01/05/2016
02/05/2016
6ª Semana – Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Actos 16, 11-15
Naqueles dias, embarcámos em Tróade e fomos
directamente a Samotrácia; no dia seguinte, fomos a Neápoles 12e de lá, a
Filipos, cidade de primeira categoria deste distrito da Macedónia, e colónia.
Estivemos aí durante alguns dias. 13No dia de sábado, saímos fora de portas, em
direcção à margem do rio, onde era costume haver oração. Depois de nos
sentarmos, começámos a falar às mulheres que lá se encontravam reunidas. 14Uma
das mulheres chamada Lídia, negociante de púrpura, da cidade de Tiatira e
temente a Deus, pôs-se a escutar. O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao
que Paulo dizia. 15Depois de ter sido baptizada, bem como os de sua casa, fez
este pedido: «Se me considerais fiel ao Senhor, vinde ficar a minha casa.» E obrigou-nos
a isso.
Deus conduziu Paulo e seus companheiros para um
novo campo de acção, a Macedónia, já na Europa. Em Filipos, os missionários
sentem-se como estranhos. A cidade tinha um acentuado carácter romano, pois se
tornara colónia do Império desde o ano 42 aC. Com o grego, também se falava o
latim. A administração civil ajustava-se ao padrão romano, e não ao grego. Os
judeus eram muito poucos, como denota o facto de não haver sinagoga e o costume
de se reunirem, no dia de sábado, junto ao rio. Paulo parece encontrar lá
apenas mulheres. Entre elas, destaca-se Lídia, uma rica comerciante de púrpura,
que parece ter aderido ao judaísmo, pelo menos como ouvinte. Para Lucas, ela é
o paralelo feminino de Cornélio, é «uma crente em Deus».
Ao contrário do que acontecera em Antioquia da Pisídia, onde algumas mulheres tinham tomado parte na revolta contras os missionários, Lídia acolhe-os na sua casa, provavelmente espaçosa, pois «o Senhor lhe abriu o coração para aderir ao que Paulo dizia» (v. 14). É sempre o Senhor que acompanha os seus missionários e torna eficaz a sua palavra.
Ao contrário do que acontecera em Antioquia da Pisídia, onde algumas mulheres tinham tomado parte na revolta contras os missionários, Lídia acolhe-os na sua casa, provavelmente espaçosa, pois «o Senhor lhe abriu o coração para aderir ao que Paulo dizia» (v. 14). É sempre o Senhor que acompanha os seus missionários e torna eficaz a sua palavra.
Evangelho: João 15, 26 - 16, 4a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
26Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu
vos hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor. 27E vós
também haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio.»
1«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes. 2Sereis expulsos
das sinagogas; há-de chegar mesmo a hora em que quem vos matar julgará que
presta um serviço a Deus! 3E farão isto por não terem conhecido o Pai nem a
mim. 4Deixo-vos ditas estas coisas, para que, quando chegar a hora, vos
lembreis de que Eu vo-las tinha dito.
A perseguição é praticamente a primeira
experiência da Igreja. Os discípulos de Jesus foram perseguidos, primeiro pelos
judeus e, depois, também pelos pagãos. Jesus tinha-os advertido para essas
situações. O mundo opôs-se a Cristo, e irá opor-se também aos cristãos, porque
não são do mundo, porque são de Cristo. Além disso, o servo não é mais do que o
seu senhor. O ódio do mundo e a perseguição dos
discípulos são considerados inevitáveis. Até se julgam fazerem parte daquela intensificação do mal, que preludia o juízo.
Jesus viveu entre a animosidade e a perseguição. Que podem esperar os seus discípulos, chamados a anunciar a mensagem que O levou à morte? É verdade que nem todos recusaram Jesus e a sua palavra. Alguns amaram-no por causa do testemunho de João Batista, e por causa do testemunho que o próprio Jesus deu de Si mesmo. Por isso, é preciso continuar a testemunhar o Senhor, para que aumente o número dos que O amam. Nessa tarefa, os discípulos são ajudados pelo testemunho do Espírito de verdade que Jesus enviará do Pai. E a poderosa acção do Espírito irá manifestar-se exactamente nas perseguições. Há que não esquecê-lo, quando chegar a hora.
discípulos são considerados inevitáveis. Até se julgam fazerem parte daquela intensificação do mal, que preludia o juízo.
Jesus viveu entre a animosidade e a perseguição. Que podem esperar os seus discípulos, chamados a anunciar a mensagem que O levou à morte? É verdade que nem todos recusaram Jesus e a sua palavra. Alguns amaram-no por causa do testemunho de João Batista, e por causa do testemunho que o próprio Jesus deu de Si mesmo. Por isso, é preciso continuar a testemunhar o Senhor, para que aumente o número dos que O amam. Nessa tarefa, os discípulos são ajudados pelo testemunho do Espírito de verdade que Jesus enviará do Pai. E a poderosa acção do Espírito irá manifestar-se exactamente nas perseguições. Há que não esquecê-lo, quando chegar a hora.
Meditatio
Paulo, depois da visão do macedónio que lhe
suplicava: «Vem ajudar-nos!» (Act 16, 9), embarca em Tróade e vai para
Neápoles, cidade próxima de Filipos, na Macedónia. As primeiras pessoas que
escutam a palavra de Deus são mulheres. Entre elas destaca-se «Lídia,
negociante de púrpura, e temente a Deus» (v. 14). Esta mulher, não só aderiu às
palavras de Paulo e dos seus companheiros, mas, uma vez baptizada, recebeu-os
em sua casa.
A primeira criatura humana a acolher a Palavra foi Maria. Quando a Palavra chegou à Europa, foi também uma mulher, Lídia, que, por primeira, a acolheu, com outras mulheres. Isto é bonito e dá alegria, principalmente às próprias mulheres.
A vida cristã é tempo de tentação e tempo de testemunho, tempo de luta e tempo de colaboração com o Espírito no testemunho de Cristo Ressuscitado. Como Cristo foi incompreendido, também os seus discípulos o são. Como Cristo foi perseguido e morto, também os cristãos estão sujeitos a sê-lo. O texto evangélico que escutamos hoje dá-nos uma perspectiva «heróica» da vida cristã. O cristão é chamado a dar testemunho em sentido pleno. É chamado a ser «mártir». A realidade de Cristo é tão decisiva para a humanidade e, ao mesmo tempo, tão estranha ao modo comum de pensar, que todo aquele que alinha por Cristo é quase inevitavelmente marginalizado e, por vezes, chega a ser eliminado. A história dos mártires mostra claramente essa realidade.
Também hoje, os discípulos de Cristo, particularmente os missionários, sofrem, não só pelas dificuldades normais da vida e do apostolado, mas também pela incompreensão e pela hostilidade do mundo, em nome do progresso, da emancipação e da modernização, da libertação de tabus, dos direitos humanos, etc., etc.
Já o Pe. Dehon recordava, no seu Diário, os seus muitos missionários que sacrificaram a vida: «Alguns morreram generosamente na missão, no Congo, no Brasil» (Diário XLV, 41: Fevereiro de 1925.). E, em Março de 1912, escreve nas Memórias: «Os nossos mortos do Congo, do Brasil, do Equador! No Congo 17 deram a vida pela conversão dos negros. Um santo cardeal dizia-me que só pelo simples facto de irem lá para baixo, expondo-se ao perigo de uma morte iminente, merecer-lhe-ia a palma do martírio» (LC n. 381).
Se todo o nosso apostolado deve ser «uma oblação agradável a Deus» (Cst.
31), deve sê-lo, de modo muito particular, o apostolado missionário. Se o convite do n. 22 das Constituições: «oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável», vale para todos os religiosos do Pe. Dehon, deve realizar-se, de modo particular, naqueles que se consagram ao apostolado missionário.
Oratio
A primeira criatura humana a acolher a Palavra foi Maria. Quando a Palavra chegou à Europa, foi também uma mulher, Lídia, que, por primeira, a acolheu, com outras mulheres. Isto é bonito e dá alegria, principalmente às próprias mulheres.
A vida cristã é tempo de tentação e tempo de testemunho, tempo de luta e tempo de colaboração com o Espírito no testemunho de Cristo Ressuscitado. Como Cristo foi incompreendido, também os seus discípulos o são. Como Cristo foi perseguido e morto, também os cristãos estão sujeitos a sê-lo. O texto evangélico que escutamos hoje dá-nos uma perspectiva «heróica» da vida cristã. O cristão é chamado a dar testemunho em sentido pleno. É chamado a ser «mártir». A realidade de Cristo é tão decisiva para a humanidade e, ao mesmo tempo, tão estranha ao modo comum de pensar, que todo aquele que alinha por Cristo é quase inevitavelmente marginalizado e, por vezes, chega a ser eliminado. A história dos mártires mostra claramente essa realidade.
Também hoje, os discípulos de Cristo, particularmente os missionários, sofrem, não só pelas dificuldades normais da vida e do apostolado, mas também pela incompreensão e pela hostilidade do mundo, em nome do progresso, da emancipação e da modernização, da libertação de tabus, dos direitos humanos, etc., etc.
Já o Pe. Dehon recordava, no seu Diário, os seus muitos missionários que sacrificaram a vida: «Alguns morreram generosamente na missão, no Congo, no Brasil» (Diário XLV, 41: Fevereiro de 1925.). E, em Março de 1912, escreve nas Memórias: «Os nossos mortos do Congo, do Brasil, do Equador! No Congo 17 deram a vida pela conversão dos negros. Um santo cardeal dizia-me que só pelo simples facto de irem lá para baixo, expondo-se ao perigo de uma morte iminente, merecer-lhe-ia a palma do martírio» (LC n. 381).
Se todo o nosso apostolado deve ser «uma oblação agradável a Deus» (Cst.
31), deve sê-lo, de modo muito particular, o apostolado missionário. Se o convite do n. 22 das Constituições: «oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável», vale para todos os religiosos do Pe. Dehon, deve realizar-se, de modo particular, naqueles que se consagram ao apostolado missionário.
Oratio
Senhor, quero hoje, mais uma vez rezar-te com o
teu servo Leão Dehon: Dá- me, a força de que preciso. Toca o meu coração pelo
teu amor, a fim de que esteja preparado para ultrapassar todas as dificuldades
e todas as provações. Sei que nada custa àquele que ama. Para me fortalecer,
procurarei o teu amor e recordar-me-ei constantemente das bondades do teu
divino Coração. Amen. (OSP 3, p. 447).
Contemplatio
O Espírito Santo recordar-nos-á o exemplo de
Nosso Senhor o qual nos sustentará.
Nosso Senhor escolheu-nos como seus apóstolos, para espalharmos o seu amor, para trabalharmos no reino do seu Coração. Atacaremos a corrupção do mundo, o mundo corrompido levantar-se-á contra nós. Mas, se o mundo nos odeia, sabemos que primeiro odiou Nosso Senhor. O servo não é maior que o seu senhor.
Se perseguiram Nosso Senhor, também nos hão-de perseguir. Como ele, havemos de suportar com paciência as perseguições. As provações hão-de servir para o nosso avanço na virtude, para a nossa santificação.
As promessas de Nosso Senhor suster-nos-ão também. Sabemos que o socorro nos virá em tempo conveniente e que seremos recompensados por tudo o que tivermos sofrido.
Nosso Senhor preveniu-nos para que não nos escandalizemos, e para que as provas não nos desencorajem nem nos abatam. O Espírito Santo fortificar-nos-á, iluminar-nos-á. Convencerá o mundo do pecado. Propagando a verdade e a virtude pelos ministros do Evangelho, manifestará a iniquidade do mundo e a justiça cristã.
Confessaremos a sua doutrina, seguiremos os seus ensinamentos, imitaremos os seus exemplos. Confessá-lo-emos com o coração, com a boca e com a acção. Dirigiremos os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos projectos para tudo o que possa contribuir para a glória de Deus e para a salvação das almas. Regularemos as nossas palavras segundo a sua lei, evitando tudo o que fira a caridade, a verdade, a humildade. Agiremos como ele fazendo unicamente a vontade do Pai.
Tenhamos coragem na acção e no sofrimento. As tentações virão e as quedas também. O demónio e o mundo não repousam. A vida tem as suas provas inevitáveis. O Espírito Santo fortificar-nos-á para a luta e para a paciência. Dar-nos-á a força da lei, a da esperança e sobretudo a do amor. Recordar-nos-á a necessidade da expiação, a brevidade da vida, a recompensa do céu; mas acima de tudo unir-nos-á a Nosso Senhor pela caridade. Amando-o, conformar-nos-emos aos seus sentimentos. Sofreremos de boamente com ele e por ele. Nada custa àquele que ama.
Tenhamos coragem. A vida de amor exclui a tristeza. Vivamos no fervor e no puro amor. O Espírito de amor nos sustentará, se soubermos ir buscá-lo ao Coração de Jesus (Leão Dehon, OSP 3, p. 446s.).
Nosso Senhor escolheu-nos como seus apóstolos, para espalharmos o seu amor, para trabalharmos no reino do seu Coração. Atacaremos a corrupção do mundo, o mundo corrompido levantar-se-á contra nós. Mas, se o mundo nos odeia, sabemos que primeiro odiou Nosso Senhor. O servo não é maior que o seu senhor.
Se perseguiram Nosso Senhor, também nos hão-de perseguir. Como ele, havemos de suportar com paciência as perseguições. As provações hão-de servir para o nosso avanço na virtude, para a nossa santificação.
As promessas de Nosso Senhor suster-nos-ão também. Sabemos que o socorro nos virá em tempo conveniente e que seremos recompensados por tudo o que tivermos sofrido.
Nosso Senhor preveniu-nos para que não nos escandalizemos, e para que as provas não nos desencorajem nem nos abatam. O Espírito Santo fortificar-nos-á, iluminar-nos-á. Convencerá o mundo do pecado. Propagando a verdade e a virtude pelos ministros do Evangelho, manifestará a iniquidade do mundo e a justiça cristã.
Confessaremos a sua doutrina, seguiremos os seus ensinamentos, imitaremos os seus exemplos. Confessá-lo-emos com o coração, com a boca e com a acção. Dirigiremos os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos projectos para tudo o que possa contribuir para a glória de Deus e para a salvação das almas. Regularemos as nossas palavras segundo a sua lei, evitando tudo o que fira a caridade, a verdade, a humildade. Agiremos como ele fazendo unicamente a vontade do Pai.
Tenhamos coragem na acção e no sofrimento. As tentações virão e as quedas também. O demónio e o mundo não repousam. A vida tem as suas provas inevitáveis. O Espírito Santo fortificar-nos-á para a luta e para a paciência. Dar-nos-á a força da lei, a da esperança e sobretudo a do amor. Recordar-nos-á a necessidade da expiação, a brevidade da vida, a recompensa do céu; mas acima de tudo unir-nos-á a Nosso Senhor pela caridade. Amando-o, conformar-nos-emos aos seus sentimentos. Sofreremos de boamente com ele e por ele. Nada custa àquele que ama.
Tenhamos coragem. A vida de amor exclui a tristeza. Vivamos no fervor e no puro amor. O Espírito de amor nos sustentará, se soubermos ir buscá-lo ao Coração de Jesus (Leão Dehon, OSP 3, p. 446s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes» (Jo 16, 1).
«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes» (Jo 16, 1).
01/05/2016
06º Domingo do
Tempo Pascal - Ano C
TEMA
Na liturgia deste
domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a
caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos;
Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos
como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua
assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a
Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios
dos novos
tempos. Animados pelo Espírito, os crentes
aprendem a discernir o essencial do acessório e
actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora
de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma
vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade
nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.
LEITURA I
– Actos 15,1-2.22-29
Naqueles dias,
alguns homens que
desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia:
«Se não
receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés,
não podereis
salvar-vos».
Isto provocou
muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles.
Então decidiram
que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém
para tratarem
dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de
acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos
e mandá-los a
Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás,
e Silas, homens
de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta:
«Os Apóstolos e
os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã
residentes em
Antioquia, na Síria e na Cilícia.
Tendo sabido que,
sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar,
perturbando as
vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo,
escolher delegados
para vo-los enviarmos
juntamente com os
nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida
pelo nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas,
que vos
transmitirão de viva voz as nossas decisões.
O Espírito Santo
e nós
decidimos não vos
impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis:
abster-se da
carne imolada aos ídolos,
do sangue, das
carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso.
Adeus».
AMBIENTE
A entrada maciça
de crentes gentios na comunidade cristã (sobretudo após a primeira viagem
missionária de Paulo e Barnabé) vai trazer a lume uma questão
essencial: deve impor-se aos crentes de origem pagã a prática da Lei de
Moisés? Não se trata, aqui, de um problema acidental ou secundário, de uma
medida disciplinar ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental como saber
se a salvação vem através da circuncisão e da observância da “Torah” judaica,
ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma: Jesus Cristo é o
único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além d’Ele para chegar a
Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?
A comunidade
cristã de Antioquia (onde o problema se põe com especial acuidade) não tem a
certeza sobre o caminho a seguir. Paulo e Barnabé acham que Cristo basta; mas
os “judaizantes” – cristãos de origem
judaica, que conservam as práticas tradicionais
do judaísmo – defendem que os ritos prescritos pela “Torah” também são
necessários para a salvação. Decide-se, então, enviar uma delegação a
Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos e os anciãos acerca da questão.
Estamos por volta do ano 49.
MENSAGEM
Este texto
começa por pôr a questão e por
apresentar os passos dados para a solucionar:
Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) são
enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos e os anciãos (vers. 1-2). A
questão é de tal importância que se organiza a reunião dos dirigentes e
animadores das comunidades, conhecida como “concílio apostólico” ou “concílio
de Jerusalém”. Essa assembleia vai, pois, discutir o que é essencial na
proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e
o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade
fundamental da fé cristã).
O texto que nos é
proposto hoje interrompe aqui a descrição dos acontecimentos. No entanto,
sabemos (pela descrição dos “Actos”) que nessa “assembleia eclesial” vão
enfrentar-se várias opiniões. Pedro reconhece a
igualdade fundamental de todos – judeus e pagãos – diante da
proposta de salvação, que a Lei é um jugo que não deve ser imposto
aos pagãos e que é “pela graça do
Senhor Jesus” que se chega à salvação (cf.
Act 15,7-12); mas Tiago (representante da ala “judaizante), sem se opor à
perspectiva de Pedro, procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe
que sejam mantidas algumas tradições particularmente caras aos judeus (cf. Act
15,13-21). Na realidade, há acordo quanto ao essencial. Embora o texto de Lucas
não seja totalmente explícito, percebe-se a decisão final: não se pode impor
aos gentios a lei judaica; só Cristo basta. Assim dá-se luz verde à missão
entre os pagãos. É a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo
cortou o cordão umbilical com o judaísmo e pode, agora, ser uma proposta
universal de salvação, aberta a todos os homens, de todas as raças e culturas.
O nosso
texto retoma a questão neste ponto.
Nos vers. 22-29 da leitura de hoje apresenta-se
o “comunicado final” da “assembleia de Jerusalém”: a práxis judaica não pode
ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No entanto, pede-se a
abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes para os judeus.
É de destacar,
ainda, a referência ao Espírito Santo do vers. 28: a decisão é tomada por
homens, mas assistidos pelo Espírito.
Manifesta-se, assim, a consciência da presença do
Espírito, que conduz e que assiste
a Igreja na sua caminhada pela história.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, para
a reflexão, as seguintes linhas:
♦ A questão
de cumprir ou não os ritos da
Lei de Moisés é uma questão ultrapassada,
que hoje não preocupa nenhum cristão; mas este episódio vale, sobretudo, pelo
seu valor exemplar. Faz-nos pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em
práticas de piedade vazias e estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram
num certo contexto, mas já não exprimem o essencial da proposta cristã.
Faz-nos pensar na imposição de esquemas
culturais – ocidentais, por exemplo – que muitas vezes
não têm nada a ver com a forma de expressão de
certas culturas… O essencial do
cristianismo não pode ser
vivido sem o concretizar em formas determinadas, humanas
e, por isso, condicionadas e finitas. Mas é necessário
distinguir o essencial do acessório; o
essencial deve ser preservado e o acessório deve ser
constantemente actualizado. Quais são os ritos e as práticas
decididamente obsoletos, que impedem o
homem de hoje de redescobrir o núcleo central da
mensagem cristã? Será que hoje não estamos a impedir, como outrora,
o nascimento de Cristo para o mundo,
mantendo-nos presos a esquemas e modos de pensar e de viver que têm pouco
a ver com a realidade do mundo que nos rodeia?
♦ É necessário
ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação.
Essa é que é a
proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. Oresto são
questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.
♦ Devemos também
ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja de Jesus. No
entanto, é preciso escutá-l’O, estar atento às interpelações que Ele lança,
saber ler as suas indicações nos sinais dos tempos e nas questões que o mundo
nos apresenta… Estamos verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?
♦ É preciso
aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos desafios dos tempos:
com audácia, com imaginação, com liberdade,
com desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito.
É assim que a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 66 (67)
Refrão 1:
Louvado sejais,
Senhor, pelos povos de toda a terra.
Refrão 2:
Aleluia.
Deus Se compadeça
de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós
a luz do seu rosto.
Na terra se
conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a
vossa salvação.
Alegrem-se e
exultem as nações,
porque julgais os
povos com justiça e
governais as nações
sobre a terra.
Os povos Vos
louvem, ó Deus,
todos os povos Vos
louvem.
Deus nos dê a sua
bênção
e chegue o seu
louvor aos confins da terra.
LEITURA II
– Ap 21,10-14.22-23
Um Anjo
transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha
e mostrou-me a
cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus,
resplandecente da glória de Deus.
O seu esplendor
era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande
e alta muralha,
com doze portas
e, junto delas, doze Anjos;
tinha também
nomes gravados,
os nomes das doze
tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três
portas ao sul e três portas a poente.
A muralha da
cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os doze
Apóstolos do Cordeiro.
Na cidade não vi
nenhum templo,
porque o seu
templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do
sol nem da lua,
porque a glória
de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.
AMBIENTE
Continuamos a ler
a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-nos o resultado da
intervenção definitiva de Deus no mundo: depois da vitória de Deus sobre as
forças que oprimem o homem e o privam da vida plena, nascerá a comunidade nova
e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e a nova terra.
A liturgia
do passado domingo apresentou-nos um
primeiro quadro dessa nova realidade; hoje, a mesma
realidade é descrita através de um segundo quadro – o da “Jerusalém
messiânica”.
MENSAGEM
É, ainda, a
imagem da “nova Jerusalém que desce do céu” que nos é apresentada. Já vimos na
passada semana que falar de Jerusalém é falar do lugar onde irá irromper a
salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo.
Na apresentação
desta “nova Jerusalém”, domina o número
“doze”: na base da muralha há doze
reforços salientes e neles os doze
nomes dos Apóstolos do “cordeiro”; a cidade tem,
igualmente, doze portas (três a nascente, três ao norte, três ao sul e três a
poente), nas quais estão gravados os nomes das doze tribos de Israel; há,
ainda, doze anjos junto das portas. O número “doze” indica a totalidade do Povo
de Deus (doze
tribos + doze Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos –
testemunhas do “cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo
e do Novo Testamento, conduzido à vida plena
pela acção salvadora e libertadora de
Cristo. As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos os
povos (vindos do norte, do sul, de este e do oeste) podem entrar e encontrar
lugar nesse lugar de felicidade plena.
Num desenvolvimento
que a leitura de hoje não conservou (vers. 15-17), apresentam-
se as
dimensões dessa “cidade”: 144 côvados (12
vezes doze), formando um quadrado perfeito.
Trata-se de mostrar que a cidade
(perfeita, harmoniosa) está traçada segundo o modelo bíblico
do “santo dos santos” (cf. 1 Re 6,19-20): a cidade inteira aparece, assim, como
um Templo dedicado a Deus, onde Deus reside de forma permanente no meio do seu
Povo.
É por
isso que a última parte deste texto (vers.
22-23) diz que a cidade não tem
Templo: nesse
lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de mediações, pois
viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda
que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is
2,5;
24,23; 60,19):
Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de vida
plena.
Após a
intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova “cidade”
construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas abertas, ela
acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles encontrarão
Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.
ACTUALIZAÇÃO
Ter em conta as
seguintes indicações para reflexão:
♦ Já o
dissemos a propósito da segunda leitura do passado domingo: o profeta João
garante-nos que as limitações impostas pela nossa finitude, as perseguições que
temos de enfrentar por causa da verdade e da justiça, os sofrimentos que
resultam dos nossos limites, não são a última palavra; espera-nos, para além
desta terra, a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza tem de dar um
sentido novo à nossa caminhada e alimentar a nossa esperança.
♦ A Igreja
em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade messiânica da
vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar nesse sentido e
procurar ser, apesar do pecado e das
limitações dos homens, um anúncio e
uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, que dá
testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade
necessita dessetestemunho.
♦Ainda que esta
realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”,
ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra. Deve ser essa a
tarefa que nos motiva, que nos
empenha e que nos compromete: a construção
de um mundo de justiça, de amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do
mundo futuro que nos espera.
ALELUIA– Jo 14,23
Aleluia. Aleluia.
Se alguém Me ama,
guardará a minha palavra. Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.
EVANGELHO –
Jo 14,23-29
Naquele tempo,
disse Jesus aos
seus discípulos:
«Quem Me ama
guardará a minha palavra e meu Pai o amará;
Nós viremos a ele
e faremos nele a
nossa morada.
Quem Me não ama
não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha,
mas do Pai que Me
enviou.
Disse-vos estas
coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo,
que o Pai enviará
em meu nome, vos ensinará todas as coisas
e vos recordará
tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou
como a dá o mundo.
Não se perturbe
nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse:
Vou partir, mas
voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis,
ficaríeis contentes
por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora,
antes de acontecer,
para que, quando
acontecer, acrediteis».
AMBIENTE
Continuamos no
contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a sua comunidade,
dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (cf. Jo 13,1-17;13,33-35), vai
agora explicar como é que essa
comunidade manterá, após a sua partida,
a relação com Ele e com o Pai.
Nos versículos
anteriores ao texto que nos é proposto, Jesus apresentou-Se como “o caminho” (cf.
Jo 14,6) e convidou os discípulos a percorrer esse mesmo “caminho” (cf. Jo
14,4-5). O que é que isso significa? Jesus, enquanto esteve no mundo, percorreu
um “caminho” – o da entrega ao homem, o do
serviço, o do amor total; é nesse “caminho
que o homem” – o Homem Novo que
Jesus veio criar – se realiza. A
comunidade de Jesus tem, portanto, que percorrer esse “caminho”. A metáfora do
“caminho” expressa o dinamismo da vida que é progressão; percorrê-lo, é
alcançar a plena maturidade do Homem Novo, do homem que desenvolveu todas as
suas potencialidades, do homem recriado para a vida definitiva. O final desse
“caminho” é o amor radical, a solidariedade total com o homem. Nesse “caminho”,
encontra-se o Pai. Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados.
Será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles?
Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força
para doar, dia a dia, a própria vida?
MENSAGEM
Para seguir esse
“caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra
(cf. Jo 14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com
Ele, isto é, vive como Ele, na entrega da própria vida em favor do homem… Ora,
viver nesta dinâmica é estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O
Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão
juntos, na intimidade de uma nova família (vers. 23-24).
Para que os
discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho”
no tempo da Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o
Espírito Santo (vers. 25-26). A palavra “paráclito” pode traduzir-se como
“advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito”
é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma
presença dinâmica, que auxiliará os discípulos trazendo-lhes continuamente à
memória os ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de
Jesus à luz dos novos desafios que
o mundo lhes colocar. Assim, os
crentes poderão continuar a percorrer, na história, o “caminho” de Jesus,
numa fidelidade dinâmica às suas propostas. O Espírito garante, dessa forma,
que o crente possa continuar a percorrer esse “caminho” de amor e de entrega,
unido a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada homem tornam-se a morada de
Deus: na acção dos crentes revela-se o Deus libertador, que reside na
comunidade e no coração de cada crente e que tem um projecto de salvação para o
homem.
A última parte do
texto que nos é proposto contém a promessa da “paz” (vers. 27). Desejar a “paz”
(“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida. No entanto, neste
contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la dou como a dá o
mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus pretende é inculcar nos
discípulos apreensivos a serenidade e evitar-lhes o temor. São palavras destinadas
a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se
aproximam não porão fim à relação entre Jesus e a sua comunidade. As últimas
palavras referidas por este texto (vers. 28-29) sublinham que a ausência de
Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De resto, os discípulos devem
alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação
suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos homens.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão deste
texto pode contemplar as seguintes linhas:
♦ Falar do
“caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos irmãos, numa doação
total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com
Jesus, esse mesmo “caminho”. Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si
mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o
homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse
“caminho” que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido doação,
entrega, dom, amor até ao extremo? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do
orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?
♦ A comunhão
do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos mágicos nos quais,
através da recitação de certas fórmulas, a vida de Deus bombardeia e inunda incondicionalmente
o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com o Pai
estabelece-se percorrendo o caminho do amor e da
entrega, numa doação total aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus
e com o Pai, tem de sair do egoísmo e aprender a fazer da sua vida um dom aos
homens.
♦ É impressionante
essa pedagogia de um Deus – o nosso Deus – que nos deixa ser os
construtores da nossa própria história, mas
não nos abandona. De forma discreta, respeitando a
nossa liberdade, Ele encontrou formas de
continuar connosco, de nos animar, de nos ajudar a responder aos
desafios, de nos recordar que só nos realizaremos plenamente na fidelidade ao
“caminho” de Jesus.
♦ O cristão
tem de estar, no entanto, atento à voz do Espírito, sensível aos apelos do
Espírito; tem de procurar detectar os novos caminhos que o Espírito propõe; tem
de estar na disposição de se deixar questionar e de refazer a sua vida, sempre
que o Espírito lhe dá a entender que ela está a afastar-se do
“caminho” de Jesus. Estamos sempre atentos aos sinais
do Espírito e disponíveis para enfrentar os seus
desafios?
ALGUMAS SUGESTÕES
PRÁTICAS
PARA O
6º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de
“Signes d’aujourd’hui”)
1. A
PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos
dias da semana anterior ao 6º Domingo do Tempo Pascal,
procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente,
uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a
meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres,
num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra
de Deus.
2. FAVORECER
O ACOLHIMENTO DA BOA NOVA.
Como no domingo
passado, a riqueza do Evangelho é grande: será suficiente uma única
audição? Pode-se valorizar e fazer eco da Boa Nova durante toda a celebração:
na palavra de acolhimento à celebração, podem-se inserir já algumas frases da
Boa Nova; no momento da proclamação do Evangelho, o presidente procurará ler o
texto sem se apressar, com um tom meditativo, fazendo breves pausas; no
momento do gesto de paz, o padre (ou o diácono) pode recordar que é a paz
do Senhor que é oferecida – “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”; depois da
comunhão, algumas frases do Evangelho poderão ainda ajudar à meditação…
3. ORAÇÃO
NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da
Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras
com a oração.
No final
da primeira leitura:
Nosso Pai, nós Te
damos graças pelo teu Espírito Santo, que Tu comunicaste generosamente
aos Apóstolos e, por eles, às tuas
Igrejas, para orientar, guiar, sustentar e encorajar o
teu povo na fidelidade à tua vontade.
Nós Te pedimos
pela Igrejas que estão em sínodo e por todas as equipas pastorais:
pelo teu
Espírito, ilumina-as na tomada de decisões!
No final
da segunda leitura:
Deus Pai, estás
presente em todas as assembleias de oração, por mais modestas que sejam, até
nas nossas famílias, para aí revelar a Jerusalém celeste e a nova terra que
desejas criar connosco. Bendito sejas!
Nós Te pedimos
pelas paróquias e pelas comunidades que constroem, decoram ou reparam as suas
igrejas. Que o teu Espírito as oriente nas suas escolhas.
No final
do Evangelho:
Pai de Jesus
Cristo e nosso Pai, nós Te damos graças pela tua presença fiel no teu Povo,
primeiro pelo teu Filho, que habitou no meio dos discípulos, em seguida pelo
teu Espírito, o Defensor, que habita connosco.
Nós Te pedimos:
mantém-nos fiéis à tua Palavra, dá-nos a paz, a tua paz, aquela de que o mundo
tem necessidade. O teu Espírito de Paz.
4. BILHETE
DE EVANGELHO.
Jesus gostava de
dizer que nunca estava só. Vemo-l’O retirar-Se para a montanha, sozinho, mas
para se juntar a seu Pai. E promete aos discípulos não os deixar órfãos porque
lhes enviará o seu Espírito, o Espírito Santo, o Defensor. Na hora das grandes
confidências, pouco tempo antes da sua paixão, Jesus anuncia aos seus
discípulos que virá habitar neles com o seu
Pai, na condição de permanecerem fiéis
à sua palavra. Parece dizer: “se quereis que venhamos habitar em
vós, aceitai permanecer fiéis a toda a mensagem que vos transmiti”.
Não somente o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos, mas o
Espírito Santo também habitará neles para os ensinar e fazê-los recordar-se de
tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de morte: a morte
física e o esquecimento. Jesus veio anunciar aos seus discípulos que, após a
sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os discípulos a não
esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se d’Ele, mas,
sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.
5. À
ESCUTA DA PALAVRA.
“Quem Me ama
guardará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a
nossa morada”. Uma vez mais, Jesus parece pôr uma condição para que
o Pai possa amar-nos. Quem pode
pretender amar o Senhor, guardar a sua
Palavra? Parece mesmo que, quanto mais os anos passam, mais se instala em nós uma
certa lassidão e esmorece o ardor em
amar o Senhor. Apesar de todos os
esforços, parece que estamos longe da intimidade com Jesus. Mesmo sendo fiéis à
oração, frequentando os sacramentos, em particular a Eucaristia, sentimos um
vazio… Parece que não amamos bastante o Senhor!
Mas recordemo-nos do essencial: a absoluta
anterioridade do amor de Deus por nós, foi Ele que nos amou primeiro… O que
Jesus nos pede é que reconheçamos primeiro o amor do Pai por nós, que nos
precede sempre. Na medida em que guardamos este amor de Jesus com seu Pai,
este amor primeiro, podemos guardar a sua Palavra e aprender a amar.
6. ORAÇÃO
EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher
a Oração Eucarística III para Assembleia com Crianças. Os textos próprios do
tempo pascal são particularmente significativos.
7. PALAVRA
PARA O CAMINHO.
Que fazemos da
Palavra? Em cada domingo a Palavra é-nos oferecida. Que fazemos dela? Ela é o
“fio condutor” da nossa semana? Ou esquecemo-la mal a escutamos? Nesta semana,
procuremos recordar a Palavra evangélica e deixemo-nos transformar por ela. O
Espírito Santo ensinar-nos-á, far-nos-á compreender, diz-nos Jesus. Basta
estarmos abertos à sua acção!
Se utilizar este subsídio para publicação, por
favor indique sempre a fonte e a propriedade. Obrigado.
Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe.
Ornelas Carvalho
01/05/2016
02/05/2016
6ª Semana – Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Actos 16, 11-15
Naqueles dias, embarcámos em Tróade e fomos
directamente a Samotrácia; no dia seguinte, fomos a Neápoles 12e de lá, a
Filipos, cidade de primeira categoria deste distrito da Macedónia, e colónia.
Estivemos aí durante alguns dias. 13No dia de sábado, saímos fora de portas, em
direcção à margem do rio, onde era costume haver oração. Depois de nos
sentarmos, começámos a falar às mulheres que lá se encontravam reunidas. 14Uma
das mulheres chamada Lídia, negociante de púrpura, da cidade de Tiatira e
temente a Deus, pôs-se a escutar. O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao
que Paulo dizia. 15Depois de ter sido baptizada, bem como os de sua casa, fez
este pedido: «Se me considerais fiel ao Senhor, vinde ficar a minha casa.» E obrigou-nos
a isso.
Deus conduziu Paulo e seus companheiros para um
novo campo de acção, a Macedónia, já na Europa. Em Filipos, os missionários
sentem-se como estranhos. A cidade tinha um acentuado carácter romano, pois se
tornara colónia do Império desde o ano 42 aC. Com o grego, também se falava o
latim. A administração civil ajustava-se ao padrão romano, e não ao grego. Os
judeus eram muito poucos, como denota o facto de não haver sinagoga e o costume
de se reunirem, no dia de sábado, junto ao rio. Paulo parece encontrar lá
apenas mulheres. Entre elas, destaca-se Lídia, uma rica comerciante de púrpura,
que parece ter aderido ao judaísmo, pelo menos como ouvinte. Para Lucas, ela é
o paralelo feminino de Cornélio, é «uma crente em Deus».
Ao contrário do que acontecera em Antioquia da Pisídia, onde algumas mulheres tinham tomado parte na revolta contras os missionários, Lídia acolhe-os na sua casa, provavelmente espaçosa, pois «o Senhor lhe abriu o coração para aderir ao que Paulo dizia» (v. 14). É sempre o Senhor que acompanha os seus missionários e torna eficaz a sua palavra.
Ao contrário do que acontecera em Antioquia da Pisídia, onde algumas mulheres tinham tomado parte na revolta contras os missionários, Lídia acolhe-os na sua casa, provavelmente espaçosa, pois «o Senhor lhe abriu o coração para aderir ao que Paulo dizia» (v. 14). É sempre o Senhor que acompanha os seus missionários e torna eficaz a sua palavra.
Evangelho: João 15, 26 - 16, 4a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
26Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu
vos hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor. 27E vós
também haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio.»
1«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes. 2Sereis expulsos
das sinagogas; há-de chegar mesmo a hora em que quem vos matar julgará que
presta um serviço a Deus! 3E farão isto por não terem conhecido o Pai nem a
mim. 4Deixo-vos ditas estas coisas, para que, quando chegar a hora, vos
lembreis de que Eu vo-las tinha dito.
A perseguição é praticamente a primeira
experiência da Igreja. Os discípulos de Jesus foram perseguidos, primeiro pelos
judeus e, depois, também pelos pagãos. Jesus tinha-os advertido para essas
situações. O mundo opôs-se a Cristo, e irá opor-se também aos cristãos, porque
não são do mundo, porque são de Cristo. Além disso, o servo não é mais do que o
seu senhor. O ódio do mundo e a perseguição dos
discípulos são considerados inevitáveis. Até se julgam fazerem parte daquela intensificação do mal, que preludia o juízo.
Jesus viveu entre a animosidade e a perseguição. Que podem esperar os seus discípulos, chamados a anunciar a mensagem que O levou à morte? É verdade que nem todos recusaram Jesus e a sua palavra. Alguns amaram-no por causa do testemunho de João Batista, e por causa do testemunho que o próprio Jesus deu de Si mesmo. Por isso, é preciso continuar a testemunhar o Senhor, para que aumente o número dos que O amam. Nessa tarefa, os discípulos são ajudados pelo testemunho do Espírito de verdade que Jesus enviará do Pai. E a poderosa acção do Espírito irá manifestar-se exactamente nas perseguições. Há que não esquecê-lo, quando chegar a hora.
discípulos são considerados inevitáveis. Até se julgam fazerem parte daquela intensificação do mal, que preludia o juízo.
Jesus viveu entre a animosidade e a perseguição. Que podem esperar os seus discípulos, chamados a anunciar a mensagem que O levou à morte? É verdade que nem todos recusaram Jesus e a sua palavra. Alguns amaram-no por causa do testemunho de João Batista, e por causa do testemunho que o próprio Jesus deu de Si mesmo. Por isso, é preciso continuar a testemunhar o Senhor, para que aumente o número dos que O amam. Nessa tarefa, os discípulos são ajudados pelo testemunho do Espírito de verdade que Jesus enviará do Pai. E a poderosa acção do Espírito irá manifestar-se exactamente nas perseguições. Há que não esquecê-lo, quando chegar a hora.
Meditatio
Paulo, depois da visão do macedónio que lhe
suplicava: «Vem ajudar-nos!» (Act 16, 9), embarca em Tróade e vai para
Neápoles, cidade próxima de Filipos, na Macedónia. As primeiras pessoas que
escutam a palavra de Deus são mulheres. Entre elas destaca-se «Lídia,
negociante de púrpura, e temente a Deus» (v. 14). Esta mulher, não só aderiu às
palavras de Paulo e dos seus companheiros, mas, uma vez baptizada, recebeu-os
em sua casa.
A primeira criatura humana a acolher a Palavra foi Maria. Quando a Palavra chegou à Europa, foi também uma mulher, Lídia, que, por primeira, a acolheu, com outras mulheres. Isto é bonito e dá alegria, principalmente às próprias mulheres.
A vida cristã é tempo de tentação e tempo de testemunho, tempo de luta e tempo de colaboração com o Espírito no testemunho de Cristo Ressuscitado. Como Cristo foi incompreendido, também os seus discípulos o são. Como Cristo foi perseguido e morto, também os cristãos estão sujeitos a sê-lo. O texto evangélico que escutamos hoje dá-nos uma perspectiva «heróica» da vida cristã. O cristão é chamado a dar testemunho em sentido pleno. É chamado a ser «mártir». A realidade de Cristo é tão decisiva para a humanidade e, ao mesmo tempo, tão estranha ao modo comum de pensar, que todo aquele que alinha por Cristo é quase inevitavelmente marginalizado e, por vezes, chega a ser eliminado. A história dos mártires mostra claramente essa realidade.
Também hoje, os discípulos de Cristo, particularmente os missionários, sofrem, não só pelas dificuldades normais da vida e do apostolado, mas também pela incompreensão e pela hostilidade do mundo, em nome do progresso, da emancipação e da modernização, da libertação de tabus, dos direitos humanos, etc., etc.
Já o Pe. Dehon recordava, no seu Diário, os seus muitos missionários que sacrificaram a vida: «Alguns morreram generosamente na missão, no Congo, no Brasil» (Diário XLV, 41: Fevereiro de 1925.). E, em Março de 1912, escreve nas Memórias: «Os nossos mortos do Congo, do Brasil, do Equador! No Congo 17 deram a vida pela conversão dos negros. Um santo cardeal dizia-me que só pelo simples facto de irem lá para baixo, expondo-se ao perigo de uma morte iminente, merecer-lhe-ia a palma do martírio» (LC n. 381).
Se todo o nosso apostolado deve ser «uma oblação agradável a Deus» (Cst.
31), deve sê-lo, de modo muito particular, o apostolado missionário. Se o convite do n. 22 das Constituições: «oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável», vale para todos os religiosos do Pe. Dehon, deve realizar-se, de modo particular, naqueles que se consagram ao apostolado missionário.
Oratio
A primeira criatura humana a acolher a Palavra foi Maria. Quando a Palavra chegou à Europa, foi também uma mulher, Lídia, que, por primeira, a acolheu, com outras mulheres. Isto é bonito e dá alegria, principalmente às próprias mulheres.
A vida cristã é tempo de tentação e tempo de testemunho, tempo de luta e tempo de colaboração com o Espírito no testemunho de Cristo Ressuscitado. Como Cristo foi incompreendido, também os seus discípulos o são. Como Cristo foi perseguido e morto, também os cristãos estão sujeitos a sê-lo. O texto evangélico que escutamos hoje dá-nos uma perspectiva «heróica» da vida cristã. O cristão é chamado a dar testemunho em sentido pleno. É chamado a ser «mártir». A realidade de Cristo é tão decisiva para a humanidade e, ao mesmo tempo, tão estranha ao modo comum de pensar, que todo aquele que alinha por Cristo é quase inevitavelmente marginalizado e, por vezes, chega a ser eliminado. A história dos mártires mostra claramente essa realidade.
Também hoje, os discípulos de Cristo, particularmente os missionários, sofrem, não só pelas dificuldades normais da vida e do apostolado, mas também pela incompreensão e pela hostilidade do mundo, em nome do progresso, da emancipação e da modernização, da libertação de tabus, dos direitos humanos, etc., etc.
Já o Pe. Dehon recordava, no seu Diário, os seus muitos missionários que sacrificaram a vida: «Alguns morreram generosamente na missão, no Congo, no Brasil» (Diário XLV, 41: Fevereiro de 1925.). E, em Março de 1912, escreve nas Memórias: «Os nossos mortos do Congo, do Brasil, do Equador! No Congo 17 deram a vida pela conversão dos negros. Um santo cardeal dizia-me que só pelo simples facto de irem lá para baixo, expondo-se ao perigo de uma morte iminente, merecer-lhe-ia a palma do martírio» (LC n. 381).
Se todo o nosso apostolado deve ser «uma oblação agradável a Deus» (Cst.
31), deve sê-lo, de modo muito particular, o apostolado missionário. Se o convite do n. 22 das Constituições: «oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável», vale para todos os religiosos do Pe. Dehon, deve realizar-se, de modo particular, naqueles que se consagram ao apostolado missionário.
Oratio
Senhor, quero hoje, mais uma vez rezar-te com o
teu servo Leão Dehon: Dá- me, a força de que preciso. Toca o meu coração pelo
teu amor, a fim de que esteja preparado para ultrapassar todas as dificuldades
e todas as provações. Sei que nada custa àquele que ama. Para me fortalecer,
procurarei o teu amor e recordar-me-ei constantemente das bondades do teu
divino Coração. Amen. (OSP 3, p. 447).
Contemplatio
O Espírito Santo recordar-nos-á o exemplo de
Nosso Senhor o qual nos sustentará.
Nosso Senhor escolheu-nos como seus apóstolos, para espalharmos o seu amor, para trabalharmos no reino do seu Coração. Atacaremos a corrupção do mundo, o mundo corrompido levantar-se-á contra nós. Mas, se o mundo nos odeia, sabemos que primeiro odiou Nosso Senhor. O servo não é maior que o seu senhor.
Se perseguiram Nosso Senhor, também nos hão-de perseguir. Como ele, havemos de suportar com paciência as perseguições. As provações hão-de servir para o nosso avanço na virtude, para a nossa santificação.
As promessas de Nosso Senhor suster-nos-ão também. Sabemos que o socorro nos virá em tempo conveniente e que seremos recompensados por tudo o que tivermos sofrido.
Nosso Senhor preveniu-nos para que não nos escandalizemos, e para que as provas não nos desencorajem nem nos abatam. O Espírito Santo fortificar-nos-á, iluminar-nos-á. Convencerá o mundo do pecado. Propagando a verdade e a virtude pelos ministros do Evangelho, manifestará a iniquidade do mundo e a justiça cristã.
Confessaremos a sua doutrina, seguiremos os seus ensinamentos, imitaremos os seus exemplos. Confessá-lo-emos com o coração, com a boca e com a acção. Dirigiremos os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos projectos para tudo o que possa contribuir para a glória de Deus e para a salvação das almas. Regularemos as nossas palavras segundo a sua lei, evitando tudo o que fira a caridade, a verdade, a humildade. Agiremos como ele fazendo unicamente a vontade do Pai.
Tenhamos coragem na acção e no sofrimento. As tentações virão e as quedas também. O demónio e o mundo não repousam. A vida tem as suas provas inevitáveis. O Espírito Santo fortificar-nos-á para a luta e para a paciência. Dar-nos-á a força da lei, a da esperança e sobretudo a do amor. Recordar-nos-á a necessidade da expiação, a brevidade da vida, a recompensa do céu; mas acima de tudo unir-nos-á a Nosso Senhor pela caridade. Amando-o, conformar-nos-emos aos seus sentimentos. Sofreremos de boamente com ele e por ele. Nada custa àquele que ama.
Tenhamos coragem. A vida de amor exclui a tristeza. Vivamos no fervor e no puro amor. O Espírito de amor nos sustentará, se soubermos ir buscá-lo ao Coração de Jesus (Leão Dehon, OSP 3, p. 446s.).
Nosso Senhor escolheu-nos como seus apóstolos, para espalharmos o seu amor, para trabalharmos no reino do seu Coração. Atacaremos a corrupção do mundo, o mundo corrompido levantar-se-á contra nós. Mas, se o mundo nos odeia, sabemos que primeiro odiou Nosso Senhor. O servo não é maior que o seu senhor.
Se perseguiram Nosso Senhor, também nos hão-de perseguir. Como ele, havemos de suportar com paciência as perseguições. As provações hão-de servir para o nosso avanço na virtude, para a nossa santificação.
As promessas de Nosso Senhor suster-nos-ão também. Sabemos que o socorro nos virá em tempo conveniente e que seremos recompensados por tudo o que tivermos sofrido.
Nosso Senhor preveniu-nos para que não nos escandalizemos, e para que as provas não nos desencorajem nem nos abatam. O Espírito Santo fortificar-nos-á, iluminar-nos-á. Convencerá o mundo do pecado. Propagando a verdade e a virtude pelos ministros do Evangelho, manifestará a iniquidade do mundo e a justiça cristã.
Confessaremos a sua doutrina, seguiremos os seus ensinamentos, imitaremos os seus exemplos. Confessá-lo-emos com o coração, com a boca e com a acção. Dirigiremos os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos projectos para tudo o que possa contribuir para a glória de Deus e para a salvação das almas. Regularemos as nossas palavras segundo a sua lei, evitando tudo o que fira a caridade, a verdade, a humildade. Agiremos como ele fazendo unicamente a vontade do Pai.
Tenhamos coragem na acção e no sofrimento. As tentações virão e as quedas também. O demónio e o mundo não repousam. A vida tem as suas provas inevitáveis. O Espírito Santo fortificar-nos-á para a luta e para a paciência. Dar-nos-á a força da lei, a da esperança e sobretudo a do amor. Recordar-nos-á a necessidade da expiação, a brevidade da vida, a recompensa do céu; mas acima de tudo unir-nos-á a Nosso Senhor pela caridade. Amando-o, conformar-nos-emos aos seus sentimentos. Sofreremos de boamente com ele e por ele. Nada custa àquele que ama.
Tenhamos coragem. A vida de amor exclui a tristeza. Vivamos no fervor e no puro amor. O Espírito de amor nos sustentará, se soubermos ir buscá-lo ao Coração de Jesus (Leão Dehon, OSP 3, p. 446s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes» (Jo 16, 1).
«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes» (Jo 16, 1).
01/05/2016
06º Domingo do
Tempo Pascal - Ano C
TEMA
Na liturgia deste
domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a
caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos;
Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos
como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua
assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a
Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios
dos novos
tempos. Animados pelo Espírito, os crentes
aprendem a discernir o essencial do acessório e
actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora
de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma
vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade
nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.
LEITURA I
– Actos 15,1-2.22-29
Naqueles dias,
alguns homens que
desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia:
«Se não
receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés,
não podereis
salvar-vos».
Isto provocou
muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles.
Então decidiram
que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém
para tratarem
dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de
acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos
e mandá-los a
Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás,
e Silas, homens
de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta:
«Os Apóstolos e
os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã
residentes em
Antioquia, na Síria e na Cilícia.
Tendo sabido que,
sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar,
perturbando as
vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo,
escolher delegados
para vo-los enviarmos
juntamente com os
nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida
pelo nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas,
que vos
transmitirão de viva voz as nossas decisões.
O Espírito Santo
e nós
decidimos não vos
impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis:
abster-se da
carne imolada aos ídolos,
do sangue, das
carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso.
Adeus».
AMBIENTE
A entrada maciça
de crentes gentios na comunidade cristã (sobretudo após a primeira viagem
missionária de Paulo e Barnabé) vai trazer a lume uma questão
essencial: deve impor-se aos crentes de origem pagã a prática da Lei de
Moisés? Não se trata, aqui, de um problema acidental ou secundário, de uma
medida disciplinar ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental como saber
se a salvação vem através da circuncisão e da observância da “Torah” judaica,
ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma: Jesus Cristo é o
único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além d’Ele para chegar a
Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?
A comunidade
cristã de Antioquia (onde o problema se põe com especial acuidade) não tem a
certeza sobre o caminho a seguir. Paulo e Barnabé acham que Cristo basta; mas
os “judaizantes” – cristãos de origem
judaica, que conservam as práticas tradicionais
do judaísmo – defendem que os ritos prescritos pela “Torah” também são
necessários para a salvação. Decide-se, então, enviar uma delegação a
Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos e os anciãos acerca da questão.
Estamos por volta do ano 49.
MENSAGEM
Este texto
começa por pôr a questão e por
apresentar os passos dados para a solucionar:
Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) são
enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos e os anciãos (vers. 1-2). A
questão é de tal importância que se organiza a reunião dos dirigentes e
animadores das comunidades, conhecida como “concílio apostólico” ou “concílio
de Jerusalém”. Essa assembleia vai, pois, discutir o que é essencial na
proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e
o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade
fundamental da fé cristã).
O texto que nos é
proposto hoje interrompe aqui a descrição dos acontecimentos. No entanto,
sabemos (pela descrição dos “Actos”) que nessa “assembleia eclesial” vão
enfrentar-se várias opiniões. Pedro reconhece a
igualdade fundamental de todos – judeus e pagãos – diante da
proposta de salvação, que a Lei é um jugo que não deve ser imposto
aos pagãos e que é “pela graça do
Senhor Jesus” que se chega à salvação (cf.
Act 15,7-12); mas Tiago (representante da ala “judaizante), sem se opor à
perspectiva de Pedro, procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe
que sejam mantidas algumas tradições particularmente caras aos judeus (cf. Act
15,13-21). Na realidade, há acordo quanto ao essencial. Embora o texto de Lucas
não seja totalmente explícito, percebe-se a decisão final: não se pode impor
aos gentios a lei judaica; só Cristo basta. Assim dá-se luz verde à missão
entre os pagãos. É a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo
cortou o cordão umbilical com o judaísmo e pode, agora, ser uma proposta
universal de salvação, aberta a todos os homens, de todas as raças e culturas.
O nosso
texto retoma a questão neste ponto.
Nos vers. 22-29 da leitura de hoje apresenta-se
o “comunicado final” da “assembleia de Jerusalém”: a práxis judaica não pode
ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No entanto, pede-se a
abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes para os judeus.
É de destacar,
ainda, a referência ao Espírito Santo do vers. 28: a decisão é tomada por
homens, mas assistidos pelo Espírito.
Manifesta-se, assim, a consciência da presença do
Espírito, que conduz e que assiste
a Igreja na sua caminhada pela história.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, para
a reflexão, as seguintes linhas:
♦ A questão
de cumprir ou não os ritos da
Lei de Moisés é uma questão ultrapassada,
que hoje não preocupa nenhum cristão; mas este episódio vale, sobretudo, pelo
seu valor exemplar. Faz-nos pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em
práticas de piedade vazias e estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram
num certo contexto, mas já não exprimem o essencial da proposta cristã.
Faz-nos pensar na imposição de esquemas
culturais – ocidentais, por exemplo – que muitas vezes
não têm nada a ver com a forma de expressão de
certas culturas… O essencial do
cristianismo não pode ser
vivido sem o concretizar em formas determinadas, humanas
e, por isso, condicionadas e finitas. Mas é necessário
distinguir o essencial do acessório; o
essencial deve ser preservado e o acessório deve ser
constantemente actualizado. Quais são os ritos e as práticas
decididamente obsoletos, que impedem o
homem de hoje de redescobrir o núcleo central da
mensagem cristã? Será que hoje não estamos a impedir, como outrora,
o nascimento de Cristo para o mundo,
mantendo-nos presos a esquemas e modos de pensar e de viver que têm pouco
a ver com a realidade do mundo que nos rodeia?
♦ É necessário
ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação.
Essa é que é a
proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. Oresto são
questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.
♦ Devemos também
ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja de Jesus. No
entanto, é preciso escutá-l’O, estar atento às interpelações que Ele lança,
saber ler as suas indicações nos sinais dos tempos e nas questões que o mundo
nos apresenta… Estamos verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?
♦ É preciso
aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos desafios dos tempos:
com audácia, com imaginação, com liberdade,
com desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito.
É assim que a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 66 (67)
Refrão 1:
Louvado sejais,
Senhor, pelos povos de toda a terra.
Refrão 2:
Aleluia.
Deus Se compadeça
de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós
a luz do seu rosto.
Na terra se
conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a
vossa salvação.
Alegrem-se e
exultem as nações,
porque julgais os
povos com justiça e
governais as nações
sobre a terra.
Os povos Vos
louvem, ó Deus,
todos os povos Vos
louvem.
Deus nos dê a sua
bênção
e chegue o seu
louvor aos confins da terra.
LEITURA II
– Ap 21,10-14.22-23
Um Anjo
transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha
e mostrou-me a
cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus,
resplandecente da glória de Deus.
O seu esplendor
era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande
e alta muralha,
com doze portas
e, junto delas, doze Anjos;
tinha também
nomes gravados,
os nomes das doze
tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três
portas ao sul e três portas a poente.
A muralha da
cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os doze
Apóstolos do Cordeiro.
Na cidade não vi
nenhum templo,
porque o seu
templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do
sol nem da lua,
porque a glória
de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.
AMBIENTE
Continuamos a ler
a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-nos o resultado da
intervenção definitiva de Deus no mundo: depois da vitória de Deus sobre as
forças que oprimem o homem e o privam da vida plena, nascerá a comunidade nova
e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e a nova terra.
A liturgia
do passado domingo apresentou-nos um
primeiro quadro dessa nova realidade; hoje, a mesma
realidade é descrita através de um segundo quadro – o da “Jerusalém
messiânica”.
MENSAGEM
É, ainda, a
imagem da “nova Jerusalém que desce do céu” que nos é apresentada. Já vimos na
passada semana que falar de Jerusalém é falar do lugar onde irá irromper a
salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo.
Na apresentação
desta “nova Jerusalém”, domina o número
“doze”: na base da muralha há doze
reforços salientes e neles os doze
nomes dos Apóstolos do “cordeiro”; a cidade tem,
igualmente, doze portas (três a nascente, três ao norte, três ao sul e três a
poente), nas quais estão gravados os nomes das doze tribos de Israel; há,
ainda, doze anjos junto das portas. O número “doze” indica a totalidade do Povo
de Deus (doze
tribos + doze Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos –
testemunhas do “cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo
e do Novo Testamento, conduzido à vida plena
pela acção salvadora e libertadora de
Cristo. As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos os
povos (vindos do norte, do sul, de este e do oeste) podem entrar e encontrar
lugar nesse lugar de felicidade plena.
Num desenvolvimento
que a leitura de hoje não conservou (vers. 15-17), apresentam-
se as
dimensões dessa “cidade”: 144 côvados (12
vezes doze), formando um quadrado perfeito.
Trata-se de mostrar que a cidade
(perfeita, harmoniosa) está traçada segundo o modelo bíblico
do “santo dos santos” (cf. 1 Re 6,19-20): a cidade inteira aparece, assim, como
um Templo dedicado a Deus, onde Deus reside de forma permanente no meio do seu
Povo.
É por
isso que a última parte deste texto (vers.
22-23) diz que a cidade não tem
Templo: nesse
lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de mediações, pois
viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda
que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is
2,5;
24,23; 60,19):
Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de vida
plena.
Após a
intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova “cidade”
construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas abertas, ela
acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles encontrarão
Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.
ACTUALIZAÇÃO
Ter em conta as
seguintes indicações para reflexão:
♦ Já o
dissemos a propósito da segunda leitura do passado domingo: o profeta João
garante-nos que as limitações impostas pela nossa finitude, as perseguições que
temos de enfrentar por causa da verdade e da justiça, os sofrimentos que
resultam dos nossos limites, não são a última palavra; espera-nos, para além
desta terra, a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza tem de dar um
sentido novo à nossa caminhada e alimentar a nossa esperança.
♦ A Igreja
em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade messiânica da
vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar nesse sentido e
procurar ser, apesar do pecado e das
limitações dos homens, um anúncio e
uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, que dá
testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade
necessita dessetestemunho.
♦Ainda que esta
realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”,
ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra. Deve ser essa a
tarefa que nos motiva, que nos
empenha e que nos compromete: a construção
de um mundo de justiça, de amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do
mundo futuro que nos espera.
ALELUIA– Jo 14,23
Aleluia. Aleluia.
Se alguém Me ama,
guardará a minha palavra. Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.
EVANGELHO –
Jo 14,23-29
Naquele tempo,
disse Jesus aos
seus discípulos:
«Quem Me ama
guardará a minha palavra e meu Pai o amará;
Nós viremos a ele
e faremos nele a
nossa morada.
Quem Me não ama
não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha,
mas do Pai que Me
enviou.
Disse-vos estas
coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo,
que o Pai enviará
em meu nome, vos ensinará todas as coisas
e vos recordará
tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou
como a dá o mundo.
Não se perturbe
nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse:
Vou partir, mas
voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis,
ficaríeis contentes
por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora,
antes de acontecer,
para que, quando
acontecer, acrediteis».
AMBIENTE
Continuamos no
contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a sua comunidade,
dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (cf. Jo 13,1-17;13,33-35), vai
agora explicar como é que essa
comunidade manterá, após a sua partida,
a relação com Ele e com o Pai.
Nos versículos
anteriores ao texto que nos é proposto, Jesus apresentou-Se como “o caminho” (cf.
Jo 14,6) e convidou os discípulos a percorrer esse mesmo “caminho” (cf. Jo
14,4-5). O que é que isso significa? Jesus, enquanto esteve no mundo, percorreu
um “caminho” – o da entrega ao homem, o do
serviço, o do amor total; é nesse “caminho
que o homem” – o Homem Novo que
Jesus veio criar – se realiza. A
comunidade de Jesus tem, portanto, que percorrer esse “caminho”. A metáfora do
“caminho” expressa o dinamismo da vida que é progressão; percorrê-lo, é
alcançar a plena maturidade do Homem Novo, do homem que desenvolveu todas as
suas potencialidades, do homem recriado para a vida definitiva. O final desse
“caminho” é o amor radical, a solidariedade total com o homem. Nesse “caminho”,
encontra-se o Pai. Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados.
Será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles?
Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força
para doar, dia a dia, a própria vida?
MENSAGEM
Para seguir esse
“caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra
(cf. Jo 14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com
Ele, isto é, vive como Ele, na entrega da própria vida em favor do homem… Ora,
viver nesta dinâmica é estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O
Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão
juntos, na intimidade de uma nova família (vers. 23-24).
Para que os
discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho”
no tempo da Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o
Espírito Santo (vers. 25-26). A palavra “paráclito” pode traduzir-se como
“advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito”
é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma
presença dinâmica, que auxiliará os discípulos trazendo-lhes continuamente à
memória os ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de
Jesus à luz dos novos desafios que
o mundo lhes colocar. Assim, os
crentes poderão continuar a percorrer, na história, o “caminho” de Jesus,
numa fidelidade dinâmica às suas propostas. O Espírito garante, dessa forma,
que o crente possa continuar a percorrer esse “caminho” de amor e de entrega,
unido a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada homem tornam-se a morada de
Deus: na acção dos crentes revela-se o Deus libertador, que reside na
comunidade e no coração de cada crente e que tem um projecto de salvação para o
homem.
A última parte do
texto que nos é proposto contém a promessa da “paz” (vers. 27). Desejar a “paz”
(“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida. No entanto, neste
contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la dou como a dá o
mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus pretende é inculcar nos
discípulos apreensivos a serenidade e evitar-lhes o temor. São palavras destinadas
a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se
aproximam não porão fim à relação entre Jesus e a sua comunidade. As últimas
palavras referidas por este texto (vers. 28-29) sublinham que a ausência de
Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De resto, os discípulos devem
alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação
suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos homens.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão deste
texto pode contemplar as seguintes linhas:
♦ Falar do
“caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos irmãos, numa doação
total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com
Jesus, esse mesmo “caminho”. Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si
mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o
homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse
“caminho” que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido doação,
entrega, dom, amor até ao extremo? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do
orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?
♦ A comunhão
do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos mágicos nos quais,
através da recitação de certas fórmulas, a vida de Deus bombardeia e inunda incondicionalmente
o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com o Pai
estabelece-se percorrendo o caminho do amor e da
entrega, numa doação total aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus
e com o Pai, tem de sair do egoísmo e aprender a fazer da sua vida um dom aos
homens.
♦ É impressionante
essa pedagogia de um Deus – o nosso Deus – que nos deixa ser os
construtores da nossa própria história, mas
não nos abandona. De forma discreta, respeitando a
nossa liberdade, Ele encontrou formas de
continuar connosco, de nos animar, de nos ajudar a responder aos
desafios, de nos recordar que só nos realizaremos plenamente na fidelidade ao
“caminho” de Jesus.
♦ O cristão
tem de estar, no entanto, atento à voz do Espírito, sensível aos apelos do
Espírito; tem de procurar detectar os novos caminhos que o Espírito propõe; tem
de estar na disposição de se deixar questionar e de refazer a sua vida, sempre
que o Espírito lhe dá a entender que ela está a afastar-se do
“caminho” de Jesus. Estamos sempre atentos aos sinais
do Espírito e disponíveis para enfrentar os seus
desafios?
ALGUMAS SUGESTÕES
PRÁTICAS
PARA O
6º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de
“Signes d’aujourd’hui”)
1. A
PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos
dias da semana anterior ao 6º Domingo do Tempo Pascal,
procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente,
uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a
meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres,
num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra
de Deus.
2. FAVORECER
O ACOLHIMENTO DA BOA NOVA.
Como no domingo
passado, a riqueza do Evangelho é grande: será suficiente uma única
audição? Pode-se valorizar e fazer eco da Boa Nova durante toda a celebração:
na palavra de acolhimento à celebração, podem-se inserir já algumas frases da
Boa Nova; no momento da proclamação do Evangelho, o presidente procurará ler o
texto sem se apressar, com um tom meditativo, fazendo breves pausas; no
momento do gesto de paz, o padre (ou o diácono) pode recordar que é a paz
do Senhor que é oferecida – “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”; depois da
comunhão, algumas frases do Evangelho poderão ainda ajudar à meditação…
3. ORAÇÃO
NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da
Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras
com a oração.
No final
da primeira leitura:
Nosso Pai, nós Te
damos graças pelo teu Espírito Santo, que Tu comunicaste generosamente
aos Apóstolos e, por eles, às tuas
Igrejas, para orientar, guiar, sustentar e encorajar o
teu povo na fidelidade à tua vontade.
Nós Te pedimos
pela Igrejas que estão em sínodo e por todas as equipas pastorais:
pelo teu
Espírito, ilumina-as na tomada de decisões!
No final
da segunda leitura:
Deus Pai, estás
presente em todas as assembleias de oração, por mais modestas que sejam, até
nas nossas famílias, para aí revelar a Jerusalém celeste e a nova terra que
desejas criar connosco. Bendito sejas!
Nós Te pedimos
pelas paróquias e pelas comunidades que constroem, decoram ou reparam as suas
igrejas. Que o teu Espírito as oriente nas suas escolhas.
No final
do Evangelho:
Pai de Jesus
Cristo e nosso Pai, nós Te damos graças pela tua presença fiel no teu Povo,
primeiro pelo teu Filho, que habitou no meio dos discípulos, em seguida pelo
teu Espírito, o Defensor, que habita connosco.
Nós Te pedimos:
mantém-nos fiéis à tua Palavra, dá-nos a paz, a tua paz, aquela de que o mundo
tem necessidade. O teu Espírito de Paz.
4. BILHETE
DE EVANGELHO.
Jesus gostava de
dizer que nunca estava só. Vemo-l’O retirar-Se para a montanha, sozinho, mas
para se juntar a seu Pai. E promete aos discípulos não os deixar órfãos porque
lhes enviará o seu Espírito, o Espírito Santo, o Defensor. Na hora das grandes
confidências, pouco tempo antes da sua paixão, Jesus anuncia aos seus
discípulos que virá habitar neles com o seu
Pai, na condição de permanecerem fiéis
à sua palavra. Parece dizer: “se quereis que venhamos habitar em
vós, aceitai permanecer fiéis a toda a mensagem que vos transmiti”.
Não somente o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos, mas o
Espírito Santo também habitará neles para os ensinar e fazê-los recordar-se de
tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de morte: a morte
física e o esquecimento. Jesus veio anunciar aos seus discípulos que, após a
sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os discípulos a não
esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se d’Ele, mas,
sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.
5. À
ESCUTA DA PALAVRA.
“Quem Me ama
guardará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a
nossa morada”. Uma vez mais, Jesus parece pôr uma condição para que
o Pai possa amar-nos. Quem pode
pretender amar o Senhor, guardar a sua
Palavra? Parece mesmo que, quanto mais os anos passam, mais se instala em nós uma
certa lassidão e esmorece o ardor em
amar o Senhor. Apesar de todos os
esforços, parece que estamos longe da intimidade com Jesus. Mesmo sendo fiéis à
oração, frequentando os sacramentos, em particular a Eucaristia, sentimos um
vazio… Parece que não amamos bastante o Senhor!
Mas recordemo-nos do essencial: a absoluta
anterioridade do amor de Deus por nós, foi Ele que nos amou primeiro… O que
Jesus nos pede é que reconheçamos primeiro o amor do Pai por nós, que nos
precede sempre. Na medida em que guardamos este amor de Jesus com seu Pai,
este amor primeiro, podemos guardar a sua Palavra e aprender a amar.
6. ORAÇÃO
EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher
a Oração Eucarística III para Assembleia com Crianças. Os textos próprios do
tempo pascal são particularmente significativos.
7. PALAVRA
PARA O CAMINHO.
Que fazemos da
Palavra? Em cada domingo a Palavra é-nos oferecida. Que fazemos dela? Ela é o
“fio condutor” da nossa semana? Ou esquecemo-la mal a escutamos? Nesta semana,
procuremos recordar a Palavra evangélica e deixemo-nos transformar por ela. O
Espírito Santo ensinar-nos-á, far-nos-á compreender, diz-nos Jesus. Basta
estarmos abertos à sua acção!
Se utilizar este subsídio para publicação, por
favor indique sempre a fonte e a propriedade. Obrigado.
Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe.
Ornelas Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário