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Prof.Fernando* domingo, 08 de janeiro de 2017 EPIFANIA
“Não devemos reduzir a
adoração dos Magos a uma bonita cena folclórica ou alegórica
que serve para introduzir um pouco de cores
nos presépios que nós montamos.
O relato de Mateus é uma narrativa
teolótica. O título de Jesus, o “rei dos judeis” que procuram os Magos, esses
que vieram de bem longe das fronteiras do Povo de Deus,
será reencontrado por nós
naquela plaquinha sobre a cruz, num texto escolhido pelo pagão Pôncio Pilatos.
O evangelista João, ao
mencionar esta inscrição em três línguas, revela que a elevação de Jesus sobre
a cruz vai além do povo judeu e está ligada ao mesmo tempo a toda a tradição
profética
que anuncia a salvação para toda a terra.”
(J.Fournier)
Comunicação
·
Hoje
é dia da Comunicação, que poderia ser um nome atual para Epifania = Manifestação,
Revelação, Expressão, Demonstração ou Anúncio públicos. A Epifania é o resumo
das celebrações do Tempo do Natal. A grande Notícia é que Deus veio ao nosso
mundo e se misturou à raça humana, vivendo como humano, nascendo, crescendo e
morrendo como um de nós. Mas não só como qualquer um de nós, e sim como uma
espécie de embaixador do mundo divino trazendo passaportes e vistos para quem
quiser ultrapassar nossas fronteiras, com permissão até de ver Deus face a face
e habitar em seu reino, também chamado de Reino dos Céus.
Relatos de Mateus
·
Mateus
escreve para cristãos de origem judaica e antecipa no relato da infância de
Jesus o título que lhe será dado como motivo de sua condenação no meio de seu
próprio povo e de sua religião.
·
Na
figura dos sábios, estudiosos da verdade e que seguem a Luz da Estrela, Mateus
aponta para os povos pagãos nos quais se cumprem as declarações de Isaías.
Mateus mostra, ao contrário, que a pretensa sabedoria dos doutores em Israel e
o suposto poder de seus governantes são incapazes de interpretar corretamente
as Escrituras e de ir adorar Deus onde ele está, no meio da vida humana e
comum, pobre e despido das glórias deste mundo.
Folias de Reis
·
As
tradições populares, herança de danças e festas de nossos antepassados da
Península Ibérica, expressam, talvez com mais pureza, esta mensagem da Epifania.
As Folias de Reis e Reisados cantam e dançam o nascimento de
um Menino e a vinda dos Magos do Oriente. Os pagãos, assim como os pobres,
podem identificar a presença do Messias longe porque estão livres daquele
orgulho de Herodes e dos Príncipes dos Sacerdotes e Escribas (cf. Mateus cap.2).
Estes, que se julgavam mais próximos do Deus de Israel e se sua sagrada
Palavra, escolheram ser perseguidores de inocentes ( Herodes mandou
massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para
baixo, cf. Mateus 2,16) e fechados para a Luz (Raça
de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? cf. Mateus 3,7).
Crentes e não crentes
·
Confesso
que estou um pouco cansado de ver na televisão tantos pregadores que sabem tudo
sobre a Bíblia, longe da maioria da população (a não ser nas promessas de
solução de problemas num país de Saúde e Educação abandonadas). Fico
impressionado com tantas certezas, enquanto predominam na cultura atual dúvidas
e um futuro incerto.
·
Será que teremos
neste mundo de crenças e descrenças, a mesma Fé que procura a Estrela, como os
magos? Teremos a paciência de continuar tateando,
às apalpadelas no escuro? como lembrava Paulo aos atenienses (cf. At 17,24): Deus assim procedeu para que a humanidade o buscasse
e provavelmente, como que tateando, o pudesse encontrar, ainda que, de fato,
não esteja distante de cada um de nós.
·
Procuramos,
como os Reis Magos? Ou somos Herodes, doutores em Bíblia (que acham que já
acharam), mas nunca encontram Deus no meio da vida ?
ooooooooooo
( * ) Prof. Teologia 1975a2012 – fesomor@gmail.com
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