Evangelhos
Dominicais Comentados
09/abril/2017
– Domingo de Ramos
Evangelho:
(Mt 21, 1-11)
(...)Jesus enviou dois discípulos, e lhes disse: “Ide ao povoado
que está em frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada e, com ela, um
jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os para mim. Se vos disserem alguma coisa,
respondei: ‘O Senhor precisa deles e logo os devolverá’”.(...) Os discípulos
trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram sobre eles suas vestes, e Jesus
montou em cima.
Numerosa multidão estendia suas vestes pelo caminho, enquanto
outros cortavam ramos das árvores e os espalhavam pelo chão. A multidão que ia
na frente e os que seguiam atrás gritavam: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito
quem vem em nome do Senhor, hosana nas alturas”. E, quando entrou em Jerusalém,
toda a cidade se alvoroçou e perguntava: “Quem é este?” E a multidão respondia:
“Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia”.
O
Domingo de Ramos nos introduz na Semana da Paixão do Senhor. A Liturgia de hoje
nos oferece dois evangelhos de Mateus; um para a bênção dos ramos (Mt
21,1-11) e outro para a Liturgia da Palavra (Mt 26,14-27.66). Para
nossa meditação, vamos nos ater ao evangelho da bênção dos ramos que relata a
entrada triunfal de Jesus em Belém.
Uma
grande multidão se apresenta empunhando ramos de palmeira e de oliveira. Gritam
hosanas e aclamam: “Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Filho de
Davi!” Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade ficou agitada e todos
perguntavam: “Quem é este homem?”
Jesus,
ao contrário dos reis que andavam em carros de guerra, em imponentes cavalos
entra em Jerusalém montado num jumentinho. Jesus é um Rei manso, humilde e
pacífico. Mas, ao mesmo tempo, esse Rei é também forte e firme.
Jesus
faz justiça devolvendo vida aos excluídos, humildes e necessitados. E o povo o
reconhece como seu Rei, seu Salvador. Por isso, estende seus ramos e seus
mantos à sua passagem.
Enquanto
o povo gritava “Hosana!” - “Salva-nos!” os poderosos ficaram preocupados e
agitados. A presença de Jesus é uma ameaça para aqueles que vivem às custas do
suor do povo. A simples presença de Jesus já é motivo para sonharmos com a
liberdade. Onde Jesus está presente, a opressão está ausente.
As
atividades libertadoras realizadas por aquele chamado de: o profeta Jesus de
Nazaré da Galileia desafiam o poder opressor. A vinda do Rei-pobre exige opção,
exige uma definição, ou o recusamos ou o aceitamos, não existe meio termo. Esse
é o grande desafio. Ficar com o verdadeiro ou com o falso. Ficar com o antigo
ou aceitar a Nova Aliança.
Jesus
se molda ao nosso modo de ser. É como um sapato confortável e, ao mesmo tempo,
é também como aquela pedrinha incômoda que aparece não sabemos de onde. Para
estar com ele é preciso abrir mão do poder e assumir o serviço. É dificílima
essa decisão, por isso ainda hoje essa dúvida nos incomoda.
Não
é fácil aceitar a proposta do Salvador. Todos aguardavam um rei vingador e
rodeado de soldados para exterminar os inimigos do povo. A decepção é geral, o
Rei se apresenta exigente, sem armas e com propostas de mudanças.
Mudanças
radicais que se trouxermos para os dias de hoje significam abrir mão dos
grandes lucros e pensar mais seriamente nos desempregados, nos aposentados, nos
idosos e menores abandonados. O Rei exige preocupação com os índios, com os
enfermos, e com os preços abusivos dos remédios e impostos.
Todas
essas mudanças exigem muito de cada um de nós. Exigem desprendimento e
renúncia. Exigem humildade, solidariedade e amor ao próximo. Exigem adesão e
muito cuidado para não repetirmos a mesma cena daquela época.
Aderir
ao Cristo significa mudar e cuidar para não assumirmos a mesma postura daqueles
a quem criticamos, e chamamos de assassinos. É bom lembrar que os mesmos que
exaltaram Jesus, também o condenaram.
Mudar
significa gritar a Boa Nova da presença de Deus entre nós. É recusar ou
aceitá-lo. Quem não muda e não assume o seu compromisso batismal é como aquele
que hoje estende o seu manto e grita “Hosana! Hosana!” e que alguns dias
depois, lá está, no meio da multidão e gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
(1785)
jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br
– 09/abril/2017
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