Dia 23
Mc 3,1-6
É permitido no sábado fazer o bem ou
fazer o mal?
Este Evangelho narra a cura do homem que
tinha a mão seca. Jesus entrou na sinagoga e viu o doente lá no canto da
sinagoga. Como era sábado, alguns observavam para ver se ele ia curar o homem
no sábado, pois, segundo a tradição deles, era proibido.
Jesus falou para o homem: “Levanta-te e
fica aqui no meio”. Em seguida perguntou ao povo: “É permitido no sábado fazer
o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?”
A lei do descanso sabático foi criada
para beneficiar o povo. Portanto, no sábado é permitido fazer o bem e curar uma
pessoa doente! Entretanto, devido a essa cura, já tramaram a morte de Jesus.
O nosso saudoso Papa João Paulo II, na
preparação para o jubileu do ano 2000, apresentou esta frase de Jesus:
“Levanta-te e fica aqui no meio”, como a nossa missão do terceiro milênio.
Jesus chamou o homem para o espaço
central da sinagoga porque ele estava na beira da parede, separado do povo,
humilhado, pois sua doença era considerada castigo de Deus. Jesus fez um gesto
de inclusão, o contrário do que a sociedade atual faz: exclusões de diversos
tipos e pelos mais diversos motivos.
Em vários outros momentos, Jesus
procurou incluir quem estava excluído: no encontro com a samaritana, com a
mulher adúltera, com Zaqueu, com o cego de Jericó...
Olhando os 2009 anos de presença da
Santa Igreja no mundo, e os 509 anos no Brasil, vemos que ela fez muitos gestos
de inclusão. Basta olhar as Santas Casas do Brasil que foram criadas pela
Igreja, o trabalho dos vicentinos, das pastorais sociais, todo o trabalho
missionário e de evangelização que tira o povo da marginalização religiosa...
Mas ainda existem entre nós, infelizmente,
muitas exclusões: desemprego e subemprego, prostituição, hospitais cheios de
leitos vazios, esperando os ricos, enquanto o povo do bairro não tem
atendimento médico...
Queremos pedir perdão a Deus, e
continuar fazendo o mesmo convite de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”,
mesmo que soframos ameaças como ele sofreu.
Assim nós atender ao apelo do Papa João
Paulo II, já que temos a graça de viver no terceiro milênio: venha para o
centro da vida, saia da margem da sociedade,vença a exclusão!
Queremos fazer virar verdade as palavras
do Profeta Isaías: “Não haverá mais crianças que vivam apenas alguns dias, nem
velhos que morram antes dos cem anos. Construirão casas, e nelas habitarão.
Plantarão vinhas, e colherão seus frutos. Ninguém vai construir para outro
morar, nem plantar para outro comer. E todos serão abençoados por Deus. O lobo
e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá capim junto com o boi” (Is
65,20-25).
Se olharmos a História da Igreja,
veremos que todos os santos e santas fizeram isso, incluíram os excluídos.
Jesus nos faz um apelo missionário. Ao
chamar para o centro esse homem de mão ressequida, ele nos convida a
participarmos da festa da inclusão. É sempre assim: quando alguém procura
incluir uma pessoa marginalizada, esse seu gesto se torna um convite a todos os
marginalizadores a se converterem, passando a incluir as pessoas na sociedade,
em vez de excluí-las. O certo é colocar a pessoa em primeiro lugar, a vida
acima dos bens materiais e das leis, como fez Jesus em relação à lei do sábado.
A nossa sociedade atual tem muitos
valores, mas tem também malandragens terríveis. Por exemplo, o disfarce. Vale
para ela o que disse o Profeta Jeremias: “Vós tratais com negligência as
feridas do meu povo, e dizeis: ‘Está indo tudo bem’; quando, na verdade, está
indo tudo mal” (Jr 6,14). Como é importante as nossas Comunidades serem luz no
meio dessa geração!
Certa vez, Frei Galvão estava pregando
numa cidade, e um homem resolveu dar de presente para ele três frangos. Pegou
os frangos no seu terreiro e os levou para a casa paroquial, onde o Frei Galvão
estava hospedado.
Aconteceu que, ao entregá-los ao Frei,
um dos frangos escapou. O homem instintivamente deu um xingo, dizendo: “Frango
do diabo!” Correu, pegou o frango na rua e o trouxe. Mas Frei Galvão falou: “Eu
só aceito estes dois. Este aí não, porque você o deu para o diabo”.
Imagine a lição que o homem levou, ele
que havia falado aquilo sem nem perceber! Mas é o “bendito” costume de falar
palavrões. Muita gente de vez em quando se esquece de que foi batizado.
Ser profeta é um dos trabalhos mais
bonitos de inclusão, porque aproxima as pessoas de Deus, o qual nos faz felizes
em qualquer situação em que estivermos. Frei Galvão foi profeta não só para
aquele senhor, mas para todos os que viram a sua atitude.
E quando formos convidar alguém para o
centro da vida, convidemos também Maria Santíssima, porque ela é a nossa mãe, a
nossa rainha, a mais bela flor que o universo produziu.
É permitido no sábado fazer o bem ou
fazer o mal?
Padre Queiroz
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