Domingo, 19 de Junho
de 2016
Tema: 12º Domingo do Tempo Comum
Zacarias 12,10-11;13,1: Contemplarão aquele a quem
transpassaram.
Salmo 62(63): A minh?alma tem sede de vós, como a
terra sedenta, ó meu Deus!
Gálatas 3,26-29: Vós todos que foste batizados em
Cristo vos revestistes de Cristo.
Lucas 9,18-24: Tu és o cristo de Deus. O Filho do
Homem deve sofrer muito.
18Num dia em que ele estava a orar a sós com os
discípulos, perguntou-lhes: Quem dizem que eu sou?19Responderam-lhe: Uns dizem
que és João Batista; outros, Elias; outros pensam que ressuscitou algum dos
antigos profetas.20Perguntou-lhes, então: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro
respondeu: O Cristo de Deus.21Ordenou-lhes energicamente que não o dissessem a
ninguém.22Ele acrescentou: É necessário que o Filho do Homem padeça muitas
coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro
dia.23Em seguida, dirigiu-se a todos: Se alguém quer vir após mim, renegue-se a
si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.24Porque, quem quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á.
Comentário
A primeira leitura faz referência aos
tempos messiânicos. “Derramarei sobre a casa de Davi um espírito de graça e de
oração. E olharão para aquele que transpassaram” e chorarão como quem chora um
primogênito. O “transpassado” lembra o Servo de Javé, figura de Cristo em sua
Paixão. João conclui a crucifixão de Jesus dizendo: “Para que se cumpram as
Escrituras: olharão para aquele que transpassaram”. Deus concede a conversão do
coração por meio de uma vítima que é Cristo, o Servo padecente, seu corpo
transpassado será visto com a visão salvadora da fé.
Na segunda leitura de hoje, aparece o
tema da lei mosáica como desnecessária ou abolida depois da vinda de Cristo,
pois a fé nele é o que nos justifica diante de Deus. É o problema básico da
carta aos Gálatas, na qual Paulo responde ao judeus cristãos que não conseguiam
desprender-se das formas judaizantes e que viam com receio a doutrina e a
práxis dos apóstolo.
Por isso, depois de afirmar a função
transitória e pedagógica da Lei, Paulo fala da passagem à realização atual das
promessas na vinda de Crsito e na fé do evangelho. Cristo é o acontecimento
decisivo da história de salvação; pela fé nele e pelo batismo somos
constituídos todos em filhos de Deus, somos justificados. Ao dizer todos, Paulo
acentua que não somente os judeus, mas também as demais raças e povos.
Quanto ao evangelho, é composto de três
partes: 1. A confissão messiânica de Pedro (vv. 18-21); 2. O primeiro anúncio
da Paixão (v. 22); Lucas omitiu a repreensão de Jesus a Pedro, quando este,
ante o anúncio da Paixão, se opõe; 3. As condições para o seguimento de Jesus
Cristo (vv. 23-24).
Lucas é o único que nota
significativamente a oração de Jesus que precede a confissão de messianidade e
o anúncio da Paixão (v. 18). visto que a figura do Messias na mente dos
apóstolos estava carregada de triunfalismos terrenos, Jesus os educa nesse
grande mistério do Reino: sua própria Paixão e Morte (v. 22). Segue finalmente
uma passagem que lembra o discurso apostólico de Mateus 10: condições para o
seguimento: abnegação, disponibilidade abosoluta e sofrimento afetivo (vv.
23-24). Se queremos seguir Jesus temos que aceitar suas condições e entendê-las
como ele as entende. Negar-se a si mesmo é não ser o centro de tudo, nem de seu
próprio projeto (não é um negar-se por negar-se, no plano de um masoquismo que
valoriza a auto-sofrimento). É colocar a vida inteira a serviço do outro, neste
caso o projeto de Jesus. A isto Jesus chama perder a vida por ele. E quem quer
que o faça assim, "ganhará", quer dizer, salvará sua vida. A condição
proposta por Jesus para o seguimento não pretende tirar o valor, mas orientar
nossas energias e valores para a construção do Reino que ele iniciou
negando-se, também ele a si mesmo para cumprir em tudo a vontade do Pai.
Em que consiste a metáfora
"carregar a cruz"? É acaso suportar tudo sem reclamar como se toda
contrariedade fosse mandada pelo próprio Deus? É submeter-se à dor pela dor,
como se a dor fosse um valor em si mesmo? Alguma coisa ou muito disso nós
recebemos por herança, mas não tem nada a ver com a condição proposta por Jesus
para o seguimento de seus passos. Jesus quer dizer que todos os discípulos têm
que estar dispostos a viver da mesma maneira que ele viveu, mesmo sabendo que
este estilo de vida vai acarretar a perseguição e até a morte. Esta é a cruz de
Jesus e também deve ser a nossa. Não inventemos cruzes à nossa medida, não as
busquemos nem nos preocupemos demasiado por elas. Sigamos os passos de Jesus e
outros as colocarão em nossos ombros, antes mesmo que o pensemos. Como bem
caracteriza aquela expressão: “Busca a verdade, que a cruz você já a receberá”.
Negar-se a si mesmo e carregar a cruz
equivale a tornar seu, de cada um de nós, o caminho de Jesus. Ele se recusou a
tomar o poder e a força e a fama como meios para servir e salvar os homens. Jesus
escolheu o único caminho que conduz o coração do homem: a solidariedade para
com todos os desgraçados da terra. Este foi o caminho de Jesus e este tem que
ser o nosso caminho, se queremos estar com ele, segui-lo. Tentar seguir Jesus a
partir da acomodação, da falta de compromisso, do pacto com os poderosos, ainda
que possa parecer muito razoável, é um caminho falso. É “pensar como os homens
e não como Deus”.
Oração
Ó Deus, Pai misericordioso, que quiseste
preparar os caminhos de teu Filho com o envio de João Batista como seu
“precursor”, faze de nós todos precursores de teu Filho, para que aplainemos os
caminhos e eliminemos os obstáculos ao crescimentio do Amor e da Unidade. Por
nosso Senhor Jesus Cristo…
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