O Todo-poderoso fez
grandes coisas em meu favor.
Este Evangelho traz
para nós o belíssimo hino que Maria cantou na casa de Isabel, o Magnificat. É a
mais bela oração de agradecimento a Deus, de todos os tempos.
Maria fica feliz e
agradece a Deus a Redenção, já presente naquela criança que ela traz em seu
ventre. Agora sim, realizou-se a esperança multissecular do seu povo.
Nosso Deus é
poderoso, e vem com a força de seu braço. A sua misericórdia, manifestada no passado,
“se estende de geração em geração, a todos os que o temem”. Portanto, também a
nós, do Séc. XXI. E Maria se alegra por Deus mostrar o seu amor preferencial
aos pequenos e necessitados.
É interessante o
local em que Maria canta o Magnificat: A casa de Isabel, onde ela estava para
ajudar a prima. É assim que se constrói o Reino de Deus, nós dando o primeiro
passo.
Maria mostra uma fé
tão grande, que já canta a realização da redenção, mesmo antes de esta
acontecer. Ela via a encarnação como o início de um mundo novo, onde os
soberbos são dispersados, os poderosos são derrubados de seus tronos, os
famintos têm abundância de bens e os ricos são despedidos de mãos vazias.
Vemos neste hino
que Maria não vê a salvação de Deus como algo apenas espiritual ou do futuro.
Ela vê a vida nova trazida pelo Filho como um programa para aqui e agora,
transformando radicalmente a sociedade. Deus é poderoso, santo, justo e
misericordioso.
“A sua misericórdia
se estende de geração em geração.” Portanto, nós também somos beneficiários
dela. Deus continua hoje mostrando a força de seu braço.
“O Senhor olhou
para a humildade de sua serva... Ele fez grandes coisas em meu favor. O seu
nome é santo!” Em outras palavras: Tudo isso é mérito de Deus, não meu.
Antífona do Ó: “Ó
Rei das nações, Desejado dos povos; Ó Pedra angular, que os opostos unis: Ó,
vinde e salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da terra!”
Existe no Nordeste
brasileiro um peixinho cor de terra, cascudinho, chamado bodó. Ele é o terror
do povo, pois, aos milhares, vão roendo as barragens das represas e açudes e
estas acabam se rompendo, ficando o povo sem água.
O bodó é pequeno,
mas a sua força está no trabalho conjunto do cardume. Neste ponto ele é um
exemplo para nós. “Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do
vosso Pai dar a vós o Reino” (Lc 12,32). A mesma força mostraram os cristãos no
tempo do império romano. A união dos discípulos de Jesus acabou derrubando o
gigante.
Vamos também nós,
neste advento, nos alegrarmos pela vinda do Salvador e, quem sabe, darmos o
primeiro passo, saindo de nossas casas para visitar alguém. A sociedade só será
transformada no dia em que cada coração humano for transformado, começando pelo
nosso.
O Todo-poderoso fez
grandes coisas em meu favor.
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