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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

"A SÓS COM O SENHOR..." - Diac. José da Cruz



09 de Fevereiro - sábado
              



                                "A SÓS COM O SENHOR..." - Diac. José da Cruz
Sempre ouço uma crítica contundente em nossa Igreja, de que, “no dia em que Jesus voltar, não vai nos encontrar unidos, mas reunidos”. Há de fato um excesso de reuniões, as vezes sem pauta e nem assunto determinado, e o que é pior, sem horário para terminar, onde patina-se em assuntos pessoais e troca-se muitas “farpas”. Seria necessário refletirmos sobre a qualidade de nossas reuniões, avaliando-se os resultados. Lembro-me da primeira vez em que fui convocado para uma reunião na igreja, isso já faz tempo. Senti-me muito importante, hoje confesso que o entusiasmo já não é tanto justamente porque ás vezes o clima de uma reunião torna-se tenso.
Pelo jeito os discípulos também gostavam de uma reunião, haviam sido enviados em missão, e no evangelho de hoje voltam para Jesus, querendo fazer uma reunião de avaliação, mas ao que parece, o Mestre não era muito chegado em reunião, porque assim que eles começaram a expor o relatório de tudo o que tinham feito, Jesus os convidou a irem para um lugar á parte: “Vamos descansar um pouco em um lugar á parte!” –
 Prestemos atenção nesse verbo, “descansar”, que tem muitos significados: descontrair, fazer algo diferente, jogar um pouco de conversa fora, dar boas risadas de coisas engraçadas que aconteceram na missão, rir dos próprios erros e enganos “Imagine Senhor, que eu por engano bati na porta de um ateu, e quando comecei a falar em teu nome, pensei que o home ia ter um “saracotico”!, Fico imaginando o grupo todo caindo na risada com aquele Missionário distraído, e Jesus exclamando bem humorado “Mas você é uma anta mesmo !”, e tome mais risada e até o sisudo Pedro, quase se engasga de tanto rir, e me dirão os extremamente conservadores, que isso não está no evangelho. E nem precisaria...O riso e o bom humor faz parte do ser humano e Jesus era Homem cem por cento, como bem definiu o Concílio de Calcedônia em 451. O leitor tire suas conclusões...
Modéstia á parte, nossas reuniões de diáconos da diocese de Sorocaba, são um pouco assim, as vezes o Dirigente tem que dar um “breque” para acalmar os faladores e piadistas, e não pensem que os mais idosos não gostam, até eles fazem rodinhas para contar suas anedotas ou coisas engraçadas do seu ministério. Faz muito bem a alma, ao coração e à nossa “psique”, esses momentos de pura alegria por estarmos juntos, pois não se conhece arma mais poderosa do que o isolamento, para destruir por completo uma vocação, agente de pastoral que se isola dos demais, catequistas, ministros, padres e diáconos. Começou a ficar sozinho, está dando “sopa” para a derrota e o fracasso na sua vocação, daí vêm certas tristezas, angústias e desvios de conduta, por falta de apoio.
Na correria dos trabalhos pastorais e ministérios, é preciso parar de vez em quando, e aqui há outro sentido belíssimo nessa reflexão, pois, descansar com o Senhor, significa abastecer-se, na intimidade da oração, no mistério da Eucaristia, onde Deus é um frágil pedacinho de pão, na palma da minha mão, ou ainda como Maria, irmã de Marta, sentar-se confortavelmente aos pés do Senhor, para ouvir a sua palavra. De que me adianta não ter tempo para mais nada, nem para mim mesmo, nem para os amigos, nem para a família, nem para comer, por conta de uma agenda lotadíssima de compromissos, se vou aos poucos me distanciando daquilo que é essencial?
O ativismo exacerbado das atividades pastorais e ministeriais começa a nos fazer sentir que somos Donos do reino e da igreja colocando-nos no centro das atenções, quando na verdade apenas trabalhamos para o Mestre Jesus.  É ele quem nos envia, quem nos confia a missão, é portanto ele, que no “intervalo” do jogo, como fazem os técnicos de futebol, irá nos dar as instruções, fazer as correções necessárias, mostrando-nos a melhor estratégia para sermos bem sucedidos na missão.
Não tenho nenhuma dúvida, de que sem essa intimidade dos bastidores, com Nosso Senhor, retirados em um lugar á parte, sem essa descontração com o grupo todo, que solidifica a amizade e o carinho entre os membros, qualificando as relações pessoais, corre-se o risco de estressar-se diante do volume de trabalho a ser feito na comunidade e na evangelização.
 Fora da Igreja, a multidão que temos que servir é muito grande, as pessoas buscam desesperadamente algo que o cristianismo tem de sobra, que é a esperança, presente na palavra da qual somos portadores, mas é perigoso esse “corre-corre” nos tornar insensíveis a dor, ao sofrimento e as necessidades das pessoas, tornando-nos profissionais da palavra, realizando trabalhos belíssimos e ações arrojadas, mas não movidos por essa COMPAIXÃO, que Jesus tem pelas pessoas que o procuram, mas apenas levados por nossos interesses mesquinhos, pela nossa vaidade, prepotência e arrogância, manifestando de vez em quando o nosso mau humor e azedume naquilo que fazemos.
E  Agentes de Pastoral ou ministros da igreja, com essa característica, longe de atrair as pessoas, como o Mestre fazia, as vezes é melhor manter a devida distância, porque nunca se sabe em que hora que o “Rei ou a Rainha da Cocada”, vai dar o seu terrível “coice”, que magoa, machuca e gera tantas divisões e intrigas na comunidade, perdendo de vista a compaixão, vivida por Jesus. Compaixão que o levou a interromper o descanso, para atender os que o procuravam.

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