EXALTAÇÃO
DA SANTA CRUZ – 14/09/2012
1ª
Leitura Números 21, 4b – 9
Salmo 77 (78) , 7 “Aprendam a por em Deus sua
esperança e não esqueçam sua divina obra”
2ª
Leitura Felipenses 2, 6-11
Evangelho
João 3, 13 - 17
"CRUZ: A
VITÓRIA DO AMOR!" – Diac.
José da Cruz
Afirmar,
antes do século IV, que Jesus foi um vencedor na cruz do calvário, era
passar-se por ridículo, fazer zombaria com a desgraça e a tragédia que se
abateu sobre o Nazareno. Na própria comunidade cristã, o uso da cruz como
símbolo cristão, só viria após esse período. Falar de alguém que morreu numa
cruz, ser seguidor de suas idéias e ensinamentos, era empreender uma caminhada
incerta que poderia terminar em fracasso, pois antes da conversão do imperador
Constantino, o Cristianismo era considerado uma seita.
Há uma
linha crescente no evento Jesus de Nazaré, que começa com o seu batismo,
prolongando-se nos grandes prodígios que realizou inclusive a ressurreição de
mortos, que atinge o seu ápice quando o povo vê nele os sinais messiânicos
aclamando-o como rei na subida para Jerusalém, cuja entrada triunfal era a
concretização do ideal de libertação, sonhado e alimentado no coração do povo.
Entretanto, esse evento marcou na verdade o início de uma tragédia, que iria
culminar com a morte humilhante e vergonhosa na cruz do calvário.
A cruz
foi assim, até o século IV o símbolo do fracasso e da vergonha, porém, no
evento pós- pascal, os seguidores de Jesus, os discípulos e todos os que
professavam nele a sua fé, são convidados agora a olhar para o lenho da cruz
com um olhar diferente, iluminado pela glória da ressurreição.
Um
olhar que transcende o próprio objeto, enxergando no crucificado a
concretização do projeto de Deus, seria, portanto o ápice da glória do Filho do
Homem, o momento da sua morte na cruz, ilumina a existência humana dando-lhe um
novo sentido e mostrando a vocação do homem, criado a imagem e semelhança de
Deus, à plenitude do amor.
Os que
rejeitavam Jesus, sua pessoa e seu anúncio revolucionário, ao ser levantada a
cruz no alto do Gólgota, enxergaram apenas um homem agonizante, um derrotado
que o poder Imperial e Religioso fez calar a boca, o poder religioso tinha boas
razões para querer acabar definitivamente com Jesus, ele ousara falar de uma
salvação que não passava pelos padrões religiosos do Povo de Israel, e isso era
imperdoável.
Entretanto,
aquela cruz, sinal de aparente fracasso, torna-se a maior e mais explícita
declaração de amor de Deus pela humanidade, e nesse caso, o homem olhando para
o crucificado, sentindo-se tocado em seu íntimo por um tão grande amor,
reconhecerá em Jesus, esmagado na cruz, a glória de um amor nunca antes
conhecido por nenhum homem, nesse sentido, deve-se olhar para a cruz com o
coração.
Contrariando
o princípio imperialista da desigualdade social, que facilita a classe
dominante, o cristianismo se fundamenta na igualdade e justiça social, a partir
da liberdade. Nesse sentido o Deus dos Cristãos é o Deus Libertador, que assim
manifestou-se no fato histórico do Povo Hebreu no Êxodo do Egito, uma
prefiguração da libertação plena do mal do pecado, que Jesus, o novo Moisés
realizou.
Confiança
e fidelidade na ação Divina a favor do povo oprimido e explorado é o que as
leituras desse domingo nos pedem, os deuses de ontem e de hoje, apesar de muito
sedutores, conduzem o povo à morte, como as serpentes do deserto. Há um só Deus
Criador, Redentor, Libertador, que pode salvar o homem: é Jesus, o Filho de
Deus, encarnado na história do homem. A salvação e a libertação está disponível
à todo homem que crer nele.
Olhar
para a cruz com um olhar de esperança e fé, é um grande desafio, porque os
olhos da carne vislumbram apenas um homem derrotado, esmagado, destruído pelo
poder do mal, mas o olhar de fé sabe vislumbrar, além do fracasso a glória que
envolveu Jesus, no preciso momento em que o Pai foi glorificado, porque seu
amor, presente no mistério, oculto desde toda a eternidade, agora se torna
visível, sendo impossível não crer nesse amor, pois como afirma João – Deus é amor
e somente um amor grandioso como o de Jesus, foi capaz de tão grande
sacrifício, a favor dos homens, transformando o fracasso da cruz na maior de
todas as vitórias sobre o mal, de maneira definitiva. (Exaltação da Santa Cruz Jô 3, 13-17)
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