TERÇA FEIRA DA 24ª SEMANA
DO TC 18/09/2012
1ª Leitura 1Cor 12, 12-14. 27- 31ª
Salmo 99 (100), 3c “Somos o seu povo e as ovelhas de seu
rebanho!”
Evangelho Lucas 7, 11-17
“O SENHOR DA VIDA” - Diac.
José da Cruz
Jesus não
ressuscitou muita gente naquele tempo, os evangelhos mencionam apenas três:
Lázaro de Betania, irmão de Marta e Maria, a filhinha de Jairo, Chefe da
Sinagoga, e o filho da viúva de Naim, que Lucas narra no evangelho desse
domingo.
Conclui-se, portanto,
que não era propósito de Jesus libertar e salvar os homens da morte biológica,
pois se fosse assim, sua missão teria sido um fracasso já que ressuscitou
apenas esses três e nem José, seu pai adotivo, ele teria conseguido livrar da
morte. Há ainda outra questão importante a ser considerada: que vantagem teria
se ressuscitar fosse apenas retornar a esta vida, com todas as suas limitações
e aprendizado, suas angústias e tribulações? Por acaso não iríamos morrer
novamente, como o próprio Lázaro, a filha de Jairo e o moço que Jesus
ressuscita nesse evangelho? Não, não valeria a pena, com toda certeza!
Essa vida nova que
Cristo nos dá, através de sua paixão, morte e ressurreição, é infinitamente
melhor e superior a esta existência terrena, a ponto do apóstolo Paulo afirmar
em uma de suas cartas “os sofrimentos do tempo presente nem se comparam àquilo
que Deus irá nos revelar”, ou ainda “o que vemos hoje é como se fosse em um
espelho, mas depois nos veremos como de fato o somos”.
A chave que decifra
esse mistério da Vida e da morte está precisamente em Cristo, nele o Pai não só
se revela, mas revela também quem é o homem. A graça de Deus que em Cristo
recebemos nos faz criaturas novas onde o mistério é iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz
Verdade chegou até nós por causa do evangelho, anunciado pelo próprio Cristo –
filho de Deus feito homem, que ao trazer-nos a Boa Nova permitiu-nos conhecer a
Deus, descobrindo o sentido da nossa vida na Vida de Cristo, onde todos os
limites humanos foram superados, ao dar-nos acesso a Deus, rompendo para sempre
a barreira do pecado.
Sem este anúncio e
esta graça, a nossa esperança por uma Vida Nova, seria vã, não passaria de uma
grande utopia, uma fantasia e ilusão que um belo dia chegaria ao seu final, mas
o homem que vive pela fé, a comunhão com Cristo, sabe em seu coração que não
caminha para o fracasso da morte e esta esperança viva é que dá a esta vida
terrena um sentido novo.
Portanto, nossa
Vida está em Cristo porque nele nos movemos e somos, sem ele, nossa caminhada
terrena não passa de um cortejo fúnebre, onde somos como um morto vivo,
caminhando para a ruína da morte biológica, para ser devorado pela terra.
A vida do homem que
tomou a decisão de viver sem Deus, ignorando esta Salvação e Libertação
oferecida por Jesus, é muito triste, porque ele se ilude com toda pompa que
esta vida oferece, satisfazendo seus desejos egoístas, colocando toda sua
esperança nas coisas que passam, e no final, descobre que foi enganado, quando
percebe que caminha para a morte. Mas nunca é tarde para reverter esse quadro
doloroso, pois, para quem caminha assim, como se fosse um corpo sem vida,
irradiando tristeza e dor aos que o acompanham, o evangelho desse domingo
anuncia algo maravilhoso: no sentido contrário, vem chegando Cristo Jesus,
Senhor da Vida, aquele que movido de compaixão, como na entrada da cidade de
Naim, irá dizer a viúva e aos que a seguiam no enterro de seu filho: não
chores!
Hoje há tantas mães
caminhando tristes, levando seus filhos para a sepultura, há tanta gente
caminhando cabisbaixa, sem uma perspectiva de vida e sem esperança no coração.
Não chores mais – diz o Senhor, que ao tocar no esquife, que são as misérias do
homem, dirá com firmeza “Moço, eu te ordeno, levanta-te!”.
E diante de sua
palavra libertadora e restauradora, o homem renasce e se torna uma nova
criatura, só Cristo é a nossa vida, só ele tem a palavra de ordem, capaz de nos
levantar de todos os nossos pecados que querem nos arrastar inexoravelmente
para a morte. Longe de Deus e da sua Salvação oferecida por Jesus, iremos
fatalmente morrer, mas com ele teremos a Vida Eterna, que extrapola os nossos
limites e nos reconduz ao paraíso da plenitude, resgatando a nossa imagem e
semelhança com que fomos criados por Deus.
É missão nossa como
Igreja anunciar a toda criatura esta vida que vem de Jesus, mas isso só será
possível se como ele, tivermos no coração essa compaixão, que nos leve a sofrer
e chorar com quem sofre e chora, onde um sorriso, um abraço, uma palavra de
consolo ou um gesto de caridade, sempre feito em nome de Jesus, terá a mesma
força de sua palavra libertadora, capaz de levantar quem se julga morto. O
cristão, como qualquer ser humano, também pranteia seus mortos, mas a diferença
está naquilo que ele espera: a plenitude da Vida, reservada aos que crêem que
esta vida é uma peregrinação para a casa do Pai, predestinados que fomos desde
toda a eternidade.
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