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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Se teu irmão tiver pecado...- Maria Cecília


15 de agosto
Evangelho - Mt 18,21-19,1


Este evangelho é anunciado logo após Jesus ter tratado do pecador incorrigível, caso extremo que leva a excomunhão. Neste contexto, Ele passa à situação contrária e bem mais comum do perdão e da reconciliação dentro da comunidade. A situação é a mesma: "Se teu irmão tiver pecado..." Mas neste caso, o pecador escuta a parte ofendida, ou algumas testemunhas, ou toda a comunidade. Mas, outra questão surge.. Quantas vezes essa pessoa deve ser perdoada? Pedro, novamente como porta voz do grupo, responde a si mesmo, com o que imagina ser uma resposta generosa: "Até sete vezes?" Porem Jesus o corrige e surpreende quando responde: setenta vezes sete. Não se deve entender literalmente este número, mas sim com o simbolismo que ele traz em si. Na Bíblia, o 7 tem significado de totalidade, plenitude, completação. Assim é vingado Caim (Gn 4,24a).
Quando aparece multiplicado por ele mesmo, como no caso de Lamec, vingado por setenta vezes sete (Gn 4,24b), não significa excesso, mas sim a retirada do limite implicado na totalidade. Essa mesma idéia de totalidade, plenitude, do numero sete, é usada no Novo Testamento. São sete os pães multiplicados e sete os cestos de pedaços que sobraram (Mt 15,34.37). O que deve ser apreendido deste trecho é que ao cristão não cabe colocar limites ao perdão.
Para melhor esclarecer o perdão sem limites, Jesus usa como exemplo, a parábola do devedor implacável. Esta parábola é  uma outra forma narrativa para o segundo pedido que fazemos ao rezar o Pai Nosso: "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nos perdoamos aos que nos ofenderam" (Mt 6,12). Desta maneira, Ele evidencia que a disposição de Deus para nos perdoar depende da nossa disposição de perdoar os que nos ofendem. Devemos identificar o rei, da parábola, com Deus. Notemos que esse rei é tratado como senhor,  exige uma prestação de contas, e demonstra  sua misericórdia ao perdoar a dívida enorme. Entretanto, o servo implacável nada aprende com o exemplo de seu rei e age de forma cruel com outro servo, que lhe é devedor, fato que resulta na revogação do seu perdão. 
Este trecho do evangelho nos adverte de que o perdão de Deus, e inesgotável, mas está condicionado a nossa disposição de perdoar os outros. Mostra-nos também que até o perdão concedido por Deus pode ser revogado, se não soubermos, como Ele, perdoar. Cuidem-se! Os implacáveis São excluídos da misericórdia divina, e aqueles que desejam receber essa misericórdia, precisam ser misericordiosos com os outros.
O evangelista termina sua narrativa dizendo que Jesus, tendo terminado esses discursos, deixou a Galileia, entrando no território da Judéia. Para melhor compreender esta focalização, e preciso esclarecer que, para Mateus, a Galileia é lugar de revelação (cf.4,12-17) e a Judéia é o lugar de rejeição e morte. Sabendo disso, fica claro que este texto de Mateus tem a intenção de orientar as comunidades cristãs sobre como lidar com problemas de busca de posição, escândalo, deslizes, reconciliação e perdão.


Maria Cecília  

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