Terça-feira, Dia 31 de julho
Mt 13,36-43
DEUS QUER QUE O
AMEMOS!
Como sabemos, esta
perícope é uma explicação dos versículos anteriores, em que Jesus conta uma
parábola. Se estivermos bem lembrados, no Evangelho de ontem, falamos sobre a
clareza nas pregações de Jesus, ao contar historinhas pedagógicas (parábolas).
Entretanto, em algumas afirmações de Mateus, podemos ver que o sentido de Jesus
contar parábolas era para que as pessoas ouvissem e não compreendessem. Não há
uma contradição aí?
Bem, é certo que as
parábolas de Jesus eram bem compreensíveis aos ouvidos da multidão que seguia
Jesus, mas o evangelista salienta que muitos chefes de Israel não aceitavam o
modo de falar do Mestre, e, por isso, eles ouviam as comparações de Jesus, mas
recusavam-se a compreender, a assimilar.
O joio, uma planta
considerada daninha para as plantações, confunde-se com o trigo, na sua
primeira fase de crescimento. E Jesus usa essa comparação para alertar os seus
ouvintes da importância de estar sempre atento às investidas impiedosas que o
mundo oferece. O Mestre sabia que os seus seguidores eram vulneráveis, medrosos
e, ao mesmo tempo, esperançosos. Sabia, também, que muitos iriam lutar para
convencer os discípulos de que estavam seguindo a pessoa errada. Por isso ele
conta essa parábola, para advertir os seus discípulos de que muitos obstáculos
estavam esperando por eles.
Jesus ameaça
aqueles que querem destruir o seu projeto, mas é uma ameaça para dissuadi-los
de levar a cabo tais atos. Jesus não quer ser vingativo, nem castigador, mas
quer ter o maior número possível de seguidores que creiam num Deus capaz de
amar incondicionalmente, sem nada em troca: sem sacrifício, sem promessas, sem
aniquilação da pessoa humana. Um Amor que assusta!
Muitos pregadores
só usam a última parte dessa passagem para assustar e alienar os fiéis. Tiram a
passagem de seu contexto para ameaçar as pessoas, para amedrontá-las e,
consequentemente, para dominá-las, assim fica mais fácil tirar delas tudo o que
quiserem. Os crentes em Deus devem ficar atentos: Jesus nos apresenta um Deus
de Amor, puro Amor. Agora, um Deus-Amor mata e destrói? Um Deus-Amor toma todo
o dinheiro do pobre? Um Deus-Amor exclui muitos de seus filhos, para favorecer
apenas aqueles que pagam o dízimo? Pensemos nisso. E essa não é uma crítica a
uma ou outra religião, mas a todas as religiões que usam a bíblia para oprimir
e explorar!
A última parte
dessa explicação parabólica deve ser posta em seu contexto. Os evangelistas
viveram quando Jesus já havia morrido e ressuscitado. Havia algumas
perseguições aos novos cristãos, e por isso a ameaça é posta no final do
discurso de Jesus para dar esperanças a esses fiéis perseguidos: pois haverá
uma recompensa para aqueles que permanecerem inabaláveis diante das
perseguições!
Amemos sem querer
nada em troca! Deus prefere que nós o amemos, e não que o temamos, amedrontados
em um cantinho qualquer! Nós mesmos devemos extirpar (arrancar pela raiz) o
joio de nossos corações, e é esse o objetivo da vinda de Jesus em nosso meio!
Fr. José Luís Queimado,
CSsR (jlqueimado@ig.com.br)
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