Conversão de S. Paulo
25 Janeiro 2018
Saulo, cidadão romano
por privilégio da sua cidade natal, Tarso, era um judeu convicto, formado na
escola de Gamaliel, em Jerusalém. Opôs-se decididamente à nova fé que começava
a propagar-se na Palestina e arredores. Clamou pela morte de Estêvão, e tomou
parte nela, guardando as capas dos que apedrejavam o protomártir. Perseguiu
violentamente os crentes em Jesus Cristo. O seu nome causava terror nas
comunidades cristãs. Ao dirigir-se para Damasco para prender os cristãos que lá
encontrasse e conduzi-los a Jerusalém, encontrou Jesus ressuscitado. Esse
encontro mudou-lhe para sempre a vida, com a sua forma de crer e de pensar.
Jesus ressuscitado, que ele perseguia, tornou-se o centro da sua
espiritualidade e da sua teologia. Em Antioquia, Saulo faz a sua primeira
experiência de vida cristã. Tornado apóstolo do Evangelho, com o nome de Paulo,
Antioquia será também o ponto de partida para as suas viagens missionárias.
Funda diversas comunidades na Ásia e na Europa. Escreve-lhes cartas que
testemunham o seu amor a Jesus Cristo e à Igreja, e nos dão elementos
importantes da sua teologia. Como apóstolo verdadeiro e autêntico, Paulo tem
sempre o cuidado de voltar a Jerusalém para se confrontar com os outros
apóstolos e não correr em vão.
Há muitos séculos que a
festa da conversão de S. Paulo foi fixada no dia 25 de Janeiro, talvez por
causa da data da transladação do seu corpo, que atualmente repousa na Basílica
de S. Paulo Fora dos Muros, em Roma.
Lectio
Lectio
Primeira Leitura: Act
22, 3-16
Naqueles dias, Paulo
disse ao povo: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui educado nesta
cidade, instruído aos pés de Gamaliel, em todo o rigor da Lei dos nossos pais e
cheio de zelo pelas coisas de Deus, como todos vós sois agora. 4Persegui de
morte esta «Via», algemando e entregando à prisão homens e mulheres, 5como o
podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todos os anciãos. Recebi até, da parte
deles, cartas para os irmãos de Damasco, onde ia para prender os que lá se
encontrassem e trazê-los agrilhoados a Jerusalém, a fim de serem castigados.
6Ia a caminho, e já próximo de Damasco, quando, por volta do meio dia, uma
intensa luz, vinda do Céu, me rodeou com a sua claridade. 7Caí por terra e ouvi
uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque me persegues?’ 8Respondi: ‘Quem és
Tu, Senhor?’ Ele disse-me, então: ‘Eu sou Jesus de Nazaré, a quem tu
persegues.’ 9Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz de quem me
falava. 10E prossegui: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’ O Senhor respondeu-me:
‘Ergue-te, vai a Damasco, e lá te dirão o que se determinou que fizesses.’
11Mas, como eu não via, devido ao brilho daquela luz, fui levado pela mão dos
meus companheiros e cheguei a Damasco. 12Ora um certo Ananias, homem piedoso e
cumpridor da Lei, muito respeitado por todos os judeus da cidade, 13foi
procurar-me e disse: ‘Saulo, meu irmão, recupera a vista.’ E, no mesmo
instante, comecei a vê-lo. 14Ele prosseguiu: ‘O Deus dos nossos pais
predestinou-te para conheceres a sua vontade, para veres o Justo e para ouvires
as palavras da sua boca, 15porque serás testemunha diante de todos os homens,
acerca do que viste e ouviste. 16E agora, porque esperas? Levanta-te, recebe o
batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome.
Este é um dos três
relatos com que Lucas enriquece a história da primitiva comunidade cristã. Sem
se preocupar com o rigor histórico, - alguns pormenores são mesmo improváveis
-, o autor do livros dos Atos pretende personificar em Paulo a justificação do
cristianismo e a falta de razão do judaísmo.
O evento de Damasco articula-se em três momentos: um diálogo de reconhecimento mútuo entre Jesus Ressuscitado e Saulo de Tarso; a conversão de Saulo revelada na pergunta: “Que hei de fazer, Senhor?”; a missão: quem conheceu a vontade de Deus e viu o Justo recebendo a palavra da sua boca, torna-se testemunha do que viu e ouviu. Doravante, para Paulo, a única forma de vida é ser missionário.
Evangelho: Marcos 16, 15-18
O evento de Damasco articula-se em três momentos: um diálogo de reconhecimento mútuo entre Jesus Ressuscitado e Saulo de Tarso; a conversão de Saulo revelada na pergunta: “Que hei de fazer, Senhor?”; a missão: quem conheceu a vontade de Deus e viu o Justo recebendo a palavra da sua boca, torna-se testemunha do que viu e ouviu. Doravante, para Paulo, a única forma de vida é ser missionário.
Evangelho: Marcos 16, 15-18
Naquele tempo, Jesus
apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho
a toda a criatura. 16Quem acreditar e for batizado será salvo; mas, quem não
acreditar será condenado. 17Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem:
em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes
com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão de
impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.»
Paulo não pertenceu ao
grupo dos Doze. Mas a Liturgia aplica-lhe também as palavras de Jesus aos Doze,
no momento em que subia ao céu: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho
a toda a criatura” (v. 15). Paulo, depois da sua experiência de fé e de
comunidade, torna-se verdadeiro apóstolo de Jesus. Desde sempre a Igreja
entendeu que o mandato missionário do Ressuscitado se dirigia também a ele.
Paulo submete-se e obedece.
Deus quer salvar a humanidade com a colaboração da própria humanidade. Jesus precisa de missionários-testemunhas. A salvação é fruto da pregação e realiza-se pelo ato de fé de quem a escuta: “Quem acreditar e for batizado será salvo” (v. 16). Deus, que nos criou sem nós, não nos salva sem a nossa colaboração.
Os sinais e prodígios que acompanham a pregação dos apóstolos manifestam a presença consoladora de Deus no meio de nós.
Meditatio
Deus quer salvar a humanidade com a colaboração da própria humanidade. Jesus precisa de missionários-testemunhas. A salvação é fruto da pregação e realiza-se pelo ato de fé de quem a escuta: “Quem acreditar e for batizado será salvo” (v. 16). Deus, que nos criou sem nós, não nos salva sem a nossa colaboração.
Os sinais e prodígios que acompanham a pregação dos apóstolos manifestam a presença consoladora de Deus no meio de nós.
Meditatio
Em S. Paulo revela-se
verdadeiramente o poder de Deus. Inimigo acérrimo do nome de Cristo, Saulo
encontra-se com o Senhor no caminho de Damasco, acolhe-o na fé e torna-se seu
Apóstolo entusiasta, com uma fecundidade extraordinária, que ainda não
terminou. O seu itinerário de fé é símbolo do nosso.
Acreditar implica, antes de mais, encontrar pessoalmente Jesus de Nazaré, Deus feito homem. O cristão não se acredita numa doutrina, num sistema, mas numa pessoa, a pessoa humano-divina de Jesus. Ter fé é aderir vitalmente a Jesus, de tal modo que já não se pode viver sem Ele.
Realizado o encontro, passa-se ao diálogo, uma vez que a fé é encontro e adesão entre pessoas inteligentes e livres. A quem se dispõe ao diálogo, Deus revela a Si mesmo, revela a sua vontade e os seus projetos. Este diálogo vital leva aqueles que o realizam a uma forma de vida cada vez mais elevada.
Mas a fé cristã também é obediência, submissão, abandono total da criatura ao Criador. Obedecer não significa abdicar da própria liberdade ou dos próprios direitos. Significa, sim, perceber a imensa distância que existe entre si o interlocutor e, ao mesmo tempo, intuir que a adesão à vontade divina leva à total satisfação e realização de si mesmo.
Finalmente, a fé cristã é também missão. Não se pode privatizar um bem que, por sua natureza, é comunitário. Quem recebeu de Cristo o dom da salvação em Cristo, sente-se intimamente obrigado a fazer dele um dom para os outros.
O Apóstolo Paulo é nosso guia em tempos de aprofundamento espiritual e de renovação apostólica. Como ele, o apóstolo dos tempos novos deve procurar, em primeiro lugar, a inteligência do Mistério de Cristo num apego inquebrantável ao seu Amor (cf. Ef 3, 4; Rm 8, 35; Fl 3, 8-10). É apóstolo, em primeiro lugar, pelo testemunho da visão de Cristo (At 26, 1) e tornando-se no Espírito imagem viva do Salvador morto e ressuscitado. É a caridade do Senhor que vive nele e que o impele em direção aos homens para lhes anunciar o Evangelho de Deus, o Evangelho que todos podem ler na sua vida e nos seus escritos. Ensina-nos o serviço ardente e inteligente em favor do Reino. Vivendo de Cristo, a ponto de ser identificado com Ele pela graça (Gl 2, 20), lembra-nos que o serviço apostólico enraíza numa verdadeira consagração a Deus e dá à nossa oblação capacidade para se manifestar e aprofundar no trabalho generoso para que a humanidade se torne «uma oblação agradável santificada pelo Espírito Santo (XV Capítulo Geral, DOC VII, n. 167).
Oratio
Acreditar implica, antes de mais, encontrar pessoalmente Jesus de Nazaré, Deus feito homem. O cristão não se acredita numa doutrina, num sistema, mas numa pessoa, a pessoa humano-divina de Jesus. Ter fé é aderir vitalmente a Jesus, de tal modo que já não se pode viver sem Ele.
Realizado o encontro, passa-se ao diálogo, uma vez que a fé é encontro e adesão entre pessoas inteligentes e livres. A quem se dispõe ao diálogo, Deus revela a Si mesmo, revela a sua vontade e os seus projetos. Este diálogo vital leva aqueles que o realizam a uma forma de vida cada vez mais elevada.
Mas a fé cristã também é obediência, submissão, abandono total da criatura ao Criador. Obedecer não significa abdicar da própria liberdade ou dos próprios direitos. Significa, sim, perceber a imensa distância que existe entre si o interlocutor e, ao mesmo tempo, intuir que a adesão à vontade divina leva à total satisfação e realização de si mesmo.
Finalmente, a fé cristã é também missão. Não se pode privatizar um bem que, por sua natureza, é comunitário. Quem recebeu de Cristo o dom da salvação em Cristo, sente-se intimamente obrigado a fazer dele um dom para os outros.
O Apóstolo Paulo é nosso guia em tempos de aprofundamento espiritual e de renovação apostólica. Como ele, o apóstolo dos tempos novos deve procurar, em primeiro lugar, a inteligência do Mistério de Cristo num apego inquebrantável ao seu Amor (cf. Ef 3, 4; Rm 8, 35; Fl 3, 8-10). É apóstolo, em primeiro lugar, pelo testemunho da visão de Cristo (At 26, 1) e tornando-se no Espírito imagem viva do Salvador morto e ressuscitado. É a caridade do Senhor que vive nele e que o impele em direção aos homens para lhes anunciar o Evangelho de Deus, o Evangelho que todos podem ler na sua vida e nos seus escritos. Ensina-nos o serviço ardente e inteligente em favor do Reino. Vivendo de Cristo, a ponto de ser identificado com Ele pela graça (Gl 2, 20), lembra-nos que o serviço apostólico enraíza numa verdadeira consagração a Deus e dá à nossa oblação capacidade para se manifestar e aprofundar no trabalho generoso para que a humanidade se torne «uma oblação agradável santificada pelo Espírito Santo (XV Capítulo Geral, DOC VII, n. 167).
Oratio
Apóstolo S. Paulo, na
tua juventude, deixaste-te levar por um zelo ardente mas errado em favor da
unidade do povo de Deus. Por isso, perseguiste duramente os cristãos. Deus
converteu-te e introduziu-te na Igreja, Corpo de Cristo, onde deve integrar-se
quem quiser viver na verdadeira fé. Mas a tua adesão a Cristo e a tua
integração na Igreja não te fizerem esquecer o teu povo, pelo qual sentias uma
dor profunda e permanente. Que a minha alegria de estar em Cristo não me faça
esquecer a situação do antigo Povo de Deus, nem a dos cristãos divididos, que
tardam em chegar à unidade que Deus quer. Ámen.
Contemplatio
Contemplatio
S. Paulo recolhe-se
alguns dias, depois começa a pregar a divindade de Jesus Cristo. Será um dos
mais poderosos apóstolos pela palavra e pelo sofrimento. «Escolhi-o, dizia
Nosso Senhor, para levar o meu nome diante das nações e dos reis e dos filhos
de Israel, e hei de mostrar-lhe quanto terá de sofrer pelo meu nome». A sua
conversão e a sua vocação são devidas à misericórdia do Coração de Jesus. O
Coração de Jesus ama as almas ardentes, zelosas, dedicadas. Mas a oração de
Santo Estêvão contribuiu para estas grandes graças. Santo Estêvão rezava pelos
seus perseguidores, entre os quais S. Paulo era o mais ardente. Se soubermos
rezar e sofrer pelas almas, obteremos grandes graças, ilustres conversões,
vocações poderosas. Ofereçamos as nossas orações, as nossas cruzes, os nossos
sofrimentos ao Coração de Jesus para que envie à sua Igreja, nestes tempos
difíceis, apóstolos poderosos em palavras e em obras (L. Dehon, OSP 3, p.
90s.).
Actio
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Que hei de fazer, Senhor?” (At 22, 10).
“Que hei de fazer, Senhor?” (At 22, 10).
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Conversão de S. Paulo
(25 Janeiro)
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