SÁBADO DA 21ª SEMANA DO TC 27de
agosto
Salmo 32 (33), 12b “Feliz o povo
que o Senhor escolheu para sua herança”
Evangelho Mateus 25, 14-30
"LUCROS E PERDAS DA NOSSA FÉ"
Esse evangelho nos coloca a parábola dos talentos, que
poderá ser mal compreendida, se não aprofundarmos a reflexão, pois não estamos
diante de um simples acerto de conta entre um patrão e seus servos, mas diante
de algo muito mais sério que é o sentido da nossa vida. A grande pergunta que
estará em nosso coração e em nossa mente, quando esta vida estiver se esvaindo,
é exatamente essa: Investimos a nossa existência em que? Terá valido a pena ?
Na contabilidade há um demonstrativo em cada final de
exercício, que mostra aos investidores e acionistas, de que modo foi investido
o capital por eles disponibilizado, esse balanço final mostra o Ativo e o
Passivo, os ganhos e perdas da empresa, seus direitos e obrigações, seus
valores a receber e suas contas a pagar, seu acréscimo patrimonial ou suas
perdas, caso houver. Esta visão permite ao acionista decidir se continuará
investindo ou se vai procurar outro negócio mais rentável.
Ora, Deus Pai investiu tudo em nós, o Filho pagou um alto
preço, mais que todo o ouro, toda a prata e todas as fortunas que há no mundo,
é um direito Dele portanto, querer saber no final de nossa vida, o que foi que
fizemos com o nosso viver, com a sua graça, com a vida nova que tivemos acesso,
com a obra da salvação, uma pessoa extremamente bondosa e amorosa para conosco,
nunca nos cobra nada, pois o seu amor é incondicional e gratuito, mas a gente
se sente na obrigação de dar um retorno, que pode ser uma grande alegria, como
a dos dois primeiros servos, que duplicaram os talentos que lhes foram
confiados, ou então será um momento de grande tensão e angústia, marcado pelo
medo, por causa de uma relação distorcida com o Patrão. Podemos perceber que os
outros dois não tiveram a preocupação de justificar o porquê aplicaram bem o
talento recebido, pois independente do rigorismo e da exigência do Patrão,
sentiram-se no dever de corresponder à confiança neles depositada.
Deus reconhece as nossas limitações, ele sabe muito bem que
nem todos irão viver bem, descobrindo o sentido da vida e vivendo na essência
do seu amor, e por isso, diante dele é válido todo e qualquer esforço de se
viver segundo suas leis e sua santa palavra. Podemos até dizer, que o talento
dado, é a própria existência, visível aos nossos olhos, e que os talentos
adquiridos com um bom investimento, são as graças sobrenaturais que antecipam
em nosso caminhar, esta vida nova que Jesus nos presenteou. Na hora certa, esta
vida não nos será tirada, mas enriquecida com os demais talentos ,quando
vivemos bem a nossa vida terrena, entendendo que ela é muito mais do que aquilo
que se vê, São Paulo chama isso de caminhar na Fé.
Porém, aquele que se apegou a esta simples existência,
limitando-se a viver apenas na visão, alimentando sua esperança apenas com
aquilo que esta vida terrena pode dar, este é o servo Mau e preguiçoso, que
investiu mal a sua vida, e que no balanço final da sua existência, já diante de
Deus, irá constatar horrorizado, que não auferiu nenhum lucro, e que o que
pensava ser um grande lucro, foi na verdade uma grande e terrível perda, e que
terminou o seu exercício terreno com um saldo negativo, devendo algo para Deus.
Há uma música pastoral belíssima, cujo refrão diz “tudo
vale a pena, quando a alma não é pequena!” Eis o grande segredo que o homem
precisa descobrir que o viver não se restringe aos limites do corpo, mas que o
homem traz em si as sementes da eternidade, de uma Vida renovada pela qual vale
a pena lutar para buscá-la e mantê-la a cada dia, porque os nossos horizontes
são muito mais amplos do que nossos olhos podem vislumbrar, e esta descoberta
prodigiosa que muda tudo em nossa vida, só ocorre na vida de quem vive na Fé.
Ainda tomando o exemplo da Contabilidade empresarial, mês a
mês se faz o balancete, que como o próprio nome diz, trata-se de um Balanço
menor, que mostra os valores movimentados e ajudam o empresário a redirecionar
seus investimentos, caso o resultado do balancete não seja bom, por isso esse
evangelho nos convida também a um bom exame de consciência diante de Deus no
sentido de saber com clareza e sinceridade, o que é que estamos fazendo da
nossa vida, que são os talentos que Deus nos confiou, sempre é tempo de nos
converter, de acertar as contas negativas e fazer novos investimentos na
caridade, no amor, na solidariedade, com os lucros auferidos da Palavra de Deus
e da força da Eucaristia.
A grande diferença da nossa vida de fé e de um controle
contábil, é que o nosso Deus não é avarento nem egoísta, e o pouco que
conseguirmos lucrar com a prática do amor cristão, já será suficiente para
ouvirmos dele a palavra que o nosso coração anseia: “Porque foste fiel na
administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha
alegria!” Alegria que já experimentamos ainda nesta vida, quando colocamos
todos os nossos talentos para servir os nossos irmãos, ajuntando um tesouro no
céu. (Diácono José da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP-
E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)
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