24
Agosto 2017
Lectio
Primeira leitura:
Juízes 11, 29-39a
Naqueles dias, 29o
espírito do Senhor desceu sobre Jefté; Jefté atravessou Guilead e Manassés;
depois, Mispá de Guilead; de Mispá de Guilead atravessou a fronteira dos
amonitas. 30Jefté fez um voto ao Senhor, dizendo: «Se realmente entregas nas
minhas mãos os amonitas, 31pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas
da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas;
eu oferecê-lo-ei em holocausto.» 32Então, Jefté marchou contra os amonitas e
travou combate contra eles; o Senhor entregou-os nas suas mãos. 33Derrotou-os
desde Aroer até às proximidades de Minit, tomando-lhes vinte cidades, e até
Abel-Queramim; foi uma derrota muito grande; deste modo, os amonitas foram
humilhados pelos filhos de Israel. 34Quando Jefté regressou a sua casa em
Mispá, eis que sua filha saiu para o vitoriar, dançando e tocando tamborim; ela
era filha única; não tinha mais filhos nem filhas. 35Ao vê-la, rasgou as suas
vestes e disse: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a
minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar
atrás.» 36Ela disse-lhe: «Meu pai, tu falaste demais na presença do Senhor; faz
comigo segundo o que saiu da tua boca, pois o Senhor deu-te a vingança contra
os teus inimigos, os amonitas.» 37Depois, disse a seu pai: «Concede-me o
seguinte: deixa-me sozinha durante dois meses para que eu vá vaguear pelas
montanhas, chorando a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.» 38Ele
disse: «Vai.» E deixou-a partir durante dois meses; ela foi com as suas
companheiras e chorou sobre as montanhas a sua virgindade. 39Ao fim de dois
meses, voltou para junto de seu pai; este cumpriu nela o voto que havia feito.
A página que hoje
escutamos é das mais enigmáticas da Bíblia e pode mesmo causar-nos mal-estar e
arrepios.
O povo mergulhara, mais uma vez no pecado: «Os filhos de Israel continuaram a fazer o mal diante do Senhor: adoraram os ídolos…e abandonaram o Senhor, negando-se a servi-lo. Inflamou-se, então, a ira do Senhor contra Israel, entregando-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos amonitas. Estes oprimiram e vexaram, naquele ano, os filhos de Israel; durante dezoito anos, esmagaram os filhos de Israel …» (cf. Jz 10, 6-8). O povo clamou ao Senhor, reconhecendo o seu pecado (cf. 10, 15s.). Deus escolheu, como Juiz-libertador, Jefté, filho de uma prostitua, chefe de um grupo de aventureiros… Mas «o espírito do Senhor desceu sobre Jefté» (11, 29) que venceu e humilhou os Amonitas (cf. v. 33).
O voto, feito ao Senhor por Jefté, e que o leva a sacrificar a filha, desconcerta-nos. A Lei proibia sacrifícios humanos. Mas a contaminação com costumes dos pagãos, com quem Israel convivia, levaram Jefté a este acto horrível. Ainda havia muito caminho a fazer, até que o povo de Deus se libertasse de formas de religiosidade perigosas e equívocas, que não respeitavam a pessoa humana nem a relação com o Deus da aliança do Sinai.
O povo mergulhara, mais uma vez no pecado: «Os filhos de Israel continuaram a fazer o mal diante do Senhor: adoraram os ídolos…e abandonaram o Senhor, negando-se a servi-lo. Inflamou-se, então, a ira do Senhor contra Israel, entregando-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos amonitas. Estes oprimiram e vexaram, naquele ano, os filhos de Israel; durante dezoito anos, esmagaram os filhos de Israel …» (cf. Jz 10, 6-8). O povo clamou ao Senhor, reconhecendo o seu pecado (cf. 10, 15s.). Deus escolheu, como Juiz-libertador, Jefté, filho de uma prostitua, chefe de um grupo de aventureiros… Mas «o espírito do Senhor desceu sobre Jefté» (11, 29) que venceu e humilhou os Amonitas (cf. v. 33).
O voto, feito ao Senhor por Jefté, e que o leva a sacrificar a filha, desconcerta-nos. A Lei proibia sacrifícios humanos. Mas a contaminação com costumes dos pagãos, com quem Israel convivia, levaram Jefté a este acto horrível. Ainda havia muito caminho a fazer, até que o povo de Deus se libertasse de formas de religiosidade perigosas e equívocas, que não respeitavam a pessoa humana nem a relação com o Deus da aliança do Sinai.
Evangelho: Mateus, 22,
1-14
Naquele tempo, Jesus
dirigiu-se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e,
falando em parábolas, disse-lhes: 2«O Reino do Céu é comparável a um rei que
preparou um banquete nupcial para o seu filho. 3Mandou os servos chamar os
convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer. 4De novo mandou
outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: O meu banquete está
pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está preparado.
Vinde às bodas.’ 5Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu campo, outro
para o seu negócio. 6Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos e
mataram-nos. 7O rei ficou irado e enviou as suas tropas, que exterminaram
aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade. 8Disse, depois, aos servos: ‘O
banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram dignos. 9Ide,
pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos
encontrardes.’ 10Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos aqueles que
encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de convidados.
11Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o
traje nupcial. 12E disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’
Mas ele emudeceu. 13O rei disse, então, aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as
mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’ 14Porque
muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Na tradição bíblica, o
banquete de núpcias é a mais alta expressão de festa. Jesus compara o reino de
Deus exactamente a um banquete de núpcias. Mais ainda, compara-o ao banquete
que um rei preparou para o casamento do seu filho. Era de esperar uma enorme e
bem sucedida festa. Mas, surgem imprevistos. Os convidados recusam participar.
Na perspectiva teológica de Mateus, esta parábola refere-se a Israel, desde os
seus princípios até à vinda do Messias. Foi sempre um povo rebelde, e acabou
por recusar o Messias, com os seus dons. Mas Deus, que tem «tudo pronto», abre
o banquete a outros convidados. Os novos comensais formam o novo Israel, a
Igreja, santa, mas sempre carecida de conversão, e que, por isso, precisa
sempre de estar atenta para conservar a veste nupcial.
Esta parábola ensina-nos que o convite para a festa do banquete é uma graça, um dom que envolve e compromete seriamente toda a nossa vida, que a faz nova. Podemos acolhê-lo ou recusá-lo. Quem o recusa, encontra sempre desculpas e justificações, que não são mais do que auto-enganos. Quem entra na sala nupcial também não deve pensar que tem a salvação garantida. Ainda que a entrada seja gratuita e oferecida a todos, exige dos participantes a veste nupcial e as disposições correspondentes, especialmente «revestir-se de Cristo» (Rm 13, 14; Gl 3, 27).
Esta parábola ensina-nos que o convite para a festa do banquete é uma graça, um dom que envolve e compromete seriamente toda a nossa vida, que a faz nova. Podemos acolhê-lo ou recusá-lo. Quem o recusa, encontra sempre desculpas e justificações, que não são mais do que auto-enganos. Quem entra na sala nupcial também não deve pensar que tem a salvação garantida. Ainda que a entrada seja gratuita e oferecida a todos, exige dos participantes a veste nupcial e as disposições correspondentes, especialmente «revestir-se de Cristo» (Rm 13, 14; Gl 3, 27).
Meditatio
A primeira leitura
apresenta-nos um exemplo da pedagogia divina para corrigir práticas religiosas
defeituosas. Jefté, que combatia os Amonitas, desejava uma vitória clamorosa,
que afastasse de vez o perigo que eles constituíam para Israel. Por isso, faz
um voto ao Senhor: se Deus lhe conceder a vitória sobre os inimigos,
sacrificará a primeira pessoa que encontrar, ao voltar da batalha. Este voto
reflecte a mentalidade do Jefté e dos seus contemporâneos: para agradecer a
Deus grandes graças, é preciso oferecer-Lhe coisas muito difíceis e custosas. O
profeta Miqueias manifesta este modo de ver, quando escreve: «Com que me
apresentarei ao Senhor, e me prostrarei diante do Deus excelso? Irei à sua
presença com holocaustos, com novilhos de um ano? Porventura o Senhor receberá
com agrado milhares de carneiros ou miríades de torrentes de azeite?» (Mq 6,
6s.). São presentes de gente grande: torrentes de azeite, milhares de
carneiros… Parece-lhe que, desse modo, poderá manifestar a sua gratidão para
com Deus.
Mas havia outra possibilidade, ainda mais difícil: «Hei-de sacrificar-lhe o meu primogénito pelo meu crime, o fruto das minhas entranhas pelo meu próprio
pecado?» (Mq 6, 7). Oferecer o primogénito era uma ideia considerada positiva. Abraão mostrara-se disposto a fazer esse sacrifício. Deus não lho permitira, mas Abraão foi louvado por estar disposto a fazê-lo.
Jefté tinha, pois, uma disponibilidade semelhante à de Abraão: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto» (v. 30s.). Tratava-se, evidentemente, de um erro da consciência religiosa, porque não agrada a Deus o sacrifico de uma pessoa humana. Deus quer a vida, não a morte. É o homem vivo que dá glória a Deus, dirá S. Ireneu de Lião.
Para corrigir uma ideia tão errada, Deus permitiu que a primeira pessoa a vir ao encontro de Jefté fosse a sua própria filha, que ainda por cima era única: «Não tinha mais filhos nem filhas», diz-nos o texto sagrado (v. 34). Ao fazer o seu voto, Jefté não previra uma tal possibilidade. Por isso, logo que a viu, exclamou: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás» (v. 35). Na verdade, fora ele a arruinar a filha. E, mais uma vez, a sua consciência religiosa errada, não lhe permitia ver que podia ser dispensado de cumprir um tal voto. Quando se promete a Deus algo de errado, não só podemos, mas devemos deixar de cumprir a promessa. Os crentes do Antigo Testamento pensavam que, uma vez prometida uma coisa ao Senhor, não havia outro remédio senão cumpri-la. A história de Jefté visava corrigir uma tal consciência errada. Infelizmente, parece que esta consciência errada ainda subsiste em muitos cristãos, que, por vezes, fazem promessas que Deus não pode aceitar, mas que teimam em fazê-las.
Mas havia outra possibilidade, ainda mais difícil: «Hei-de sacrificar-lhe o meu primogénito pelo meu crime, o fruto das minhas entranhas pelo meu próprio
pecado?» (Mq 6, 7). Oferecer o primogénito era uma ideia considerada positiva. Abraão mostrara-se disposto a fazer esse sacrifício. Deus não lho permitira, mas Abraão foi louvado por estar disposto a fazê-lo.
Jefté tinha, pois, uma disponibilidade semelhante à de Abraão: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto» (v. 30s.). Tratava-se, evidentemente, de um erro da consciência religiosa, porque não agrada a Deus o sacrifico de uma pessoa humana. Deus quer a vida, não a morte. É o homem vivo que dá glória a Deus, dirá S. Ireneu de Lião.
Para corrigir uma ideia tão errada, Deus permitiu que a primeira pessoa a vir ao encontro de Jefté fosse a sua própria filha, que ainda por cima era única: «Não tinha mais filhos nem filhas», diz-nos o texto sagrado (v. 34). Ao fazer o seu voto, Jefté não previra uma tal possibilidade. Por isso, logo que a viu, exclamou: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás» (v. 35). Na verdade, fora ele a arruinar a filha. E, mais uma vez, a sua consciência religiosa errada, não lhe permitia ver que podia ser dispensado de cumprir um tal voto. Quando se promete a Deus algo de errado, não só podemos, mas devemos deixar de cumprir a promessa. Os crentes do Antigo Testamento pensavam que, uma vez prometida uma coisa ao Senhor, não havia outro remédio senão cumpri-la. A história de Jefté visava corrigir uma tal consciência errada. Infelizmente, parece que esta consciência errada ainda subsiste em muitos cristãos, que, por vezes, fazem promessas que Deus não pode aceitar, mas que teimam em fazê-las.
Oratio
Senhor, pelo teu
profeta Miqueias, ensinaste-me que o que é bom aos teus olhos, o que me pedes,
é que pratique a justiça, ame a piedade, e caminhe humildemente na tua
presença. À primeira vista, não são coisas que causem grande impressão, ou que
revelem muita generosidade. São coisas simples, obrigatórias: praticar a
justiça, amar a piedade, e caminhar humildemente na tua presença. Mas é esse o
caminho seguro, o sacrifício que Te agrada. Afasta-me, pois, de buscar coisas
extraordinárias, que podem lançar-me em caminhos de perdição. Que, dia a dia,
com dedicação e constância, eu procure viver na justiça, na piedade, na
humildade. Amen.
Contemplatio
Felizes aqueles que,
como S. (João) Berchmanns, encontraram durante a sua vida na oração a Maria, na
cruz do seu Deus, do seu mestre e esposo, no cumprimento das suas santas regras
e de todos os seus deveres, a sua alegria, as suas delícias, o seu apoio, o seu
todo. Felizes os que na pureza do corpo, da alma e do coração, na humildade e
na desconfiança de si mesmos, no amor puro, sobrenatural, se esquecem a si
mesmos e não procurando senão a glória de Deus e a salvação das almas, serviram
o seu Deus, seguiram Jesus, o seu Senhor e Mestre, na via da cruz, dos
sofrimentos e do sacrifício! Semelhante morte é preciosa aos olhos de Deus.
Escutam então da parte de Deus este convite: «Vinde, bom e fiel servidor,
porque fostes fiel nas pequenas coisas, estabelecer-vos-ei sobre maiores;
entrai na alegria do vosso Senhor». (Pe. Dehon, OSP 4, p. 154s.)
Actio
Repete frequentemente e
vive hoje a Palavra:
«Felizes os convidados para as núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9)
«Felizes os convidados para as núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9)
Eu todos os dias faço a leitura do dia e complemento com os comentários dessa equipe para complementar meus ensinamento e por em prática muito obrigado, que o Senhor Deus continue derramando benção a todos na Paz de Cristo, Jair Ferreira.
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