30- Quinta - Evangelho - Jo 5,31-47
Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa
esperança.
Neste Evangelho, Jesus mostra a obcecação e má fé dos judeus, através
de vários argumentos contundentes. Eles não seguem nem Moisés (Cf cena do
bezerro de ouro na Primeira Leitura), no qual colocam a sua esperança. Assim
como Moisés, o próprio Filho de Deus teve de enfrentar a incompreensão e má
vontade dos chefes judeus.
“João deu testemunho de mim... mas eu tenho um testemunho maior que
do João: as obras que eu o Pai me concedeu realizar.” De fato, as nossas obras
são o nosso maior testemunho. Elas falam alto a nosso favor ou contra nós. “É
pelos frutos que se conhece a árvore”.
“Vós examinais as Escrituras... no entanto, elas dão testemunho de
mim, mas não quereis vir a mim.” A nossa leitura da Bíblia deve ser cercada de
humildade, abertura de coração e muita oração, a fim de não colocarmos nela o
que ela não diz, ou não entendermos o que ela fala. A pessoa obcecada
facilmente torce as palavras da Bíblia, levando-as a dizer aquilo que a pessoa
quer.
O certo é que Jesus usou de todos os recursos para evitar que as
autoridades fizessem o maior crime da história: matar o Messias, enviado de
Deus; mas não adiantou. Jesus resume tudo, dizendo que a razão principal da
recusa dos chefes a ele era porque as suas obras eram más. A vida em pecado
obscurece a inteligência e torna duro o coração. “Eles preferiram as trevas à
luz, porque as suas obras eram más”.
Jesus está presente hoje em sua Igreja una, santa, católica e
apostólica. No rosto da Igreja está o rosto de Jesus, assim como no rosto de
Jesus está o rosto de Deus Pai. Mas só quem acolhe e observa os mandamentos
pode chegar a essa verdade (Cf Jo 14,21).
Jesus teve de suportar a incredulidade e incompreensão dos seus
contemporâneos. Igualmente os seus discípulos de hoje têm de enfrentar a
incredulidade e má vontade do povo. De tanto “bater em ferro frio”, muitos
líderes sentem a tentação do desânimo e do pessimismo. Mas isso é esquecer a
história; todos os tempos foram assim, desde Jesus.
Que nessa quaresma pelo menos nós nos convertamos e nos tornemos
seguidores mais fiéis do crucificado.
Certa vez, um bêbado encheu demais a cara, aprontou umas bagunças e
foi preso. Entrando na cadeia, ele viu uma imagem de S. José e começou a
zombar. O soldado falou: “Cuidado, respeite. Ele é esposo de Maria e pai de
Jesus”. No outro dia ele foi solto.
Na semana seguinte, ele encheu de novo a cara e desta vez ficou mal
e foi levado para o hospital. Lá, ele viu uma imagem de Nossa Senhora e começou
a zombar. A enfermeira falou: “Cuidado, respeite. Ela é esposa de José e mãe de
Jesus”. No dia seguinte, ele teve alta.
Dias depois, ele estava andando na rua e viu a procissão de Corpus
Chisti. Uma enorme multidão cantando e dando vivas a Jesus. No meio, ia o padre
segurando o hostensório com a hóstia consagrada. Ele começou a rir e a zombar.
Um senhor ouviu e lhe disse: “Cuidado, respeite. Ele é Jesus, filho
de Maria e de José”. Então o bêbado disse: “Onde já se viu? O pai na cadeia, a
mãe no hospital e ele aqui na rua fazendo festa?”
Nós estamos nos preparando para celebrar, não a festa de Jesus, mas
a sua injusta condenação, prisão, torturas, morte e ressurreição. Tudo isso
fruto da incredulidade do povo de ontem e de hoje.
Cuidado! Não vamos deixar passar mais esta graça, esta presença de
Deus em nossa vida, pedindo-nos a conversão.
Campanha da fraternidade. O povo brasileiro tem um sonho de ser um
povo harmonioso, sem preconceitos de raça ou de cor, e de que as pessoas sejam
valorizadas pelo que são, não pela nacionalidade. Este sonho não encontra
correspondência na realidade, o que é percebido principalmente pelos que sofrem
as discriminações. A melhor maneira de não resolver um problema, ou de
agravá-lo, é fingir que ele não existe. E essas discriminações geram violência.
Maria Santíssima falou pouco, mas a sua vida foi um testemunho tão
forte que se tornou a maior colaboradora do seu Filho na redenção. Que ela nos
ajude a testemunhar sempre a nossa fé.
Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa
esperança.
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