Tempo Comum – Anos Ímpares – I Semana –
Sexta-feira
13 Janeiro 2017
Tempo Comum – Anos
Ímpares – I Semana – Sexta-feira
Primeira leitura: Hebreus
4, 1-5.11
Irmãos, 1embora
permanecendo a promessa de entrar no seu repouso, temamos que algum de vós seja
considerado excluído. 2Porque, a nós como a eles, foi anunciada a Boa-Nova;
porém, a eles, a palavra escutada não valeu de nada, pois não permaneceram
unidos na fé aos que a tinham escutado. 3Quanto a nós, os que acreditámos,
entraremos no descanso, como Ele disse: Tal como jurei na minha ira, não
entrarão no meu repouso.No entanto, as suas obras estavam realizadas desde a
fundação do mundo, 4pois diz-se em qualquer parte, a propósito do sétimo dia:
Deus repousou no sétimo dia, de todas as suas obras; 5e ainda, neste passo: Não
entrarão no meu repouso. 11Apressemo-nos, então, a entrar nesse repouso para
que ninguém caia no mesmo tipo de desobediência.
O nosso texto continua
a tratar o tema da fidelidade. Enquanto dura o «hoje», há que não deixar
endurecer o coração, afastando-se de Deus pela incredulidade. Este afastamento
era uma tentação permanente, não só para os cristãos que tinham vindo do judaísmo,
mas para todos os que tinham recebido a revelação final e a luz em Cristo e
através de Cristo. Voltar à incredulidade equivalia a quebrar relações com
Deus, a pecar contra a luz (cf. 6, 4-6), a recusar percorrer o único caminho
que pode levar à luz e à vida, ao «repouso» de Deus (v. 5). A promessa feita a
Israel continua válida para os crentes em Cristo, mas a «boa nova» anunciada
por Deus deve ser acolhida na fé. Este acolhimento é uma opção dinâmica que
exige compromisso perseverante, a nível pessoal, uma vez que a fé na Palavra é
sempre inovada e traduzida na vivência pessoal (v. 3), mas também a nível
eclesial, porque é na comunidade dos crentes que a Palavra é transmitida. Se
assim for, o povo de Deus pode caminhar na unidade rumo à meta indicada pelo
Senhor.
Evangelho: Marcos 2,
1-12
Dias depois, tendo
Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se dizer que estava em casa. 2Juntou-se tanta
gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra.
3Vieram, então, trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4Como
não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio
onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o
paralítico. 5Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os
teus pecados estão perdoados.» 6Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei
que discorriam em seus corações: 7«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode
perdoar pecados senão Deus?» 8Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles
assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações?
9Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou
dizer: ‘Levanta-te, pega no teu catre e anda’? 10Pois bem, para que saibais que
o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, 11Eu te ordeno –
disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12Ele
levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos
se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»
A «palavra», em Jesus,
consiste em «falar» e em «fazer». As curas que realiza são «palavra». Marcos,
depois de nos dizer que Jesus «anunciava a palavra» (v. 2), oferece-nos um
exemplo concreto da sua «palavra actuante».
Quatro homens conduzem a Jesus um paralítico. Esta iniciativa contrasta com o imobilismo dos escribas «sentados», a tentarem surpreender Jesus em alguma palavra ou gesto contra a Lei. O foco da narrativa que ouvimos está nas palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados…». O milagre confirma a palavra de Jesus, o seu poder de reconciliação dos homens com Deus. A atenção é deslocada de um mal físico para um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de Jesus.
A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens, em Jesus. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação. Mas, como pode aproximar-se de Jesus quem está amarrado por «laços de morte» (Sl 114, 3)? Só com a ajuda de outros que, salvos pela misericórdia de Deus, se dispõem a ajudar os irmãos.
Quatro homens conduzem a Jesus um paralítico. Esta iniciativa contrasta com o imobilismo dos escribas «sentados», a tentarem surpreender Jesus em alguma palavra ou gesto contra a Lei. O foco da narrativa que ouvimos está nas palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados…». O milagre confirma a palavra de Jesus, o seu poder de reconciliação dos homens com Deus. A atenção é deslocada de um mal físico para um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de Jesus.
A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens, em Jesus. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação. Mas, como pode aproximar-se de Jesus quem está amarrado por «laços de morte» (Sl 114, 3)? Só com a ajuda de outros que, salvos pela misericórdia de Deus, se dispõem a ajudar os irmãos.
Meditatio
A fé é um caminho para
o repouso de Deus. É talvez um caminho difícil. Percorremo-lo no deserto. Mas a
Terra Prometida está diante de nós. Há que enfrentar o cansaço e o sofrimento,
sem desanimar. Espera-nos o Coração de Deus, onde encontrará repouso o nosso
próprio coração.
Mas tudo isto não é só futuro. Os que acreditamos, podemos entrar, desde já, no repouso de Deus (cf. v. 3): «Nessa esperança temos como que uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu», diz ainda o autor da Carta aos Hebreus (6, 19). A «âncora segura» é a fé. Temos a esperança de que havemos de ser recompensados pelos nossos esforços de fidelidade, mas, na fé, vemos, já agora, os dons de Deus. O cristão sabe que, no meio das dificuldades, das preocupações, dos sofrimentos da vida, Deus nos convida a «entrar no seu repouso», a estar com Ele em paz, tranquilos e alegres.
O evangelho mostra-nos a eficácia imediata da fé: «Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados» (v. 5). O Senhor não disse: «serão perdoados», mas «estão perdoados», por causa da fé daqueles homens. A fé alcança o dom de Deus, mesmo que as circunstâncias pareçam contrárias. A fé é posse antecipada das coisas que se esperam.
Também nós, tantas vezes, paralíticos do espírito, inertes aos estímulos da graça ou amarrados por compromissos stressantes, talvez assumidos para encher, pelo activismo, o nosso vazio interior, nos sentimos incapazes de dar um passo em frente. Mas a Palavra de Deus encoraja-nos a permanecer unidos às testemunhas da fé, e a deixar-nos conduzir na obediência. A confiança na comunhão eclesial é já um passo, muito importante, no caminho da fé. Ainda que nos sintamos impotentes, amarrados pelos laços do pecado, a Palavra de Deus mostra-nos como é decisivo de
ixar-nos conduzir a Cristo pela fé dos irmãos. A experiência do perdão vai repor-nos em marcha.
Quando celebramos a Eucaristia, escutamos as palavras: «Felizes os convidados para a ceia do Senhor». A ceia do Senhor, em certo sentido, está no futuro, é o banquete celeste. Mas noutro sentido, em cada eucaristia, já participamos na fé nesse banquete celeste, no amor de Deus, na paz de Deus. Em cada momento e em cada situação do nosso dia, podemos escutar o convite do Senhor: «Entra no meu repouso». E é sempre possível entrar nesse repouso. No episódio dos três jovens lançados à fornalha ardente (Dn 3, 1ss), diz-se que, por entre as chamas, soprava «uma brisa matinal» (Dn 3, 50) e que, no martírio, estavam como que no céu. Por isso, cantavam: «Bendito e louvado sejas, Senhor, Deus dos nossos pais! Que o teu nome seja glorificado pelos séculos!» (Dn 3, 28).
Mas tudo isto não é só futuro. Os que acreditamos, podemos entrar, desde já, no repouso de Deus (cf. v. 3): «Nessa esperança temos como que uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu», diz ainda o autor da Carta aos Hebreus (6, 19). A «âncora segura» é a fé. Temos a esperança de que havemos de ser recompensados pelos nossos esforços de fidelidade, mas, na fé, vemos, já agora, os dons de Deus. O cristão sabe que, no meio das dificuldades, das preocupações, dos sofrimentos da vida, Deus nos convida a «entrar no seu repouso», a estar com Ele em paz, tranquilos e alegres.
O evangelho mostra-nos a eficácia imediata da fé: «Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados» (v. 5). O Senhor não disse: «serão perdoados», mas «estão perdoados», por causa da fé daqueles homens. A fé alcança o dom de Deus, mesmo que as circunstâncias pareçam contrárias. A fé é posse antecipada das coisas que se esperam.
Também nós, tantas vezes, paralíticos do espírito, inertes aos estímulos da graça ou amarrados por compromissos stressantes, talvez assumidos para encher, pelo activismo, o nosso vazio interior, nos sentimos incapazes de dar um passo em frente. Mas a Palavra de Deus encoraja-nos a permanecer unidos às testemunhas da fé, e a deixar-nos conduzir na obediência. A confiança na comunhão eclesial é já um passo, muito importante, no caminho da fé. Ainda que nos sintamos impotentes, amarrados pelos laços do pecado, a Palavra de Deus mostra-nos como é decisivo de
ixar-nos conduzir a Cristo pela fé dos irmãos. A experiência do perdão vai repor-nos em marcha.
Quando celebramos a Eucaristia, escutamos as palavras: «Felizes os convidados para a ceia do Senhor». A ceia do Senhor, em certo sentido, está no futuro, é o banquete celeste. Mas noutro sentido, em cada eucaristia, já participamos na fé nesse banquete celeste, no amor de Deus, na paz de Deus. Em cada momento e em cada situação do nosso dia, podemos escutar o convite do Senhor: «Entra no meu repouso». E é sempre possível entrar nesse repouso. No episódio dos três jovens lançados à fornalha ardente (Dn 3, 1ss), diz-se que, por entre as chamas, soprava «uma brisa matinal» (Dn 3, 50) e que, no martírio, estavam como que no céu. Por isso, cantavam: «Bendito e louvado sejas, Senhor, Deus dos nossos pais! Que o teu nome seja glorificado pelos séculos!» (Dn 3, 28).
Oratio
Senhor Jesus, obrigado
por teres sido solidário com a minha miséria. Obrigado pelo olhar
misericordioso que lançaste sobre mim, paralisado no meu pecado. Obrigado pela
palavra que eu não procurava, mas me quiseste dirigir para me reconduzires à
vida: «Filho, os teus pecados estão perdoados» (v. 5). Obrigado pela liberdade
nova, que desfez as cadeias que mantinham inerte o meu coração e me deu um
impulso antes desconhecido. Obrigado pela alegria da fé que suscitaste em mim.
Obrigado pela solidariedade dos irmãos que me conduziram até junto de Ti.
Ensina-me a ser também solidário com todos os pecadores, para que Te cheguem a
Ti e encontrem a misericórdia, o amor, a vida em abundância e em paz. Amen.
Contemplatio
«Se alguém me ama e
guarda a minha palavra, diz ainda Nosso Senhor, meu Pai amá-lo-á e faremos nele
a nossa morada… Aquele que me ama e que o prova observando os meus mandamentos,
será amado por meu Pai, e eu amá-lo-ei e manifestar-me-ei a ele… E então
compreendereis que estou em meu Pai, e sentireis que estou em vós e vós em
mim». Ó admirável união! «Estareis unidos a mim, diz Nosso Senhor, pela vida da
graça, pelos sentimentos do coração e pelo acordo das vontades… Estarei unido a
vós pela influência das minhas luzes e das minhas direcções, pela consolação da
minha presença sensível e do meu amor». Posso, portanto, viver no Coração de
Jesus e Jesus quer viver no meu coração: «Vós em mim e eu em vós», diz-nos. Ó
divino Coração de Jesus, sede daqui em diante a minha morada. Em vós rezarei
eficazmente, em vós pedirei conselho sem medo de me enganar, em vós
contemplarei o modelo de todas as virtudes. Sei o meio de habitar em vós, é
conformar-me à minha regra e a todas as vossas vontades. Agora, posso dizer com
David: «Como são amáveis os vossos tabernáculos, ó meu Deus!… Um dia de repouso
e de vida sobrenatural na vossa casa, isto é, no vosso Coração, vale mais que
mil anos passados entre os pecadores». (Leão Dehon, OSP 3, p. 452).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra:
«Os que acreditámos, entraremos no descanso» (Heb 4, 3).
«Os que acreditámos, entraremos no descanso» (Heb 4, 3).
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