07 de outubro - 27º Domingo do TC
27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 07/10/2012
1ª Leitura Gênesis 2, 18-24
Salmo 127 (128) , 5ª “De
Sião te abençoe o Senhor em todos os dias de tua vida”
2ª Leitura Hebreus 2,
9-11
Evangelho Marcos 10, 2--16
QUE O HOMEM NÃO
SEPARE...” - Diac. José da
Cruz
Não há quem não
goste de originalidade, é assim no mundo das artes e no processo de produção
principalmente no ramo de auto peças. Peça original custa mais caro, justamente
porque é original. Nas artes há o direito autoral, que visa assegurar entre
outras coisas que a obra não será descaracterizada, pois caso isso venha a
ocorrer, ela se torna uma falsificação e perde o seu valor.
Sobre a importância
de uma peça original em um veículo, por exemplo, nem é preciso argumentar sobre
a qualidade e o desempenho, além da sua vida útil, que é bem maior quando a
mesma é original.
Nos anos 70,
durante a “febre” dos produtos importados, quando se queria desdenhar do objeto
de alguém, a gente dizia de maneira irônica que aquele objeto era do Paraguai,
isso significava falsificado.
Fiz essa introdução
porque me parece ser esta a “queixa” de Jesus em relação a Lei do divórcio, que
tinha um embasamento religioso “no princípio Deus os fez Homem e Mulher, e o
homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma
denúncia explícita sobre a “falsificação” que os homens fizeram da união do
homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes deparo com casais em
segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome da Igreja, que fazem
questão de dizer que agora sim, são felizes. Na misericórdia ensinada por
Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no fundo eu volto aos meus
tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai, não tem nada de
original”.
Uma lei, mesmo de
caráter religioso como era a Lei de Moisés, nunca poderá permitir a separação
do casal, porque vai contra o Plano do Criador ao falsificar sua obra prima,
tirando dela o seu traço mais original: o amor ágape, da entrega e doação um ao
outro, do amor que busca o bem e a felicidade do outro, do amor capaz de
renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel sem que isso represente um
peso insuportável, do amor que busca constantemente o diálogo, a compreensão, o
perdão, do amor que se alegra, que é sempre caridoso e compassivo. Essas
virtudes fazem da união conjugal o sinal mais evidente do amor de Deus.
Na obra da criação
nada há mais perfeito que o homem e a mulher, pois os rios, florestas,
montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor falam-nos de Deus, mas nunca
serão à sua imagem e semelhança por isso, na criação do homem e da mulher, toda
a obra da Criação é exaltada e atinge o seu cume.
Homem e mulher
formam uma unidade perfeita, só comparável a união de Cristo e da sua Igreja,
como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem reconhece essa perfeição quando
exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha
carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e autenticidade dessa união, como
a coloca em nível de sacramento, tornando-a um sinal do Amor de Deus. Ninguém
em sã consciência faltará ao respeito para com o Pavilhão Nacional, mesmo
porque se for feito em público, o transgressor sofrerá punição da Lei, é isso
que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o Homem não separe aquilo
que Deus uniu.
Os discípulos não
entenderam toda a magnitude da comunhão de vida entre o homem e a mulher, e em
casa falaram reservadamente ao Mestre. Jesus vai então deixar bem claro “O
homem que deixar sua mulher e se unir à outra, cometerá adultério contra a
primeira, e se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”
Que nunca falte de
nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e o acolhimento a tantos recasados,
mas que também não falte a eles, a humildade de reconhecer que romperam um vínculo
sagrado, preferindo falsificar uma união, porque não acreditaram no poder e na
força da Graça que um dia receberam no altar, quando manifestaram diante de
Deus a decisão de viverem juntos a vida inteira.
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