20- DOMINGO - Evangelho - Lc 1,39-56
Bom dia!
Maria recebe de Deus um grande presente e uma grande
responsabilidade – Ser a mãe de Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem,
na fração de segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe
escolhida por Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?
Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia,
nosso tempo de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente
sanguínea, a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não
conseguimos nem nos mover, outros apenas fogem. Numa situação fisiológica tão
desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o
anúncio.
O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e
parte!
“(…) Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a
força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que
nascer de ti será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela
concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por
estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: Eis aqui
a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se
dela“. (Lucas 1, 35-38)
Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe
aconteceu por meio do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num
concurso, no vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais
rápido que possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela
celebrar. Lembrei dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais
felizes do que eu, mas por que?
Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia
conseguido era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final
de campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e
ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e
a todos os seus descendentes, para sempre”.
E foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse
das promessas de Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis;
olhava para Maria, sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a
mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada
também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi
você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha
barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe
disse”.
Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia
abandonado seu povo (para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a
presença de Deus). A alegria de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio
romano, da opressão, dos tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar
a Deus, gesto este que outras santas mulheres, santas, pois tinham fé,
conseguiram durante a missão de Jesus.
Sim! Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida
que brotava de um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde
apedrejavam as adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a
maior declaração de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao
fato de não podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e
próximo a Jesus, levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que
Deus é amor!
Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de
EVA e a fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.
Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi
destemida, pois não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança,
a fez homem, o viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num
vestibular, mas creio que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se
realizou em seu filho.
Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!
Um imenso abraço fraterno.
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