Domingo, 2 de
agosto de 2020.
Evangelho de Mt
14, 13-21.
Nos domingos anteriores Jesus falou do Reino de Deus por meio de
parábolas, na liturgia de hoje o assunto sobre o Reino continua, mas em gestos
concretos, que revelam como é o Reinado de Deus: abundância de alimentos para
todos.
João Batista, que
com seu anúncio do Reino de justiça atraía a si as multidões, foi preso e
executado por Herodes, no que teve o apoio dos chefes religiosos das sinagogas
e do Templo de Jerusalém. Diante dessa notícia de João Batista, Jesus percebe
que ele próprio também poderia sofrer o
mesmo processo repressivo, por isso partiu numa barca para um deserto, um lugar sossegado,
possivelmente para ficar a sós com seus discípulos e tal afastamento seria para
meditar, pensar sobre a violência e a situação que estavam vivendo. Mas não
conseguiu ficar só com os discípulos: a multidão sabendo da sua partida foi ao
encontro dele, seguindo a pé pela margem do lago, acompanhando-o. O povo tinha
urgência de ficar com Jesus.
Quando Jesus desembarca, já encontra a
multidão e, ao ver a carência e a necessidade do povo sofrido, sente compaixão
e diante da sede com que O
procuravam, passou a curar os doentes e ficou falando com o povo, até ao cair
da tarde. É expressiva a
compaixão de Jesus pelo povo excluído, marginalizado, pobre.
A razão é muito
simples a multidão seguia Jesus por causa dos milagres que Ele realizava e que
fazia crescer cada vez mais a sua fama. No meio dessa multidão estava um grupo
de pessoas chamadas “nacionalistas” que sondavam Jesus e alimentavam a
esperança de proclamá-lo rei.
O povo nem viu o
tempo passar, e estava com fome. Os discípulos falaram para Jesus despedir
aquela gente para comprarem alimentos em alguma aldeia vizinha. Jesus, porém,
respondeu: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer.” E
porque não precisam ir embora? Porque Jesus está ali. Os discípulos devem ter
sentido um susto muito grande quando mandou que eles dessem comida para o povo,
pois não tinham nada.
Não tinham o que
dar de comer para aquela multidão. Conseguiram entre o povo cinco pães e dois
peixes, a única coisa que havia. A soma de pães e peixes resulta sem sete, um
número de perfeição. Os discípulos devem ter ficado olhando para Jesus sem
saber o que pensar ou dizer, pois diante daquela situação nada podiam fazer.
Mas, Jesus pediu
que trouxessem a Ele os pães e os peixes. Mandou que o povo se assentasse. Os
apóstolos ainda deviam estar sem saber o que pensar diante das ordens de Jesus.
Jesus tomou os
pães e os peixes, ergueu os olhos para o céu e os benzeu. Era costume do povo
judeu antes das refeições, depois que todos estavam à mesa, o pai de família
abençoava o pão, partia e dava um pedaço para cada um. Jesus ocupa agora o
lugar do pai de família. Possivelmente usou uma das fórmulas de bênçãos
tradicionais que seu povo usava. Todos comeram, ficaram
satisfeitos e ainda sobraram 12 cestos. A partilha é o gesto concreto do amor,
que é a lei maior do Reino.
Podemos aqui
tirar uma lição para nossa vida que é de saber agradecer a Deus que, em sua
bondade infinita, nos dá tanta coisa, nos dá o alimento de cada dia. Para isso
é tão importante sabermos rezar às refeições e rezar em todos os momentos de
nossa vida. E não só nas horas de dificuldades.
Depois que Jesus
abençoou foi distribuído os pães e os peixes e todos comeram à vontade. O que
sobrou foi recolhido em 12 cestos. E os que tinham comido eram mais de cinco
mil homens, sem contar as mulheres e crianças.
Este milagre de
Jesus nos indica que Ele é o Salvador prometido: aquele junto do qual podemos
encontrar as riquezas todas de Deus. Também podemos pensar na igreja, a família
de Deus, onde estamos reunidos em volta de Jesus que nos dá o pão da vida
eterna: o pão de sua palavra, o pão de sua presença entre nós; em volta de
Jesus, que nos une ao Pai e aos irmãos.
Esse milagre é
também para nós a imagem da felicidade perfeita que nos espera, quando
estaremos todos reunidos, face a face com Deus, quando cessarão todas as nossas
necessidades, quando Jesus matará completamente nossa fome de felicidade.
Jesus prepara o
povo para aceitar com fé o milagre da Eucaristia: Aquele que alimenta multidão
que vem a Jesus para ter o que comer representa todos os homens e
espiritualmente famintos de um alimento espiritual. Todos os homens que
procuram um alimento que seja capaz de saciar sua fome de justiça, de amor e de
paz, representam aqueles que creem na força vivificante da Eucaristia.
Outro ensinamento
muito forte que nos dá este Evangelho é que o verdadeiro milagre é a partilha,
capaz de saciar um povo inteiro. O amor traduzido na partilha de tudo garante a
abundância dos bens capaz de suprimir as desigualdades de uma sociedade injusta
e gananciosa.
Deus nos deu
todos os alimentos, portanto o pão é dom de Deus, é gratuito e deve ser
partilhado fraternalmente entre todos. Se todo o mundo partilhasse seus bens,
não haveria fome no mundo.
Participar e
viver do Reino de Deus é não deixar faltar pão para ninguém, porque o alimento
não é privilégio de alguns, mas é direito de todos. O nosso Deus é o Deus da
vida, ele ama seus filhos, por isso não pode faltar aquele sustento.
Abraços em
Cristo!
Maria de Lourdes
Gostei da forma simples e consisa da sua homilia
ResponderExcluirPe Luiz Henrique Mendes
AMÉM! Obrigada padre Luiz Henrique, sua palavra tem um peso muito especial. Sou apenas catequista e apaixonada pela Palavra de Deus. Sempre estudei sozinha!
ResponderExcluirDeus lhe abençoe!
Maria de Lourdes