24
Novembro 2017
Lectio
Primeira
leitura: 1 Macabeus 4, 36-37.52-59
Naqueles
dias, Judas e os seus irmãos disseram: «Os nossos inimigos estão aniquilados;
subamos, pois, purifiquemos e restauremos o santuário.» 37Reunido todo o
exército, subiram ao monte de Sião. 38Ao verem a desolação do santuário, o
altar profanado, as portas queimadas, os átrios cheios de ervas, nascidas como
num bosque ou nos montes, e os aposentos demolidos, 39rasgaram as vestes,
lamentaram-se e deitaram cinza sobre a cabeça. 40Prostraram-se com o rosto por
terra, tocaram as trombetas, e clamaram ao céu. 41Então, Judas mandou um destacamento
a combater os soldados da cidadela, enquanto purificavam o santuário. 42Depois,
escolheu sacerdotes irrepreensíveis e zelosos pela lei, 43que purificaram o
templo e transportaram para um lugar impuro as pedras contaminadas.
44Deliberaram entre si o que se deveria fazer do altar dos holocaustos, que
fora profanado, 45e tomaram a boa resolução de o demolir, para que não recaísse
sobre eles o opróbrio vindo da profanação dos gentios. Destruíram-no, portanto,
46e transportaram as pedras para um lugar conveniente sobre a montanha do
templo, até que viesse algum profeta e decidisse o que se lhes devia fazer. 47E
arranjaram as pedras intactas, segundo a lei, e construíram um novo altar,
semelhante ao primeiro. 48Restauraram também o templo e o interior do templo e
purificaram os átrios. 49Fizeram novos vasos sagrados e transportaram para o
santuário o candelabro, o altar dos perfumes e a mesa. 50Queimaram incenso
sobre o altar, acenderam as lâmpadas do candelabro, para iluminar o templo,
51colocaram pães sobre a mesa e suspenderam os véus, terminando completamente o
trabalho empreendido. 52No dia vinte e cinco do nono mês, que é o mês de
Quisleu, do ano cento e quarenta e oito, levantaram-se muito cedo 53e
ofereceram um sacrifício, segundo a lei, sobre o novo altar dos holocaustos,
que tinham levantado. 54Precisamente no mesmo dia e na mesma hora em que os
gentios o haviam profanado, o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos,
harpas, liras e címbalos. 55Todo o povo se prostrou com o rosto por terra, para
adorar e bendizer aquele que lhes deu tão feliz triunfo. 56Durante oito dias
celebraram a dedicação do altar e, com alegria, ofereceram holocaustos e
sacrifícios de comunhão e de acção de graças. 57Adornaram a fachada do templo
com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagraram as entradas do templo e
as salas, nas quais colocaram portas. 58Foi grande a alegria do povo, e foi
afastado o opróbrio infligido pelas nações. 59Judas e seus irmãos, assim como
toda a assembleia de Israel, estabeleceram que os dias da dedicação do altar
fossem celebrados, cada ano, na sua data própria, durante oito dias, a partir
do dia vinte e cinco do mês de Quisleu, com alegria e regozijo.
Os livros
dos Macabeus interessam-se, sobretudo, pela vertente religiosa da gesta que
relatam. Daí a importância dada ao templo, como centro da vida do povo e
referência necessária para a observância integral da Lei.
O nosso texto narra a purificação e consagração do templo, depois das primeiras vitórias de Judas Macabeu, em Dezembro do ano 164 a. C. O templo fora saqueado, e profanado com os sacrifícios pagãos, três anos antes. Depois do lamento e do luto pela desolação a que fora reduzido o santuário, decidem-se e realizam-se trabalhos de reconstrução. Chegado o dia do rito, são oferecidos logo de manhã, sobre o altar reedificado, sacrifícios ao som de cânticos acompanhados por diversos instrumentos. O altar é consagrado, e o povo prostra-se em adoração e dá graças a Deus. Os ritos prosseguem durante oito dias (v. 56). No templo remodelado, é apagada a vergonha da dominação pagã (vv. 57s.). E Judas Macabeu ordena que a festa seja celebrada todos os anos com alegria (v. 59).
O nosso texto narra a purificação e consagração do templo, depois das primeiras vitórias de Judas Macabeu, em Dezembro do ano 164 a. C. O templo fora saqueado, e profanado com os sacrifícios pagãos, três anos antes. Depois do lamento e do luto pela desolação a que fora reduzido o santuário, decidem-se e realizam-se trabalhos de reconstrução. Chegado o dia do rito, são oferecidos logo de manhã, sobre o altar reedificado, sacrifícios ao som de cânticos acompanhados por diversos instrumentos. O altar é consagrado, e o povo prostra-se em adoração e dá graças a Deus. Os ritos prosseguem durante oito dias (v. 56). No templo remodelado, é apagada a vergonha da dominação pagã (vv. 57s.). E Judas Macabeu ordena que a festa seja celebrada todos os anos com alegria (v. 59).
Evangelho:
Lucas 19, 45-48
Naquele
tempo, 45Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os vendedores. 46E
dizia-lhes: «Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes
dela um covil de ladrões.» 47Ensinava todos os dias no templo, e os sumos
sacerdotes e os doutores da Lei, assim como os chefes do povo, procuravam
matá-lo. 48Não sabiam, porém, como proceder, pois todo o povo, ao ouvi-lo,
ficava suspenso dos seus lábios.
Lucas
começa por referir a palavra de Jesus contra os vendedores. Depois apresenta um
resumo dos episódios que marcaram os últimos dias de Jesus na terra.
«Está escrito: A minha casa será casa de oração», diz Jesus (v. 45). Jesus não reza só no templo, e chega a criticar o apego às instituições religiosas vistas apenas em perspectiva materialista. Mas o templo, enquanto casa de Deus, tem de ser respeitado, e não pode ser usado para outros fins que não sejam o culto de Deus. O templo não pode tornar-se «um covil de ladrões» (v. 46). «Está escrito»: não são apenas as profecias que determinam o comportamento de Jesus, mas é também o comportamento de Jesus que realiza em plenitude as profecias. A luz que ilumina os gestos de Jesus vem da sua mensagem profética, mas sobretudo da sua consciência messiânica.
«Os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, assim como os chefes do povo, procuravam matá-lo» (v. 47): os poderosos permanecem na sua cegueira diante de Jesus e das suas palavras. Mas o povo simples, que reconhece a necessidade de um Salvador e de um Mestre, está suspenso dos seus lábios (v. 48).
«Está escrito: A minha casa será casa de oração», diz Jesus (v. 45). Jesus não reza só no templo, e chega a criticar o apego às instituições religiosas vistas apenas em perspectiva materialista. Mas o templo, enquanto casa de Deus, tem de ser respeitado, e não pode ser usado para outros fins que não sejam o culto de Deus. O templo não pode tornar-se «um covil de ladrões» (v. 46). «Está escrito»: não são apenas as profecias que determinam o comportamento de Jesus, mas é também o comportamento de Jesus que realiza em plenitude as profecias. A luz que ilumina os gestos de Jesus vem da sua mensagem profética, mas sobretudo da sua consciência messiânica.
«Os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, assim como os chefes do povo, procuravam matá-lo» (v. 47): os poderosos permanecem na sua cegueira diante de Jesus e das suas palavras. Mas o povo simples, que reconhece a necessidade de um Salvador e de um Mestre, está suspenso dos seus lábios (v. 48).
Meditatio
Os que
escutavam Jesus, com coração simples e bem disposto, experimentavam a doçura, a
paz, a luz que se desprendia da sua palavra e não sabiam afastar-se d´Ele. A
palavra de Deus é, de facto, alegria do coração.
Mas esta experiência de alegria e doçura é apenas o primeiro efeito, a primeira etapa, que corresponde aos mistérios gozosos. É a fase de quem começa a ouvir a Palavra de Deus com interesse e disponibilidade. Esta etapa prolonga-se na dos mistérios luminosos, em que vamos descobrindo, com uma profundidade cada vez maior, a verdadeira identidade de Jesus e o projecto da salvação que o Pai Lhe confiou, em nosso favor. Mas há também o segundo efeito, a segunda etapa, que corresponde aos mistérios dolorosos. A palavra de Deus provoca tensões, tanto em nós como à nossa volta. É como uma espada de dois gumes, que penetra até à medula dos ossos e que, portanto, provoca amargura profunda, porque há uma parte de nós que não a quer receber. É uma amargura necessária, que nos faz conhecer a verdade de nós mesmos e que nos purifica de tudo quanto em nós destoa da Palavra. Mas também não falta a etapa dos mistérios gloriosos, que encontramos bem descrita no Apocalipse: «Aquele que vence não será vítima da segunda morte…Ao que sair vencedor, dar-lhe-ei a comer do maná escondido e dar-lhe-ei também uma pedra branca; na pedra branca estará gravado um novo nome que ninguém conhece, a não ser o que a recebe…Ao que vencer, fá-lo-ei coluna no t
emplo do meu Deus. Entrará e não mais sairá dele» (Ap 2, 11ss.).
Manter-se fiéis à Palavra, sem ceder a compromissos, impõe opções difíceis. O reino dos céus conquista-se pela violência, diz Mateus (11, 12), e o próprio Lucas sublinha a necessidade de não se subtrair à luta: «Agora, quem não tem espada venda a capa e compre uma.» (Lc 22, 36).
Impressiona-nos Judas Macabeu, que consagra o templo com as mãos ainda manchadas pelo sangue dos inimigos. Impressiona-nos Jesus, quando não hesita e pôr-se contra os prepotentes, sabendo que o povo também Lhe voltará as costas brevemente. É precisa coragem e força para tomar e manter posições impopulares, mas ditadas pela consciência e pelo Evangelho. É preciso discernimento, humildade, e prolongado contacto com a Palavra de Deus, para conjugar o rigor dos princípios com a atenção às pessoas.
Mas esta experiência de alegria e doçura é apenas o primeiro efeito, a primeira etapa, que corresponde aos mistérios gozosos. É a fase de quem começa a ouvir a Palavra de Deus com interesse e disponibilidade. Esta etapa prolonga-se na dos mistérios luminosos, em que vamos descobrindo, com uma profundidade cada vez maior, a verdadeira identidade de Jesus e o projecto da salvação que o Pai Lhe confiou, em nosso favor. Mas há também o segundo efeito, a segunda etapa, que corresponde aos mistérios dolorosos. A palavra de Deus provoca tensões, tanto em nós como à nossa volta. É como uma espada de dois gumes, que penetra até à medula dos ossos e que, portanto, provoca amargura profunda, porque há uma parte de nós que não a quer receber. É uma amargura necessária, que nos faz conhecer a verdade de nós mesmos e que nos purifica de tudo quanto em nós destoa da Palavra. Mas também não falta a etapa dos mistérios gloriosos, que encontramos bem descrita no Apocalipse: «Aquele que vence não será vítima da segunda morte…Ao que sair vencedor, dar-lhe-ei a comer do maná escondido e dar-lhe-ei também uma pedra branca; na pedra branca estará gravado um novo nome que ninguém conhece, a não ser o que a recebe…Ao que vencer, fá-lo-ei coluna no t
emplo do meu Deus. Entrará e não mais sairá dele» (Ap 2, 11ss.).
Manter-se fiéis à Palavra, sem ceder a compromissos, impõe opções difíceis. O reino dos céus conquista-se pela violência, diz Mateus (11, 12), e o próprio Lucas sublinha a necessidade de não se subtrair à luta: «Agora, quem não tem espada venda a capa e compre uma.» (Lc 22, 36).
Impressiona-nos Judas Macabeu, que consagra o templo com as mãos ainda manchadas pelo sangue dos inimigos. Impressiona-nos Jesus, quando não hesita e pôr-se contra os prepotentes, sabendo que o povo também Lhe voltará as costas brevemente. É precisa coragem e força para tomar e manter posições impopulares, mas ditadas pela consciência e pelo Evangelho. É preciso discernimento, humildade, e prolongado contacto com a Palavra de Deus, para conjugar o rigor dos princípios com a atenção às pessoas.
Oratio
Senhor
Jesus, que eu resista à tentação de mascarar a minha cobardia com a desculpa da
mansidão, que eu não confunda o respeito pelas opiniões alheias com a
incapacidade de dar testemunho do Evangelho. Dá-me luz para discernir o que é
sagrado, porque assim o quiseste, do que nós mesmos revestimos de sagrado,
porque tal nos convém. Dá-me coragem para falar quando for preciso e de me
calar quando é bom fazê-lo. Guia-me pelo caminho da vida, nas minhas relações
com os outros, porque, mais do que os templos ou as igrejas, todo o homem é
sagrado para Ti. Amen.
Contemplatio
S.
Quintino era jovem, e simples clérigo ou diácono, mas era da raça dos nobres
romanos, como os Cecílio e os Agnes. Quis consagrar-se para estender o império
espiritual da Roma cristã, como os seus antepassados se tinham consagrado à
glória da Roma pagã. Tem a alma de um comandante de exército. O soberano
Pontífice confia-lhe um grupo de missionários, bispos e padres para irem
conquistar para a Igreja as províncias da Gália. Ele é da raça dos fortes, aos
quais se dirige S. João: «Escrevo-vos, jovens, porque sois fortes, porque a
palavra de Deus permanece em vós e porque vencestes o demónio». Ele é forte
porque ama. «O amor é forte como a morte». O amor de Jesus dá a eloquência ao
apóstolo e a coragem ao mártir. Nada deterá Quintino, nem as promessas nem as
ameaças, ele ama a Jesus e fará com que seja amado. (Leão Dehon, OSP 4, p.
409).
Actio
Repete
frequentemente e vive hoje a palavra:
«A minha casa é casa de oração» (Lc 19, 46).
«A minha casa é casa de oração» (Lc 19, 46).
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