20 DE JUNHO - Segunda - Evangelho - Mt 7,1-5
Bom dia!
Um parêntese…
Costumo dizer que esse evangelho talvez nem mais exista em algumas
bíblias (ironia) por ver que na realidade pouco o cumprimos na prática.
Por vezes já ouvi sendo usado para justificar nossa própria
inércia. “Como posso ajudar alguém se tenho tantos problemas por resolver”?
Outras ele saiu da nossa boca para evitar uma correção… Quem nunca ouviu ou
disse: “quem é você para me julgar”?
Um fato (ou seria uma justificativa?): “cego não pode guiar outro
cego”! Mas quem foi que disse que somos por completos sem visão? Será que somos
tão pobres que não podemos doar algo e tão atarefados que não pudemos ceder
algum tempo que “sobra” para os outros? Éh!! Parece que o argumento caiu!
Em certo momento, num outro Evangelho, Jesus disse que déssemos a
Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Nesse trecho, tão conciso de
sua mensagem, ele talvez nos tenha feito uma proposta: Trocar o tempo gasto com
as críticas maldosas, julgamentos e inveja com coisas que de fato vão edificar.
Jesus propõe a troca do JULGAMENTO pelo ACOLHER.
“(…) Pedimo-vos, porém, irmãos, corrigi os desordeiros,
encorajai os tímidos, amparai os fracos e tende paciência para com todos. Vede
que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem
entre vós e para com todos”. (I Tessalonicenses 5, 14-15)
No mundo que vivemos e vivenciamos temos que CONCORDAR e aceitar
que as teorias de Charles Darwin estão corretas, ou seja, que ele (o mundo)
valoriza muito a visão que o ser mais adaptado irá prosperar e sobreviver. Um
mundo onde é quase natural e “ético” puxar o tapete, difamar, caluniar,
ofender, (…), um mundo que vale de tudo para se conseguir o que se deseja. É
triste dizer isso, mas é onde vivemos e provocado por nós.
Esse mundo que criamos nos ensina a fechar os olhos ao idoso no
ônibus para não ceder o lugar QUE É RESERVADO PARA ELE; é esse mesmo pensamento
que nos ensina a ver (ou seria omitir) os nossos defeitos e observar os dos
outros com uma lupa; que nos acostumou a ver uma porção de gente desonesta
pedindo novamente nosso voto e passar quatro anos sem nos ouvir (hunf!).
Mas não é esse mundo que Jesus nos convida a reconstruir…
“(…) Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em
Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima”. (I Corintios 15,
19)
Somos chamados a sermos diferentes e não iguais a esse modelo.
Nosso chamado é para o irmão. As críticas devem fazer parte da avaliação do
nosso amadurecer, mas os julgamentos nocivos devem ser descartados. O sujo
falando do mal lavado é sinônimo de hipocrisia!
Certa vez contei esse caso…
“(…) Indo para academia a noite vi um senhor voltando do trabalho.
Parecia ser um pedreiro, pois carregava num carrinho de mão suas ferramentas. O
cansaço estava claro em suas feições. Penso que passará um dia inteiro ao sol e
a seu lado, andava um cachorro vira-lata.
Parece loucura, mas imaginei a vida daquele cachorro. Seguiu seu
dono durante todo o dia e talvez tenha dividido com ele alguma comida. O
cachorro parecia ainda muito disposto, pois fuçava tudo que via, mas não perdia
de vista aquele que era seu dono.
Em um determinado momento o cachorro ficou para trás distraído com
um saco de lixo, o homem parou, assoviou e o cachorro deixou o que estava
fazendo e voltou para o caminho”.
Por vezes somos como aquele cachorro e em outros momentos aquele
homem cansado. Enquanto temos força devemos sempre estar atentos para aqueles
que nos cercam o dia inteiro não se distraiam com algum lixo que encontre pela
rua (erros, drogas, desvios,…).
Preste bem atenção: O homem não julgou a distração do cachorro
apenas o chamou de volta para o caminho. Assoviar é chamar atenção e não fingir
que não vê e justificar o cansaço para não ter feito!.
“(…) O poder do Espírito e da Palavra contagia as pessoas e as leva
a escutar a Jesus Cristo, a crer n’Ele como seu Salvador, a reconhecê-lo como
quem dá o pleno significado a suas vidas e a seguir seus passos. O anúncio se
fundamenta no fato da presença de Cristo Ressuscitado hoje na Igreja, e é fator
imprescindível no processo de formação de discípulos e missionários. Ao mesmo
tempo, a formação é permanente e dinâmica, de acordo com o desenvolvimento das
pessoas e como serviço que são chamadas a prestar, em meios às exigências da
história”. (Documento de Aparecida §296)
Em comunidade passamos boa parte do dia “partilhando da mesma
comida”, mas é na hora do cansaço que vemos que é de fato cristão, ou seja,
mesmo querendo entregar os pontos, decidir continuar caminhando e se
importando.
Não pensei que essa cena tão singela nos proporcionasse tamanha
reflexão.
Um imenso abraço fraterno!
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