30 de abril - DOMINGO - Evangelho - Lc 24,13-35
Bom dia!
Tudo indica que um dos discípulos de Emaús (Cleófas) era o pai de
Judas Tadeu e Tiago, ambos apóstolos. O que impedia, segundo estudos recentes,
o próprio tio de Jesus de reconhecê-lo pelo caminho? E a nós? O que nos impede
ainda de ver a Jesus ressuscitado?
Tristeza, a falta de fé, a descrença, o orgulho, a vaidade, o
desamor, a perca da esperança, a decepção, a ansiedade, a urgência, (…) nos
cobrem os olhos a graça da presença de Jesus em nosso meio. “(…) Enquanto
conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com
eles, MAS ALGUMA COISA NÃO DEIXOU QUE ELES O RECONHECESSEM”. Em virtude disso,
e de outros fatores, deixamos de ver Deus a nos cercar e também de vê-lo no
irmão ao nosso lado.
Algo brotou nessa reflexão: O quanto sou igreja? Consigo ver no
irmão de outra pastoral ou movimento a face de Jesus? Consigo ver no irmão que
perambula pela rua a imagem do seu Senhor? Sou igreja ou uma identidade?
Parecem perguntas desconexas, mas tem muito haver com a reflexão.
Alguns movimentos e pastorais sucumbem ou sofrem por falta de
humildade ou de apoio. Muitos, como os discípulos de Emaus, andam com o Senhor,
mas não o reconhecem, pois esquecem que são igreja quando se apegam a uma
identidade pastoral para justificar suas faltas com a igreja como um todo.
“Batem no peito” o nome do seu grupo ou movimento, esquecendo o principal: VER
JESUS, A PRÓPRIA CABEÇA DA IGREJA.
Essa cegueira (ou seria miopia) que fez sucumbir a teologia da libertação,
que apesar de ser muito preciosa e bem fundamentada, agarrou-se ao partidarismo
político abandonando a oração e consequentemente a Jesus. Essa cegueira, como
dos discípulos de Emaús, tem sinais bem clássicos:
Marcam reuniões nos horários de missas e celebrações, não
participam e tão pouco ajudam nas festas comunitárias; não acatam ou aceitam
regras de horários; nas missas esquecem da liturgia, não ajudam na campanha da
fraternidade, no natal, no advento; não fazem ações sociais; mas no quesito “CRÍTICA”,
são imbatíveis! (risos).
Quando limito propositalmente meu olhar esqueço paulatinamente os
propósitos de Cristo. Quando vejo que precisam do meu serviço, da minha ajuda,
da minha atenção, mas limito a ajudar os meus, grandemente me equivoco.
Veja na primeira leitura. Se Pedro fingisse não ver o problema do
coxo, não teria compreendido o quanto Deus habitava em seu coração
“(…) Quando viu Pedro e João entrando no Templo, o homem pediu uma
esmola. Os dois olharam bem para ele e Pedro disse: ‘Olha para nós!’ 5O homem
fitou neles o olhar, esperando receber alguma coisa. 6Pedro então lhe
disse:’Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno,levanta-te e anda!’”. (Atos 3, 3-6)
Esse evangelho nos apresenta um alerta: MESMO CAMINHANDO COM JESUS,
SENDO SEU PRÓXIMO, ESTUDANDO SUA PALAVRA, SEM A DIVINA SENSIBILIDADE E A
DOCILIDADE EM OUVIR, NÃO CONSEGUIREMOS RECONHECÊ-LO.
Preciso rever minhas falas e meus conceitos sobre ser igreja. Será
que ficar só numa sala rezando é ser igreja? Será que fazer uma ação social sem
rezar é ser igreja? Em ambos os casos, é e não é! Frei Faustino Paludo
(referencia em liturgia da CNBB) certa vez disse que receber a eucaristia sem
meditar a consequência do nosso pecado “como” e “na” comunidade torna nossa
comunhão incompleta. “Sou santo”, mas não me misturo; vou à igreja todos os
dias, mas não mudo minha forma de lidar com as pessoas… É preciso rever isso!
Ainda estamos vivendo a páscoa, a espera de Pentecostes, mas não
podemos esquecer nossos dons, o que aprendemos, por medo ou preciosismo.
Sim, parece utopia, mas busquemos completar o gesto eucarístico de
cada dia com ações, a começar enxergando o que minha comunidade igreja precisa.
Para terminar deixo a reflexão proposta pela CNBB
“(…) Este trecho nos mostra todas as etapas do trabalho
evangelizador. Inicialmente, as pessoas estão caminhando em comunidade. NINGUÉM
CAMINHA VERDADEIRAMENTE QUANDO ESTÁ SOZINHO. Jesus é o verdadeiro
evangelizador, que entra na caminhada das pessoas, caminha com elas. DURANTE A
CAMINHADA, FAZ SEUS CORAÇÕES ARDEREM, PORQUE DESPERTA NELES O AMOR, PERMANECE
COM ELES, FORMANDO UMA NOVA COMUNIDADE, E SE DÁ VERDADEIRAMENTE A CONHECER
QUANDO AS PESSOAS DÃO RESPOSTAS CONCRETAS AOS APELOS DO AMOR, fazendo com que
elas sejam novas testemunhas da ressurreição”. (CNBB)
Um imenso abraço fraterno.
teologia da libertação? sai fora meu..
ResponderExcluirMuita boa sua reflexão. Prática. O que você disse é verdadeiro. O que é ser Igreja nesse mundo atual, mecanizado, individualizado onde o ser humano já não valoriza seu semelhante.Pelo contrário. Se puder explora e rouba...Como reconhecer o Senhor na comunidade moderna, sofredora e dividida?
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