Enviou-os dois a
dois.
Hoje celebramos a
memória de dois bispos da Igreja primitiva: S. Timóteo e S. Tito. Eles eram
companheiros do Apóstolo S. Paulo. Os nomes deles aparecem freqüentemente no
livro dos Atos dos Apóstolos. Inclusive, S. Paulo escreveu duas cartas a
Timóteo e uma a Tito.
O Evangelho,
próprio da memória, narra o envio dos setenta e dois discípulos. Todos os
líderes cristãos são os continuadores daqueles setenta e dois, inclusive S.
Timóteo e S. Tito. Jesus os enviou dois a dois, não um por um. Isso porque
“onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”
(Mt 18,20). Portanto, é Cristo que vai agir através dos seus discípulos.
S. Tito é
provavelmente natural de Antioquia. Foi fiel colaborador de S. Paulo em suas
viagens apostólicas, e recebeu dele algumas missões importantes, como levar uma
coleta para os cristãos de Jerusalém (2Cor 8,6) e ir a Corinto pacificar a
Comunidade que estava em briga. Um dia, ele foi com S. Paulo à ilha de Creta, e
acabou sendo nomeado bispo de lá, onde ficou até a morte.
Quanto a Timóteo, o
chamado dele está narrado em At 16,1-5: “Paulo foi para Derbe e Listra. Havia
em Listra um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia que abraçara a fé, e
de pai grego. Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho dele. Paulo
quis então que Timóteo partisse com ele. Tomou-o consigo e circuncidou-o, por
causa dos judeus que se encontravam nessas regiões, pois todos sabiam que o pai
dele era grego. Percorrendo as cidades, Paulo e Timóteo... As Igrejas
fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número.” Está aí um
exemplo bonito de como que Deus chama as pessoas.
Daí para frente,
Timóteo tornou-se, não só companheiro de Paulo, mas amigo.
Nos Atos dos
Apóstolos e nas cartas de S. Paulo há inúmeros elogios de Paulo a Timóteo. É
interessante o que Paulo escreve a ele na 2Tm 1,3-5: “Dou graças a Deus – a
quem sirvo de consciência pura, como aprendi de meus pais – quando, sem cessar,
noite e dia, faço menção de ti em minhas orações. Lembro-me de tuas lágrimas.
Sinto grande desejo de rever-te e, assim, encher-me de alegria. Recordo-me da
fé sincera que há em ti, fé que habitou, primeiro, em tua avó Loide e em tua
mãe Eunice, que certamente habita também em ti”.
Esse texto mostra
como que a fé passa de geração em geração, de pais para filhos. Dona Loide
tinha muita fé, por isso a sua filha Eunice também tinha. E Timóteo tinha muita
fé, porque herdou da sua mãe Eunice. A fé e os bons costumes vão passando de
geração em geração. É interessante que S. Paulo, antes de se referir aos antepassados
de Timóteo, lembra-se dos próprios pais: “...como aprendi de meus pais”. Em
outras palavras, Paulo está dizendo que deve a seus pais a fé que tem. Nós
sabemos que os pais de S. Paulo eram judeus fiéis e sinceros. Por isso, Paulo
deu cabeçadas, mas acabou acertando o passo. Assim acontece hoje com os filhos
de famílias boas. Alguns tropeçam, têm altos e baixos, mas o que acaba
prevalecendo é a fé recebida dos pais.
Por outro lado,
infelizmente o mesmo acontece com a falta de fé e a vida de pecado. Vão
passando de geração em geração. É o que diz o provérbio: “Tal pai tal filho”.
Nós herdamos de nossos pais, não só as características físicas e de
temperamento, mas também as virtudes ou os defeitos. A família é a formadora
das pessoas. É dentro dela que nasce o homem e a mulher de amanhã.
Para que os pais
possam ter filhos que se tornem bons cidadãos e bons cristãos, e assim lhes
dêem alegria no futuro, é necessário ter tempo para eles!
Quando Paulo estava
velhinho, nomeou Timóteo bispo de Éfeso, cargo que exerceu até a morte.
Certa vez, houve
uma mudança de governo em um país muito pobre, e o novo presidente era ateu e
detestava a Igreja Católica. Pouco tempo depois de eleito, ele publicou um
decreto expulsando do país todos os religiosos e religiosas. Só os párocos
foram poupados.
Logo que os
religiosos saíram, aconteceu um problema no qual o presidente não havia
pensado: fecharam-se diversos hospitais, asilos, creches e outras instituições
de caridade que eram diretamente servidas pelos religiosos. Envergonhado, o
governador correu atrás e chamou de volta os religiosos.
Em toda a história
da Igreja, os religiosos e cristãos em geral se dedicam não só à parte
espiritual, mas à material também. A fé católica nos dá alegria de viver, de
amar e de se dedicar aos necessitados. Felizes aqueles e aquelas continuam na
Igreja o trabalho dos setenta e dois discípulos, como fizeram S. Timóteo e S.
Tido!
Maria Santíssima e
S. José foram modelos de pais e de educadores. Que eles, e também os santos
Timóteo, Tito e Paulo, ajudem os pais e mães a cumprirem bem a sua missão.
Enviou-os dois a
dois.
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