Jesus contou freqüentemente, por parábolas,
histórias sobre os acontecimentos do dia-a-dia que ele usava para ilustrar
verdades espirituais.
Esta
história fala de um fazendeiro que lançou sementes em vários lugares com
diferentes resultados, dependendo do tipo do solo. A importância desta parábola
é salientada por Jesus em Marcos 4:13: “Não entendeis esta parábola e como
compreendereis todas as parábolas?” Jesus está dizendo que esta parábola é
fundamental para o entendimento das outras. Esta é uma das três únicas
parábolas registradas em mais do que dois evangelhos, e também é uma das únicas
que Jesus explicou especificamente. Precisamos meditar cuidadosamente nesta
história.
A história
em si é simples: “Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte
caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra caiu
sobre a pedra; e, tendo crescido, secou por falta de umidade. Outra caiu no
meio dos espinhos; e, estes, ao crescerem com ela, a sufocaram. Outra, afinal,
caiu em boa terra; cresceu e produziu a cento por um” (Lucas 8:5-8). A
explicação de Jesus é também fácil de entender: “A semente é a palavra de Deus.
A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e
arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos.
A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria;
estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se
desviam. A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias,
foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos
não chegam a amadurecer. A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido d bom
e reto coração retêm a palavra; estes frutificam com perseverança” (Lucas
8:11-15). Alguém ensina as Escrituras a várias pessoas; a resposta dessas
pessoas depende do estado do coração delas, isto é, de sua atitude.
Consideremos o semeador, a semente e o solo.
O trabalho
do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que a semente for deixada no
celeiro, nunca produzirá uma safra, por isso seu trabalho é importante. Mas a
identidade pessoal do semeador não é. O semeador nunca é chamado pelo nome
nesta história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua capacidade, sua
personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a semente em contato
com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a semente.
Aplicando-se
espiritualmente, os seguidores de Cristo devem estar ensinando a palavra.
Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita. Mas
a identidade pessoal do professor não tem importância. “Eu plantei, Apolo
regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma
cousa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento” (1 Coríntios 3:6-7). Em
nossos dias, o semeador tornou-se a figura principal e a semente é bastante
esquecida. A propaganda das campanhas religiosas freqüentemente contém uma
grande fotografia do orador e dá grande ênfase ao seu nível escolar, sua
capacidade pessoal e o desenvolvimento de sua carreira; o evangelho de Cristo
que ele supõe-se estar pregando é mencionado apenas naquelas letrinhas, lá no
canto. Não devemos exaltar os homens, mas fixarmo-nos completamente no Senhor.
A semente
é a Palavra de Deus. Cada conversão é o resultado do assentamento do evangelho
dentro de um coração puro. A palavra gera (Tiago 1:18), salva (Tiago 1:21),
regenera (1 Pedro 1:23), liberta (João 8:32), produz fé (Romanos 10:17),
santifica (João 17:17) e nos atrai a Deus (João 6:44-45). Como o evangelho se
espalhava no primeiro século, foi-nos dito muito pouco sobre os homens que o
divulgaram, porém muito nos foi dito sobre a mensagem que eles disseminaram.
A colheita
do evangelho pode ser pequena (se o solo for pobre), mas Deus só nos deu
permissão para plantar a palavra. Somente plantando a Palavra de Deus nos
corações dos homens o Senhor receberá o fruto que ele espera. Ou, usando uma
figura diferente: as Escrituras são a isca de Deus para atrair o peixe que ele
quer salvar. Precisamos aprender a ficar satisfeitos com seu plano.
O fruto
produzido depende da resposta à Palavra. É decisivamente importante ler,
estudar e meditar sobre as Escrituras. A palavra tem que vir habitar em nós
(Colossenses 3:16), para ser implantada em nosso coração (Tiago 1:21). Temos
que permitir que nossas ações, nossas palavras e nossas próprias vidas sejam
formadas e moldadas pela palavra de Deus.
Uma safra
sempre depende da natureza da semente, não do tipo da pessoa que a plantou. Um
pássaro pode plantar uma castanha: a árvore que nascer será um castanheiro, e
não um pássaro. Isto significa que não é necessário tentar traçar uma linhagem
ininterrupta de fiéis cristãos, recuando até o primeiro século. Há força e
autoridade próprias da palavra para produzir cristãos como aqueles do tempo dos
apóstolos. A palavra de Deus contém força vivificante. O que é necessário é
homens e mulheres que permitam que a palavra cresça e produza frutos em suas
vidas; pessoas com coragem para quebrar as tradições e os padrões religiosos em
volta deles, para simplesmente seguir o ensinamento da Palavra de Deus. Hoje em
dia, a palavra de Deus tem sido freqüentemente misturada com tanta tradição,
doutrina e opinião que é quase irreconhecível. Mas se pusermos de lado todas as
inovações dos homens e permitirmos que a palavra trabalhe, podemos tornar-nos
fiéis discípulos de Cristo justamente como aqueles que seguiram Jeus quase 2000
anos atrás. A continuidade depende da semente.
É
perturbador notar que a mesma semente foi plantada em cada tipo de solo, mas os
resultados foram muito diferentes. A mesma palavra de Deus pode ser plantada em
nossos dias; mas os resultados serão determinados pelo coração daquele que
ouve.
Alguns são
solos de beira de estrada, duro, impermeável. Eles não têm uma mente aberta e
receptiva para permitir que a palavra de Deus os transforme. O evangelho nunca
transformará corações como estes porque eles não lhe permitem entrar.
As raízes
das plantas, no solo pedregoso, nunca se aprofundam. Durante os tempos fáceis,
os brotos podem parecer interessantes, mas abaixo da superfície do terreno, as
raízes não estão se desenvolvendo. Como resultado, se vem uma pequena temporada
seca ou um vento forte, a planta murcha e morre. Os cristãos precisam
desenvolver suas raízes por meio de fé em Cristo e de estudo da Palavra cada
vez mais profundo. Quando se permite que ervas daninhas cresçam junto com a
semente pura, nenhum fruto pode ser produzido. As ervas disputam a água, a luz
solar e os nutrientes e, como resultado, sufocam a boa planta. Existe uma
grande tentação a permitir que interesses mundanos dominem tanto nossa vida que
não nos resta energia para devotar ao crescimento do evangelho em nossas vidas.
Então, há
o bom solo que produz fruto. A conclusão desta parábola é deixada para cada um
escrever. Que espécie de solo você é?
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