SÁBADO DA 21ª SEMANA DO TC 02/09/20127
1ª Leitura 1 Tessalonicenses 4, 9-11
Salmo 97/98 9 “Diante do Senhor que chega, porque ele vem para
governar a terra. Ele governará a terra com justiça, e os povos com equidade”
Evangelho Mateus 25, 14-30
"LUCROS
E PERDAS DA NOSSA FÉ"
Esse evangelho nos
coloca a parábola dos talentos, que poderá ser mal compreendida, se não
aprofundarmos a reflexão, pois não estamos diante de um simples acerto de conta
entre um patrão e seus servos, mas diante de algo muito mais sério que é o
sentido da nossa vida. A grande pergunta que estará em nosso coração e em nossa
mente, quando esta vida estiver se esvaindo, é exatamente essa: Investimos a
nossa existência em que? Terá valido a pena ?
Na contabilidade há um
demonstrativo em cada final de exercício, que mostra aos investidores e
acionistas, de que modo foi investido o capital por eles disponibilizado, esse
balanço final mostra o Ativo e o Passivo, os ganhos e perdas da empresa, seus direitos
e obrigações, seus valores a receber e suas contas a pagar, seu acréscimo
patrimonial ou suas perdas, caso houver. Esta visão permite ao acionista
decidir se continuará investindo ou se vai procurar outro negócio mais
rentável.
Ora, Deus Pai investiu
tudo em nós, o Filho pagou um alto preço, mais que todo o ouro, toda a prata e
todas as fortunas que há no mundo, é um direito Dele portanto, querer saber no
final de nossa vida, o que foi que fizemos com o nosso viver, com a sua graça,
com a vida nova que tivemos acesso, com a obra da salvação, uma pessoa
extremamente bondosa e amorosa para conosco, nunca nos cobra nada, pois o seu
amor é incondicional e gratuito, mas a gente se sente na obrigação de dar um
retorno, que pode ser uma grande alegria, como a dos dois primeiros servos, que
duplicaram os talentos que lhes foram confiados, ou então será um momento de
grande tensão e angústia, marcado pelo medo, por causa de uma relação
distorcida com o Patrão. Podemos perceber que os outros dois não tiveram a preocupação
de justificar o porquê aplicaram bem o talento recebido, pois independente do
rigorismo e da exigência do Patrão, sentiram-se no dever de corresponder à
confiança neles depositada.
Deus reconhece as
nossas limitações, ele sabe muito bem que nem todos irão viver bem, descobrindo
o sentido da vida e vivendo na essência do seu amor, e por isso, diante dele é
válido todo e qualquer esforço de se viver segundo suas leis e sua santa
palavra. Podemos até dizer, que o talento dado, é a própria existência, visível
aos nossos olhos, e que os talentos adquiridos com um bom investimento, são as
graças sobrenaturais que antecipam em nosso caminhar, esta vida nova que Jesus
nos presenteou. Na hora certa, esta vida não nos será tirada, mas enriquecida
com os demais talentos ,quando vivemos bem a nossa vida terrena, entendendo que
ela é muito mais do que aquilo que se vê, São Paulo chama isso de caminhar na
Fé.
Porém, aquele que se
apegou a esta simples existência, limitando-se a viver apenas na visão,
alimentando sua esperança apenas com aquilo que esta vida terrena pode dar,
este é o servo Mau e preguiçoso, que investiu mal a sua vida, e que no balanço
final da sua existência, já diante de Deus, irá constatar horrorizado, que não
auferiu nenhum lucro, e que o que pensava ser um grande lucro, foi na verdade
uma grande e terrível perda, e que terminou o seu exercício terreno com um
saldo negativo, devendo algo para Deus.
Há uma música pastoral
belíssima, cujo refrão diz “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!” Eis
o grande segredo que o homem precisa descobrir que o viver não se restringe aos
limites do corpo, mas que o homem traz em si as sementes da eternidade, de uma
Vida renovada pela qual vale a pena lutar para buscá-la e mantê-la a cada dia,
porque os nossos horizontes são muito mais amplos do que nossos olhos podem
vislumbrar, e esta descoberta prodigiosa que muda tudo em nossa vida, só ocorre
na vida de quem vive na Fé.
Ainda tomando o
exemplo da Contabilidade empresarial, mês a mês se faz o balancete, que como o
próprio nome diz, trata-se de um Balanço menor, que mostra os valores movimentados
e ajudam o empresário a redirecionar seus investimentos, caso o resultado do
balancete não seja bom, por isso esse evangelho nos convida também a um bom
exame de consciência diante de Deus no sentido de saber com clareza e
sinceridade, o que é que estamos fazendo da nossa vida, que são os talentos que
Deus nos confiou, sempre é tempo de nos converter, de acertar as contas
negativas e fazer novos investimentos na caridade, no amor, na solidariedade,
com os lucros auferidos da Palavra de Deus e da força da Eucaristia.
A grande diferença da
nossa vida de fé e de um controle contábil, é que o nosso Deus não é avarento
nem egoísta, e o pouco que conseguirmos lucrar com a prática do amor cristão,
já será suficiente para ouvirmos dele a palavra que o nosso coração anseia: “Porque foste fiel na administração de tão
pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”
Alegria que já experimentamos ainda nesta vida, quando colocamos todos os
nossos talentos para servir os nossos irmãos, ajuntando um tesouro no céu.
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