24 Agosto
2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXI Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: 2 Tessalonicenses 1,
1-5.11b-12
Início da Segunda Epístola do apóstolo S.
Paulo aos Tessalonicences. 1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso
Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. 2Graça e paz a vós da
parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.
3Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois
que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em
cada um e em todos vós, 4a ponto de nós próprios nos gloriarmos de vós nas
igrejas de Deus, pela vossa constância e fé em todas as perseguições e
tribulações que suportais. 5Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que
sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis. O nosso Deus
vos torne dignos da vocação e, com o seu poder, a vossa vontade de bem e a
actividade da vossa fé atinjam a plenitude, 12de modo que seja glorificado em
vós o nome de Nosso Senhor Jesus e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do
Senhor Jesus Cristo.
A Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses
começa com uma saudação e acção de graças idênticas às da Primeira Carta. O
Apóstolo augura «graça e paz» (v. 2), um binómio caro a Paulo, agora inserido
nos ritos introdutórios da celebração eucarística. Depois, vem a acção de
graças, como também é habitual nas cartas paulinas. O Apóstolo indica três
razões específicas para essa acção de graças: a fé, a caridade e a paciência em
suportar as tribulações (vv. 3b-5), que são inevitáveis num mundo adverso ao
Evangelho. O Apóstolo também sofreu tribulações (thlípsis) (cf 1 Ts 3, 3). Fé,
caridade, paciência, são elementos interligados, porque a vitalidade da fé se
manifesta na caridade e torna forte a comunidade para enfrentar desafios e
sofrimentos. Tudo culmina na oração. Paulo intercede pelos tessalonicenses,
para que o Senhor lhes sustente a boa vontade na prática do bem. O Apóstolo
está convencido de que toda a existência cristã está sob o signo do dom de Deus
oferecido em Jesus Cristo.
Evangelho: Mateus 23, 13-22
Naquele tempo, disse Jesus: 13Ai de vós,
doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque fechais aos homens o Reino do
Céu! Nem entrais vós nem deixais entrar os que o querem fazer. 14Ai de vós,
doutores da Lei e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas, com o
pretexto de prolongadas orações! Por isso, sereis mais rigorosamente julgados.
15Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que percorreis o mar e a
terra para fazer um prosélito e, depois de o terdes seguro, fazeis dele um
filho do inferno, duas vezes pior do que vós! 16Ai de vós, guias cegos, que
dizeis: 'Se alguém jura pelo santuário, isso não tem importância; mas, se jura
pelo ouro do santuário, fica sujeito ao juramento.' 17Insensatos e cegos! Que é
o que vale mais? O ouro ou o santuário, que tornou o ouro sagrado? 18Dizeis
ainda: 'Se alguém jura pelo altar, isso não tem importância; mas, se jura pela
oferta que está sobre o altar, fica sujeito ao juramento.' 19Cegos! Qual é o
que vale mais? A oferta ou o altar, que torna sagrada a oferta? 20Portanto,
jurar pelo altar é o mesmo que jurar por ele e por tudo o que está sobre ele;
21jurar pelo santuário é jurar por ele e por aquele que nele habita; 22jurar
pelo Céu é jurar pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.
Jesus prossegue as denúncias contra os escribas
e fariseus. Embora fossem representantes oficiais da religiosidade, tinham-se
convertido em sério obstáculo para a fé. Por isso, Aquele que se definiu como
«manso e humilde de coração», que se comove diante do sofrimento dos outros,
que é afável com os pecadores, terno com os pobres e pequenos, que chora
pensando na destruição de Jerusalém, condena agora, em tom severo, a hipocrisia
religiosa dos fariseus. Os «Ai de vós», na linguagem profética, exprimem uma
ameaça de castigo e de juízo, mas também a dor de quem deve falar por causa do
mal deplorável.
Um dos «Ai de vós» dirige-se aos escribas e fariseus que, recusando Jesus e a
sua mensagem, também impedem outros de entrar no Reino. O segundo «Ai de vós»
dirige-se contra o proselitismo dos judeus, que apenas visa subtrair pessoas à
salvação, para as tornar fechadas, rígidas, fanáticas e perigosas como eles, e
mais do que eles. O terceiro «Ai de vós» dirige-se aos «guias cegos» que, com
as subtilezas da sua casuística, obscurecem o sentido profundo da lei. Invertem
a hierarquia de valores: o ouro vale mais que o templo, e a oferta mais que o
altar. Falta-lhes o discernimento e a interioridade.
Meditatio
O Apóstolo Paulo, quando era fariseu, tinha as
atitudes e comportamentos que Jesus verbera no evangelho de hoje. Também ele
fechava aos homens o Reino do céu (cf. 13). Mas, uma vez convertido, assumiu
atitude e comportamento completamente diferentes: abriu a Igreja a todos os
homens de boa vontade, pagãos ou hebreus. Em Tessalónica, converteu muitos
pagãos e, nas suas cartas, dá graças a Deus pela fé, esperança e caridade que
demonstram. O apóstolo agradece pelos dons da fé e da caridade, concedidos aos
tessalonicenses: «Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos...
pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca
superabunda em cada um e em todos vós» (v. 3). E acrescenta uma intrigante
frase: «Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados
dignos do reino de Deus pelo qual padeceis (v. 5). Que indício é esse? Qual é o
sinal da benevolência de Deus? É a constância e a fé com que enfrentam as
perseguições e tribulações. Sem a graça do Senhor, isso não seria possível. Com
a graça, as perseguições e tribulações tornam-se ocasiões para crescer na fé e
na caridade.
O evangelho ensina-nos que a evangelização é algo de bem diferente do
proselitismo opressor. Quem anuncia o Evangelho, tem consciência de ser um vaso
de barro, que leva um tesouro (cf. 2 Cor4, 7). Quem leva esse tesouro ao
coração dos outros, há-de fazê-lo com a atitude com que Moisés se aproximou da
sarça ardente. O coração humano é terreno sagrado. Antes de se aproximar dele,
há que descalçar as sandálias, com receio de o profanar.
Deus confiou-nos o anúncio do seu Reino. Podemos entrar nele e ajudar os outros
a entrar. Mas também podemos não entrar, e impedir que os outros entrem. Os
outros não podem se tratados como se fossem "cópias" de nós mesmos.
Não podemos impor-lhes a nossa imagem e semelhança. A evangelizaç&a
tilde;o não pode nem deve ser uma tentativa de "clonagem espiritual".
Infelizmente continua a haver «guias cegos» e também cegos que se deixam guiar,
tornando-se pessoas sem rosto, enquadrados, nivelados, homologados aos ideais
vigentes, sufocados por etiquetas. Onde está a libertação trazida pelo
acolhimento da Boa Nova?
Oratio
Senhor, obrigado pela obra que realizas na
vida dos teus fiéis. Que todos saibamos estar abertos e colaborar nas
maravilhas que fazes em nós. Assim, poderemos também cooperar para que outros
se abram ao dom do Reino e nele entrem. Que jamais façamos algo, mesmo
inconscientemente, que os impeça de entrar.
Faz-nos testemunhas dignas de Ti e do teu Reino. Que as palavras do profeta
Zacarias se tornem realidade para nós, cristãos de hoje: «Naqueles dias, dez
homens de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela dobra do seu manto
e dirão: 'Nós queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco´»
(Zc 8, 23). Que assim seja, Senhor! Amen!
Contemplatio
Vós, diz-nos Nosso Senhor, dareis testemunho
de mim. O Espírito Santo dar-vos-á as luzes e as graças para cumprirdes a vossa
missão de apóstolos do Sagrado Coração. Dar-vos-á a inteligência e o gosto dos
mistérios do meu coração, do meu amor e da minha imolação. Dar-vos-á a força e
o zelo para trabalhardes no cumprimento da vossa missão, expandindo esta vida
de amor e de imolação segundo a vossa graça. Dar-vos-á a conhecer o caminho que
eu segui, o caminho da cruz, do sacrifício e da imolação. Conduzir-vos-á
seguindo os meus traços, fará de vós o que deveis ser, vítimas do meu coração.
Dareis testemunho de mim, se estiverdes unidos a mim e instruídos na minha
ciência sagrada pela oração, se os vossos pensamentos forem os meus, se os
vossos desejos, as vossas alegrias, as vossas tristezas forem conformes aos
desejos, às alegrias, às dores do meu coração.
Dareis testemunho de mim em palavras, se a vossa conversação for sobrenatural,
se falardes como homens de Deus, como padres, como religiosos consagrados ao meu
coração.
Dareis testemunho de mim pelos vossos actos, se fizerdes a vontade de meu Pai e
a minha, se agirdes como meus verdadeiros discípulos, como os amigos e as
vítimas do meu Coração sagrado, na regularidade, na humildade, no sacrifício e
na caridade. (Leão Dehon, OSP 3, p. 431s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«O nosso Deus vos torne dignos da vocação» (2 Ts 1, 5).
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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