Domingo, 19 de julho de 2020.
Evangelho de Mateus 13, 36-43.
Jesus continua ensinando o Reino de Deus por meio de parábolas,
utilizando o cotidiano da vida agrícola e familiar. A liturgia da semana
passada focava na qualidade do solo, o evangelho do Semeador. Neste 16º Domingo do Tempo comum, a liturgia focaliza
a Semente, sua qualidade, a paciência e misericórdia de Deus. O evangelho de
hoje traz três parábolas: a do joio e do trigo, a da semente de mostarda e a do
fermento. Vamos focar nossa reflexão na parábola do trigo e do joio.
Essa parábola nos leva a questionar o porquê do mal e a tentação de
arrancá-lo logo às pressas. Deus, que tudo vê, dá oportunidades iguais a todos,
para os justos e os injustos, os bons e os maus. A maioria das pessoas,
indignadas com as injustiças, pensam que Deus deveria agir diferente,
erradicando os maus e deixando os bons viverem sossegados e felizes. Não
entendem a paciência de Deus com seus filhos desobedientes, violentos e maus.
Essa visão da realidade é como a parábola do joio e do trigo. O
dono da plantação do trigo não deixa seus empregados arrancarem o joio. Não
porque ele quer proteger o joio ou porque o joio possa virar trigo, mas porque
o trigo e o joio, quando pequenos, são muito parecidos. Se arrancar o joio,
poderão se enganar e arrancar o trigo junto. Por isso, o patrão diz: deixem que
eles cresçam juntos, na hora da colheita saberemos qual é o joio e qual é o
trigo, pois pelos frutos conheceremos os dois. Essa atitude tem significado
importante. O joio não vai mudar, mas o ser humano pode mudar, pode se
converter, é Deus dando oportunidade aos maus para mudarem de vida, se
converter, até o fim da sua vida é tempo de mudança.
Ao arrancar o joio, ou seja, eliminar o mal, pode-se cometer
injustiça, arrancando o trigo junto com o joio. Por um mau julgamento, por negligência das
autoridades, muitos inocentes pagam pelos erros dos outros. Quantos presos
inocentes passam anos e anos nos presídios, chegam até morrer e depois se
descobre que eram inocentes. Deus não quer injustiça. Deus quer dar
oportunidade para todos seus filhos.
Diz um ditado popular: “ninguém traz estrela na testa”, ou seja,
nem sempre dá para saber quem é bom e quem não é bom, apenas pela aparência.
“As aparências enganam”, diz outra expressão popular. Os lobos, às vezes, estão
disfarçados de cordeiros e fica difícil saber qual é um e qual é o outro.
Em casa, Jesus explica aos discípulos a parábola do joio e do
trigo, Jesus anuncia no futuro um julgamento. Esse julgamento deixará claro
quem está de acordo com o Reino de Deus e quem está em desacordo,
Até que chegue o momento da colheita, os filhos do Reino e os
filhos do maligno deverão viver misturados, semeando as sementes do bem e as
sementes do mal, respectivamente. No fim do mundo, o trigo será colhido e
guardado no Reino do céu, o joio será queimado. Isto é, os justos gozarão de
paz na presença eterna de Deus, quem estiver em desacordo, ao contrário, irá
para o fogo eterno.
A promessa de Jesus responde ao nosso desejo por um mundo justo,
fraterno, solidário, pacífico. Mas também nos questiona: eu tenho desejado e
contribuído para que a justiça e a paz se concretizem em nosso mundo? Em cada
momento de minha vida, em cada ação praticada, tenho trabalhado pela realização
do Reino de Deus em minha vida e na dos outros? Tenho cultivado o bem em minha
vida e queimado o mal que está dentro de mim?
O bem e o mal não estão só fora de nós, mas dentro do nosso
coração. Em nós, convivem juntos o bem e o mal, como não nos conhecemos
direito, nos julgamos juízes dos outros. Jesus disse: “Não condeneis e não
sereis condenados” Mt 6, 9-13. Ninguém é tão bom que não tenha nada de joio,
ninguém pode dizer que só tem trigo no coração, que é totalmente puro, limpo.
Jesus disse: “Somente Deus é bom” (Mt 19,17).
Somos muito propensos a classificar os outros em “bons” e “maus”,
mas só Deus conhece o interior de cada pessoa. O que identifica o “bom”, de
acordo com os ensinamentos de Jesus, é o amor a Deus e ao próximo. Vale lembrar
Mt 7,21-29:“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor,
Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade
de meu Pai que está nos céus”.
Estamos agora vivendo o tempo da paciência e misericórdia de Deus.
Ele dá oportunidade a todos os seus filhos de mudarem de vida, de se converterem,
de pertencerem ao seu Reino, de queimarem o joio que está dentro de si. Cabe a
nós discípulos de Cristo descruzar os braços e nos lançarmos com força, coragem,
paciência e fé na construção do Reino de Deus, entre os irmãos, que peregrinam
conosco rumo à casa do Pai, confiantes na presença do Espírito Santo, que nos
guia, ilumina e conduz.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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