30/12/2012
Lc 2,41-52
Padre Antonio Queiroz
Jesus foi encontrado por seus pais no meio dos doutores.
Com alegria celebramos hoje a festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e
José. Esta família foi o modelo que Deus nos deixou para a nossa vida em
família. O Evangelho narra a perda e o encontro de Jesus no Templo, entre os
doutores, que é o quinto mistério gozoso do terço.
Nós admiramos vários pontos nessa maravilhosa cena:
- O cuidado dos dois pelo filho: procuraram-no durante três dias sem
parar. Anos antes eles haviam até se mudado para outro país, o Egito, para
proteger o filho. Temos no Brasil três milhões de crianças de rua. E os pais?
- A união dos pais para resolver os problemas do filho. Havia acontecido
na apresentação no Templo, na fuga para o Egito e agora se repete.
- A maneira de Maria educar. Apesar de estar aflita, primeiro pergunta
ao filho por que ele fez isso. Geralmente, num caso desses, a mãe já chegaria
dando bronca e nem dá chance para o filho falar e se explicar.
- Da parte de Jesus, admiramos a obediência: “Jesus desceu com seus pais
para Nazaré, e era-lhes obediente”.
“Jesus desceu com eles para Nazaré e era-lhes obediente”. Sinal que os
pais tinham autoridade sobre ele, mandavam, davam ordens e Jesus obedecia. Como
é importante a autoridade em casa! Os pais devem não apenas aconselhar,
orientar, mas exigir. “O pai que poupa a vara odeia seu filho” (Pr 13,24).
“Insista, aconselhe, oportuna ou inoportunamente, advertindo,
reprovando, com toda a paciência e bondade. Pois vai chegar o tempo em que não
suportarão mais a sã doutrina. Pelo contrário: desviarão os seus ouvidos da
verdade e os abrirão para ilusões, ao seu bel prazer” (2Tm 4,2-4).
A criança é como um bloco de mármore, no qual o escultor vai lapidar,
com o cinzel, fabricando uma estátua. A criança não nasce pronta, nem cresce
boa por si. Pelo contrário, a sua natureza é ferida pelo pecado. Se os pais não
educam em casa, as crianças vão aprender, na rua, os caminhos errados.
“E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante
dos homens”. Com esse tipo de pais, só podia dar isso. “Não te deixes vencer
pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21).
“Sua mãe conservava no coração todas estas coisas.” Maria não só ouvia,
mas guardava no cor os fatos, para tirar as lições para a vida. Os pais sempre
aprendem. Deus lhes fala de muitos modos, até através dos filhos.
Na família de Nazaré, todos os membros colaboravam, cada um do seu modo.
Assim, só podia dar no que deu: uma família que formou três santos.
O casamento é uma vocação bem definida dentro da Igreja. Os esposos são
chamados a viver uma espiritualidade característica. Instituído pelo próprio
Cristo, o matrimonia é uma íntima comunidade de vida e de amor.
O amor conjugal é um caminho para Deus e ajuda os esposos na sublime
missão da maternidade e paternidade.
O sentido do matrimônio é viver a caridade cristã na sua forma conjugal
e viver a responsabilidade humana e cristã de transmitir a vida e educar os
filhos. Além disso, os esposos ajudam-se mutuamente, sendo um para o outro e
para os filhos, testemunhas da fé e do amor de Cristo.
A família cristã é uma Igreja em miniatura. Ela está a serviço da
evangelização dos homens, e é sensível às necessidades do próximo.
A família é tão importante para Deus que, dos trinta e três anos que seu
Filho passou na terra, trinta anos viveu dentro da família. A família de Nazaré
é portanto um modelo completo de como viver em família.
Um dos grandes meios de manter a família unida é a oração em comum.
Havia certa vez um casal que estava brigando muito. Já haviam tentado de
tudo e nada dava certo. Foram, então, pedir ajuda a um sábio. Após serem bem
recebidos pelo sábio, expuseram o problema. O sábio os ouviu até o fim, sem
dizer nada.
Depois pediu licença, entrou para dentro de sua casa, foi até o quintal,
pegou um pequeno vaso, encheu-o de terra, arrancou uma muda de flor, enterrou-a
no vaso e voltou à sala. Entregou o vaso a eles e disse: “Levem este vaso para
casa. Se esta planta vingar e ficar viçosa, é sinal que a convivência de vocês
vai melhorar. Se ela morrer, é sinal que o casamento de vocês acabou mesmo”.
Os dois agradeceram e foram embora. Chegando em casa, a mulher regou o
vaso e colocou-o num lugar bem apropriado. No outro dia, ela foi logo cedo
regar o vaso. Mas teve uma surpresa: o marido já estava lá, regando-o. Os dois
sorriram um para o outro, e dali em diante as brigas foram diminuindo, até
acabarem de vez.
Aquele sábio colocou em prova a esperança do casal. Porque, se não
tivessem esperança, ou não quisessem recuperar a convivência, nem iam regar o
vaso. Bastava um deles querer, que a plantinha não morreria, isto é, que o amor
deles não acabaria.
Jesus nos confiou a plantinha da redenção. Nossa Senhora a rega todos os
dias. E nós? Esta planta precisa cobrir a face da terra!
Jesus foi encontrado por seus pais no meio dos doutores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário