Segunda-feira, 22 de outubro
Lc 12,13-21
E para quem ficará o que acumulaste?
Este Evangelho começa com o pedido de um homem a Jesus para que dissesse
ao seu irmão que repartisse com ele a herança. Jesus não atende o pedido e
explica que essa não é função dele. Em seguida, conta a parábola do homem rico
que teve uma grande colheita.
“Tomai cuidado contra todo tipo de ganância.” Ganância é sinônimo de
ambição. É o desejo exagerado de possuir bens materiais. Ela cega a pessoa;
quanto mais tem, mais quer. A sede de possuir bens é insaciável. A ganância
endurece o coração, tornando a pessoa insensível diante do sofrimento alheio.
Ela tira o sentimento de compaixão. Ela divide a família. Veja o homem que
pediu a Jesus que mandasse seu irmão dividir com ele a herança. Sinal que os
dois não chegaram a um acordo.
“A vida de um homem não consiste na abundância de bens.” A riqueza traz
uma felicidade ilusória. A felicidade não depende do acúmulo de bens materiais,
mas depende, em primeiro lugar, de Deus. É ele que nos dá a paz, a saúde do
corpo, da alma e do espírito. É Deus que nos dá o amor fraterno que une a
família, os amigos, os namorados e casais... A nossa felicidade depende,
portanto, da graça de Deus.
O pior problema do ganancioso é que, do domínio dos bens materiais, ela
leva ao domínio das pessoas quebrando a fraternidade. E vai aos poucos
colocando tudo a seu serviço, inclusive Deus. O ganancioso ou gananciosa quer
colocar Deus como seu empregado.
Já o pobre é diferente; ele não se basta a si mesmo e está acostumado a
depender dos outros em muitas coisas. Por isso não tem nada a exigir. O pobre
não domina as pessoas.
Na parábola do rico que teve a grande colheita, Jesus o chama de louco,
e explica: “Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o
que tu acumulaste?” De fato, o ganancioso é louco. E quantos caem nessa
loucura! Por causa dos bens materiais, ele perde os amigos, sacrifica a saúde,
a família e principalmente a vida eterna. Sendo que não precisava nada disso,
porque Deus cuida dos seus filhos e filhas mais que das flores do campo e das
aves do céu, às quais não falta nada.
Quanta injustiça se comete, quanta dor, quanta lágrima, quanto sangue é
derramado por causa da ganância!
S. Jerônimo dizia: “Todo rico é injusto ou herdeiro de um injusto.
Porque ninguém ajuntaria fortuna, se outros não tivessem sido espoliados”.
E Sto. Ambrósio dizia: “Ao ajudares os pobres, não dás do que é teu, mas
do que é deles”. De fato, Deus criou o mundo, com todos os bens que nele
existem, para todos os seus filhos e filhas. Quando um tem de sobra, o que lhe
está sobrando pertence a quem não tem o necessário para viver.
E Jesus termina o Evangelho de hoje pedindo para sermos ricos diante de
Deus, isto é, sermos ricos dos valores que Deus aprecia: o amor, a sabedoria, a
justiça, a verdade, a fé...
Ser rico diante de Deus é fazer como aquele homem da parábola do
tesouro. Ele vendeu tudo o que possuía para adquirir o tesouro. Depois que
adquiriu o tesouro, ele recuperou tudo o que antes possuía, e muito mais. Na
verdade, os filhos de Deus são herdeiros do mundo, pois o mundo é de Deus.
Tornar-se rico diante de Deus é o melhor investimento que uma pessoa pode
fazer.
Certa vez, um jovem casal estava hospedado em um hotel numa cidade
turística, fazendo sua lua de mel. Numa noite, eles resolveram jantar em um
restaurante. Era simples mas parecia muito acolhedor. Gostaram da comida e do
ambiente.
Quando terminaram a refeição, dirigiram-se ao caixa para o pagamento. A
senhora responsável, de alguma forma percebeu que eram recém casados e
perguntou-lhes se aceitariam um presente. Eles responderam que sim e ela
abaixou no balcão, pegou uma pequena casa de porcelana. Ao lhes entregar o
presente, ela disse: “Façam de sua casa um lar sempre aquecido pelo amor”.
Quantos casais brigam por questões financeiras! O amor está acima de
todos os bens materiais. Mesmo que seja para morar debaixo de uma ponte, o
casal não deve desunir-se por causa de dinheiro.
A maior riqueza de Maria Santíssima era o seu Filho Jesus. Que o amor a
ele seja para nós também a maior riqueza.
E para quem ficará o que acumulaste?
Padre Queiroz
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