23
de Abril de 2016 - Sábado - Evangelho - Jo 14,7-14
Quem
me viu, viu o Pai.
Este
Evangelho narra um pedido do Apóstolo Filipe a Jesus: “Senhor, mostra-nos o
Pai, isso nos basta! Jesus respondeu: Há tanto tempo estou convosco, e não me
conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai”. “Jesus é a imagem de Deus invisível”
(Cl 1,15). Ele é imagem de Deus Pai porque tem as mesmas características e
qualidades de Deus Pai: amor, misericórdia, poder, sabedoria, ciência infinita
etc. Jesus é o rosto humano de Deus Pai. Aliás, nós sabemos que Jesus é a
Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se encarnou.
“Quem
me viu, viu o Pai.” Mas este “ver” não é físico. Os fariseus viam fisicamente a
Jesus e no entanto não conheciam a Deus Pai. Contemplavam os milagres que Jesus
realizava, a sua conduta transbordante de bem, a sua doutrina espalhando a
verdade e no entanto não viam nele a imagem de Deus invisível. Isso porque não
é possível “ver” Jesus na sua identidade divina, a não ser com os olhos do
coração. Várias vezes Jesus pediu para contemplarmos as suas obras a fim de
vermos nelas a sua união com o Pai e assim nos salvarmos: “Acreditai-me: eu
estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas
obras”.
“Muitas
vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas.
Nestes dias..., falou-nos por meio do Filho... Ele é o resplendor da glória do
Pai, a expressão do seu ser” (Hb 1,1-3).
O
evangelista S. João, no início do seu Evangelho, chama Jesus de Palavra de Deus
Pai, justamente porque a palavra, que é sensível, expressa a idéia que não é
sensível. Jesus é a expressão de Deus Pai para nós.
“Eu
estou no Pai e o Pai está em mim... Quem acredita em mim fará as obras que eu
faço, e fará ainda maiores do que estas.” Jesus nos faz entender que ele
pertence à Família divina, e que esta Família não está longe de nós, e sim
conosco, através de Cristo. Nós entramos, de modo misterioso, na vida das
Pessoas Divinas.
“O
primeiro homem, formado da terra, era terrestre; o segundo homem veio do céu.
Qual foi o homem terrestre, tais são os terrestres; e qual é o homem celeste,
tais serão os celestes. E como já trouxemos a imagem do terrestre, traremos
também a imagem do celeste” (1Cor 15,47-49). Assim como Cristo é a imagem de
Deus Pai, nós somos chamados a ser imagens de Cristo. S. Paulo conseguiu
realizar plenamente nele essa vocação que é de todos nós: ser uma imagem de
Cristo no mundo. “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl
2,20).
Certa
vez, um monge e um noviço caminhavam em uma estrada no meio do mato. Quando
atravessavam um rio, por uma pinguela, viram um escorpião sendo arrastado pelas
águas. O monge correu pela margem do rio, jogou-se na água e estendeu o dedo
para o bichinho. Quando o trazia para fora, o escorpião o picou. Devido à dor,
o monge sacudiu o dedo e o animalzinho caiu novamente no rio. Ele foi depressa
à margem, quebrou um ramo, correu mais embaixo e o salvou.
Continuando
a caminhada, o noviço lhe disse: “Por que o senhor quis salvar o bicho
novamente, se ele o picou?” O monge respondeu: “Cada um dá o que tem. Ele agiu
conforme a sua natureza, e eu agi conforme a minha!”
De
fato, na primeira vez, o monge não devia ter estendido o seu dedo para o
escorpião, e sim ter providenciado uma pequena vara.
A
nossa natureza não é só humana, mas temos uma “janela aberta ao infinito”,
participamos da natureza divina. Só nos realizamos plenamente no amor, na
doação, na união com Deus e pertença à Igreja que Jesus fundou.
Peçamos
a Maria Santíssima que nos ajude a reproduzir em nós a imagem de Cristo, porque
assim seremos realmente participantes da natureza divina.
Quem
me viu, viu o Pai.
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