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de Outubro de 2016- DOMINGO - Evangelho - Lc 18,1-8
Mulher,
grande é a tua fé!
Este
Evangelho narra a cena de uma mulher pagã que pede a Jesus a cura de sua filha.
De início, Jesus recusa, dizendo que foi enviado para as ovelhas perdidas da
casa de Israel. E ele fala uma frase que, à primeira vista, parece dura, mas
era um dito popular: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos
cachorrinhos”.
Entretanto,
a mulher não se deu por vencida e respondeu de forma criativa. “É verdade,
Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus
donos!” Diante dessa resposta, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé!
Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.
Ter
fé é vencer os obstáculos, venham de onde vierem, até da parte de Deus.
Exemplos de obstáculos que podem chocar-se com a nossa fé: Aparente recusa de
Deus em nos atender, como o caso de uma pessoa doente que reza e, em vez de
sarar, fica ainda pior fisicamente. Claro que a cura de Deus é mais para o doente,
não tanto para a doença. Mas a pessoa pode não conhecer essa distinção e pensar
que Deus não lhe está atendendo.
Jó
(Cf seu livro, na Bíblia) é um exemplo nesse ponto, pois, mesmo não sendo
atendido, persistiu na oração, na fé e na esperança.
A
nossa fé não fica parada. Ela é como uma planta: ou cresce ou morre. E ela
cresce na direção da fidelidade, isto é, da firmeza diante dos obstáculos.
Aquela
mulher era pagã, não pertencia à descendência de Abraão, que era o povo eleito.
Entretanto, ela tinha uma fé correta e bonita. Pagãos, para nós, são os não
batizados. É uma situação cuja superação é aberta a todos e é facílima, basta
receber o batismo. Já ser pagão no tempo de Jesus era um estigma indelével, uma
barreira intransponível, pois dependia da raça, da família em que nasceu, que
ninguém pode mudar.
Sabemos
que a primeira Aliança, feita com o povo hebreu, era provisória. Ela tinha o
objetivo de preparar a vinda do Messias. Com a chegada de Jesus, ela caducou e
passou a valer a nova e eterna Aliança, que Deus fez definitivamente com a
humanidade toda, em Cristo. Esta não tem distinção de raça, é baseada na fé e
na obediência aos mandamentos. Como disse S. Paulo: “Não há mais judeu ou
grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só, em Cristo
Jesus” (Gl 3,28).
Mas,
apesar da primeira Aliança já ter caducado, Deus, na sua extrema fidelidade,
quis que seu Filho, inicialmente, desse preferência ao povo de Israel.
Entretanto, Jesus sempre acolhia bem os pagãos que o procuravam. Inclusive,
várias vezes, elogiou a fé dos pagãos, como a do centurião romano: “Nunca
encontrei tamanha fé em Israel”.
Este
fato da mulher cananéia nos mostra a força que tem a oração perseverante e
feita com fé. A oração é mais forte que as estruturas humanas, inclusive as
religiosas. Pela oração, nós somos capazes de “transportar montanhas”, como
disse Jesus. Contra tudo e contra todos, devemos continuar pedindo a Deus as
coisas, mesmo com a impressão de que ele virou as costas para nós; e argumentar
com Deus, como fez a mulher: “Os cachorrinhos também comem as migalhas que caem
da mesa de seus donos!”
A
mesma mensagem vemos em algumas parábolas de Jesus, como a da viúva pedindo
para o juiz a solução do seu caso judicial (Cf Lc 18,1-8), a do vizinho que,
altas horas da noite, bate na porta do outro
pedindo
pães (Cf Lc 11,5-8)...
Havia,
certa vez, um pequeno lago que tinha muitos peixes. Por isso faltava comida
para eles. Viviam magros e famintos. Um peixinho não se conformou com a
situação e queria sair dali. Como havia uma pequena corrente de água que saía
do lago, ele arriscou e entrou nessa corrente. Para surpresa sua, chegou a um
grande lago, onde havia comida à vontade, pois os peixes ali eram poucos. Que
delícia! O peixinho estava exultante de alegria. Quanto espaço para nadar! Isso
que é vida! Mas logo se lembrou dos colegas e ficou com dó. Decidiu: Quando der
uma chuva grande e aumentar a água dessa corrente, voltarei lá para
convidá-los. Assim ele fez. Após uma chuva, com grande esforço e destreza,
subiu pela corrente de água e voltou ao pequeno lago onde nascera e vivera. Foi
logo contando para os colegas a sua descoberta. Entretanto, teve uma surpresa:
ninguém acreditou! Triste, voltou para o lago da fartura que havia descoberto.
Dias depois, alguns peixes mais jovens, da sua turminha antiga apareceram. E
começou um intercâmbio, que mudou a vida dos peixes dos dois lagos.
Ter
fé é ter coragem. Não podemos ficar acomodados ou desanimados, como aquele
homem da mão seca que estava marginalizado, em um cantinho da sinagoga (Cf Mc
3,1-5). “Levanta-te e fica de pé no meio”, disse-lhe Jesus. Precisamos arriscar
um pouco e enfrentar a correnteza. A vida é bela e cheia da fartura das bênçãos
de Deus!
Peçamos
a Maria Santíssima: “Ensina teu povo a rezar, Maria Mãe de Jesus, que um dia
teu povo desperta e na certa vai ver a luz!”
Mulher,
grande é a tua fé!
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