SEXTA-FEIRA - 31 DE
AGOSTO
Mt 25,1-13
Alexandre Soledade
Bom dia! Contei uma
história no ano passado que serve bem para iniciar essa reflexão.
Era uma vez (…)
Certa vez uma jovem
moça cansou de acreditar. Preferia a racionalidade a viver da fé naquilo que
não podia entender ou ver. Dedicou-se, portanto a focar nas coisas palpáveis e
que considerava segura (carreira, financeiro, bens imóveis e moveis) e de certa
forma era feliz. Tinha amigos, colegas, reconhecimento, prestigio, (…). Aos
seus olhos, nada faltava.
Analisava sua vida
como forma de revide para as dificuldades que teve na infância e adolescência.
Uma família difícil, pais imaturos e ausentes, dificuldades financeiras, (…);
para ela era difícil ver a pessoa de Deus em meio a tamanho sofrimento. Sonhava
acordada vendo a vida boa de seus colegas e dessa forma disfarçava a inveja que
corria no seu peito e no seu olhar. “Serei grande e rica”! – pensava ela. Não
quis casar. Preferiu manter a individualidade e rédeas da sua vida a ter que
dividir com alguém suas alegrias, suas memórias, suas dúvidas, (…); não
desejava alguém para lhe a ajudasse a conduzir sua vida ou a aconselhá-la.
A vida, depois de
estabilizada, não mais deu reviravoltas para essa moça. Nunca mais passou por
tribulações que não pudessem ser superadas. Progrediu profissionalmente,
cresceu, ganhou status e uma promoção. Um dia então, saiu para comemorar com
seu carro importado e recém comprado, parou num semáforo e de súbito uma menina
bateu-lhe o vidro chamando sua atenção. Algo naquela garota lhe incomodava.
Perguntou-lhe então seu nome e surpreendentemente era o mesmo que o seu.
Foi um flashback!
Um rio de lágrimas lhe descia aos olhos, imaginava-se naquela criança. Lembrou
das dificuldades de criança. O clima nostálgico tomou conta daquele carro ao
ponto de desistir de comemorar, preferindo voltar para casa. Lá, abriu a gaveta
do armário e escondida entre meias, estava um livro empoeirado e de folhas
amareladas. Suas mãos tremiam e por mais que tentasse não conseguia fazê-las
parar.
- Quanto tempo não
te leio! – Disse ela chorando. Abriu, pois a bíblia e lá numa pagina marcada
leu:
“(…) Neste momento
os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o maior no
Reino dos céus? Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse:
Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como
criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como
esta criança será maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome a um
menino como este, é a mim que recebe”. (Mateus 18, 1-5)
Descobriu então o
quanto era preciosa desde a sua infância. Questionou-se imediatamente o que
fizera para mudar a realidade de outras tantas crianças que não tiveram a mesma
sorte ou competência que ela. Não sabia ela que acabava de entender o que é
compromisso social.
Saibam que de fato
tememos também em conflitar o que fizemos para mudar o nosso redor. Vivemos
então uma vida fracionada e não como um todo, O mundo que de fato me preocupo é
o que gravita ao redor do meu umbigo. Quem já trabalhou como voluntário em um
asilo, num hospital, numa ação social ou para os outros em sua pastoral tem a
real noção que NÃO TEMOS PROBLEMA ALGUM se compararmos com esses que REALMENTE
precisam de ajuda.
É preciso refletir
também um outro lado dessa parábola: “(…) O óleo que nós temos não dá para nós
e para vocês. Se vocês querem óleo, vão comprar!”
É obvio que Jesus
aqui não apregoava a individualidade ou a famosa frase “o problema não é meu”,
mas faço a seguinte pergunta: O que eu tenho haver com aquele que prefere errar
a acertar? O que fiz de concreto para mudar a realidade ao meu redor? De que
vale ganhar o mundo inteiro e perder a vida eterna? Claro que não temos como
por juízo na cabeça de tantos desajuizados por ai, mas o que posso fazer além
de fechar os olhos a eles?
Não somente os
alcoolizados, viciados, mas todos aqueles que partem para o mundo sem medir a
conseqüências de seus atos, aqui incluímos os que fazem barbeiragens no
trânsito, que vão brigar nos estádios, que acham “lindo” filmar duas colegas
brigando na escola e postar no facebook, Orkut, (…). Essa “noiva” que não pensa
o que faz podemos dizer que também se apegou ao imediato, ao fútil, ao prazer
temporário, mas agora, ou podemos chamar de hedonismo.
Lembram do texto de
reflexão de ontem? “(…) É complicado competir com o hedonismo, ou seja, pela
busca desenfreada por algo que nos dê prazer. Como o encarregado da propriedade
do evangelho de hoje passamos pouco a pouco a esfriar na crença ou na esperança
do que acreditamos. Vendemo-nos ou nos permitimos conquistar facilmente pelas
coisas que me façam feliz hoje, agora,…”.
Tudo bem que a
história que contamos no começo é um conto criado e não um testemunho, mas por
que não aprender com a mensagem que transmite o conto? Até quanto seremos
noivas que apenas esperam e não planejam ou tem ações proativas para melhor
recebê-lo?
No mês de Setembro
provavelmente refletiremos muito sobre compromisso, ação e omissão quanto ao
anúncio da Boa Nova e quanto estou conservando-a dentro de mim através da fé,
da esperança e da caridade.
Um imenso abraço
fraterno.
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