Não ouvem nem a
João nem ao Filho do Homem.
Neste Evangelho,
Jesus nos conta a parábola das crianças brincando na praça. Existe no meio
delas um grupinho de crianças amuadas, que não colaboram com seus colegas nos
brinquedos, sejam estes de alegria ou de tristeza.
As crianças
costumam, em seus brinquedos, imitar os adultos. E o que as crianças viam quase
todos os dias eram as festas de casamento e os velórios. Nas festas, uns
tocavam flauta e todos dançavam. Nos velórios, havia as “carpideiras”, mulheres
especializadas em entoar lamentações tão tristes que faziam todo mundo chorar.
Mas aquelas crianças amuadas da praça não participavam que as outras propunham.
João Batista era um
asceta rígido, que praticava austeros jejuns. Não fizeram caso dele, com o
pretexto de que era um fanático. Chega Jesus anunciando a Boa Nova e a alegria
messiânica do Reino de Deus, e levando uma vida normal, comendo e bebendo como
qualquer pessoa, pronto: culparam-no de glutão, beberrão e que anda em más
companhias.
Deus planejou tudo
direitinho: mandou João para despertar o arrependimento dos pecados, e depois o
seu Filho para realizar a sua reconciliação com o povo, iniciando o Reino de
Deus. Mas quando não há boa vontade, nenhum plano funciona, por melhor que
seja.
Entretanto, apesar
do não acolhimento, a sabedoria de Deus triunfa. Tanto João como Jesus, se não
são reconhecidos agora, sê-lo-ão mais tarde, pois as suas obras dão testemunho
a favor deles, e a sabedoria da verdade, mais cedo ou mais tarde prevalece. A
própria riqueza das pregações dos dois, e os seus milagres, dão testemunho em
favor deles.
Nós não queremos
ser como crianças amuadas; queremos participar de tudo o que Deus nos mandou e
que Jesus nos deixou para o nosso bem.
Quando não queremos
aceitar a verdade anunciada por alguém, procuramos diminuir a autoridade ou a
competência ou a moral da pessoa que a fala, a fim de ter um pretexto para a
recusa. Quantas vezes os líderes cristãos são criticados unicamente por isso:
tocam na ferida, pisam no calo de quem não quer sair do pecado. Toda discussão
sobre “padres progressistas” e “padres conservadores” parte daí. É mais fácil
destruir o mensageiro do que acolher a mensagem. Por exemplo, quem serve a Deus
e ao dinheiro ao mesmo tempo, critica cada vez que um líder de Comunidade toca
nesse assunto.
“Eu não vou à Missa
porque não gosto do padre”, dizem alguns. Por que não lêem o folheto da Missa e
refletem sobre ele? É uma hora só! Hoje há livrinhos com as leituras das
Missas, inclusive da semana. Isso prova que a raiz do problema não está no
padre, mas na pessoa, que quer continuar andando com os pés em duas canoas.
Advento é tempo de
limpar a casa para receber a visita de Jesus no Natal. É tempo de retirar as
sujeiras dos defeitos e enfeitar a casa com as flores das virtudes.
Certa vez, em um
domingo do advento, uma Comunidade rural estava celebrando o culto dominical,
na sua capela. Estava presente um senhor da cidade, que veio passar o fim de
semana na casa de um amigo.
Na hora da partilha
da palavra, ele contou que lá na Comunidade urbana estavam preparando cestas
básicas, para dar às famílias carentes, antes do Natal. E sugeriu que esta
Comunidade também fizesse isso.
Um dos membros da
Comunidade disse a ele: “Desculpe, senhor fulano, mas para nós aqui Natal é o
ano inteiro. Nós assumimos o compromisso de não deixar ninguém passar fome aqui
no nosso bairro”. O visitante ficou com a cara no chão.
De fato, o certo é
isso mesmo. Quando promovemos campanhas de Natal é mais para despertar nas
pessoas a solidariedade, que deve haver o ano todo; e não era este o caso
daquela Comunidade rural.
Maria Santíssima
dançou quando Deus tocou flauta, e bateu no peito quando Deus entoou
lamentações. Foi a discípula do Senhor, fiel a ele sempre e em tudo.
Ó Mãe do Redentor,
do céu ó porta, ao povo que caiu, socorre e exorta, pois busca levantar-se,
Virgem pura, nascendo o Criador da criatura. Tem piedade de nós e ouve, suave,
o anjo te saudando com seu Ave!
Não ouvem nem a
João nem ao Filho do Homem.
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