso refletir também um outro lado dessa parábola: “(…) O óleo que nós temos
não dá para nós e para vocês. Se vocês querem óleo, vão comprar!”
É
obvio que Jesus aqui não apregoava a individualidade ou a famosa frase “o
problema não é meu”, mas faço a seguinte pergunta: O que eu tenho haver com
aquele que prefere errar a acertar? O que fiz de concreto para mudar a
realidade ao meu redor? De que vale ganhar o mundo inteiro e perder a vida eterna?
Claro que não temos como por juízo na cabeça de tantos desajuizados por ai, mas
o que posso fazer além de fechar os olhos a eles?
Não
somente os alcoolizados, viciados, mas todos aqueles que partem para o mundo
sem medir as conseqüências de seus atos, aqui incluímos os que fazem
barbeiragens no trânsito, que vão brigar nos estádios, que acham “lindo” filmar
duas colegas brigando na escola e postar no facebook, Orkut, (…). Essa “noiva”
que não pensa o que faz podemos dizer que também se apegou ao imediato, ao
fútil, ao prazer temporário, mas agora, ou podemos chamar de hedonismo.
“(…)
É complicado competir com o hedonismo, ou seja, pela busca desenfreada por algo
que nos dê prazer. Como o encarregado da propriedade do evangelho de hoje
passamos pouco a pouco a esfriar na crença ou na esperança do que acreditamos.
Vendemo-nos ou nos permitimos conquistar facilmente pelas coisas que me façam
feliz hoje, agora,…”.
Tudo
bem que a história que contamos no começo é um conto criado e não um
testemunho, mas por que não aprender com a mensagem que transmite o conto? Até
quando seremos noivas que apenas esperam e não planejam ou tem ações proativas
para melhor recebê-lo?
No
mês de Setembro provavelmente refletiremos muito sobre compromisso, ação e
omissão quanto ao anúncio da Boa Nova e quanto estou conservando-a dentro de
mim através da fé, da esperança e da caridade.
Um
imenso abraço fraterno.
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