Tempo do Advento – Novena do Natal –
Dia 20 Dezembro
20 Dezembro 2016
Tempo do Advento –
Novena do Natal – Dia 20 Dezembro
Lectio
Primeira leitura:
Isaías 7,10-14
Naqueles dias: 100
Senhor mandou dizer de novo a Acaz: 11«Pede ao Senhor teu Deus um sinal, quer
no fundo dos abismos, quer lá no alto dos céus.» 12*Acaz respondeu: «Não
pedirei tal coisa, não tentarei o Senhor.» 131saías respondeu: «Escuta,
herdeiro de David: Não vos basta já ser molestos para os homens, senão que
também ousais sê-lo para o meu Deus? 14*Por isso, o Senhor, por sua conta e risco,
vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e dará à luz um filho, e há-de
pôr¬lhe o nome de Emanuel.
Em 735 a. C., Acaz,
jovem rei de Jerusalém, vê vacilar o seu trono devido à aproximação de
exércitos inimigos, que pressionam as fronteiras de Judá. Enquanto ele procura
alianças humanas, Isaías insiste em que deve confiar apenas em Deus. Desafia
mesmo o rei a pedir um «sinal» da assistência divina. Acaz recusa a proposta:
«Não pedirei tal coisa, não tentarei o Senhor» (v. 12). Esta recusa, porém,
baseia-se numa falsa religiosidade. Isaías denuncia a hipocrisia do rei,
acrescentando que, apesar da sua recusa, o próprio Deus lhe iria dar o sinal:
«a jovem está grávida e dará à luz um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel»
(v. 14).
As palavras do profeta
referem-se a Ezequias, o filho de Acaz, que a rainha está para dar à luz e cujo
nascimento é visto, naquele particular momento histórico, como presença
salvífica de Deus em favor do povo angustiado. Mas, na realidade, as palavras
de Isaías referem-se a um rei Salvador, no qual toda a tradição cristã,
servindo-se da tradução dos Setenta, viu uma profecia do nascimento virginal de
Jesus, filho de Maria.
Evangelho: Lucas 1,
26-38
26*Ao sexto mês, o
anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27*a
uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da
virgem era Maria. 28*Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, Ó cheia
de graça, o Senhor está contigo.» 29*Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se
e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30Disse-lhe o anjo:
«Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31*Hás-de conceber no teu
seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32Será grande e vai
chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai
David, 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá
fim.» 34*Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35*0
anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo
estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será
chamado Filho de Deus. 36Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua
velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37*porque nada é
impossível a Deus.» 38*Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em
mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
A anunciação a Maria é
aurora do maior acontecimento da história humana, a Incarnação do Filho de Deus.
O texto bíblico mostra que estamos perante a realização das promessas de Deus
aos Patriarcas e renovadas a David (cf. 2 Sam 7, 14.16; 1 Cron 17, 12-14; Is
7,10-14), e contém uma rica teologia do mistério de Cristo. Jesus é, de facto
visto, como rei e filho de David (<
A confirmação da
intervenção celeste, por obra do Espírito Santo, na sua condição virginal, abre
o coração de Maria à vontade de Deus e à plena adesão ao projecto universal da
salvação com as simples palavras que mudaram o curso da história humana: «Eis a
serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (v. 38). O sim de Maria
abre caminho à nossa salvação.
Meditatio
A Incarnação é uma
iniciativa de Deus em favor de rebeldes, que são os homens pecadores. A
primeira leitura realça esse facto.
«Pede um sinai», diz
Deus a Acaz, pela boca de Isaías. O rei, fingindo razões de fé, responde que
não quer tentar a Deus. Na verdade, mostra a sua má vontade. E é nesta
circunstância que Deus promete um sinal: «Não vos basta já ser molestos para os
homens, senão que também ousais sê-lo para o meu Deus? Por isso, o Senhor, por
sua conta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e dará à luz
um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel»
A salvação é obra do
amor misericordioso de Deus, que se antecipa ao movimento dos homens.
O anúncio do oráculo
de Isaías está ligado ao texto evangélico de Lucas, por causa da interpretação
profética que a Igreja fez dele referindo-o ao nascimento histórico do Filho de
Deus, Salvador de todos os homens. A sua vinda mudou a história profana em
história da salvação, elevando à comunhão com Deus a vida de cada homem, pela
mediação de Jesus de Nazaré. Deus revela-se e alcança-se, não tanto pela
contemplação da criação, pela investigação filosófica ou pela experiência religiosa
universal, mas por Jesus, filho de Maria, que se proclama "Filho",
enviado pelo Pai, em total dependência de amor a Ele, acolhido e dado ao mundo
pela Virgem Mãe.
É nesta história que
irrompe Deus transcendente e misericordioso, inserindo-se na história dos
homens para os salvar, transportando-os para um nível superior do Espírito, na
fé e no amor. Nós os crentes, tornados amigos de Jesus, somos introduzidos na
comunhão com Deus Pai, pelo aprofundar da fé e do amor, vividos na fidelidade
ao Evangelho. Esta vida de unidade com o Senhor alcança-se pela interiorização
da palavra de Deus, como fez a Virgem Maria.
A vida de hoje é uma
permanente conspiração contra a vida interior. Tudo concorre para nos
dispersar. Se não conseguirmos recolher-nos, e reflectir sobre Cristo em
profundidade, não conseguiremos chegar à verdade e à fé. Maria guia-nos e é
exemplo para nós nesse caminho: «Feliz Aquela que acreditou».
A iniciativa da nossa
salvação pertence totalmente a Deus. Mas a Virgem de Nazaré dispõe-se a colaborar:
«
Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». Maria não responde de modo orgulhoso e fingido como Acaz. Acolhe a iniciativa de Deus sem pretensões pessoais. O seu único desejo é servir.
Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». Maria não responde de modo orgulhoso e fingido como Acaz. Acolhe a iniciativa de Deus sem pretensões pessoais. O seu único desejo é servir.
A experiência materna
de Maria é, sobretudo, uma experiência de fé, de disponibilidade total para a
Palavra de Deus, como ela manifesta nas palavras: "Ecce ancilla".
Na obra do Pe Dehon, O
ano com o Coração de Jesus, lemos uma meditação para o dia 25 de Março com
estes títulos: "Ecce venio, regra de vida de Jesus"; "Ecce an
cilla , regra de vida de Maria", "Ecce venio, Ecce ancilla Domini». E
o Fundador anota: «Estas palavras traçam a regra da nossa vida" (OSP 3,
328-330). Que a intercessão da Virgem nos alcance a graça de uma
disponibilidade semelhante para com Deus e para com os seus projectos de
salvação da humanidade.
Oratio
Pai, hoje quero
inspirar-me nas palavras que S. Bernardo põe na boca de Maria para Te rezar:
«Faça-se em mim segundo a tua palavra». O Verbo realize em mim a tua palavra! O
Verbo, que estava em Deus, se faça carne da minha carne, segundo a tua palavra!
Não seja palavra que
passa velozmente, logo que proferida, mas palavra concebida para permanecer,
revestida de carne e não de ar que corre! Que não ressoe, só aos meus ouvidos, esta
palavra; vejam-na os meus olhos, toquem-na as minhas mãos, carreguem-na os meus
ombros! Não seja uma palavra escrita e muda, mas incarnada e viva; não seja uma
palavra escrita com letras fixas num pergaminho morto, mas estampada sob forma
humana no meu coração; traçada não por uma pena, mas pelo Espírito Santo!
Outrora, muitas vezes
e de muitos modos, falaste aos patriarcas e aos profetas, e diz-se que as tuas
palavras vem dos ouvidos de uns, aos lábios de outros e às mãos de outros mais.
Para mim, peço que se faça no meu ser segundo a tua palavra. Não quero uma
palavra que pregue e proclame. Quero um verbo que se doe silenciosamente, que
incarne pessoalmente e que desça sobre mim cordialmente. Que se faça para o
mundo inteiro, e particularmente para mim, segundo a tua palavra (cf. Bernardo
de Claraval, Homilias sobre Nossa Senhora, 4, 11).
Contemplatio
Ecce Venio, Ecce
Ancilla Domini. Estas palavras traçam a regra da nossa vida.
Nestas palavras
encontra-se toda a vocação das almas consagradas ao Sagrado Coração, com o seu
fim, os seus deveres, as suas promessas. Este sentimento, esta disposição,
estas palavras ditas e sentidas bastam em todas as situações, em todos os
acontecimentos, para o presente e para o futuro.
Eis que venho, ó meu
Deus, para fazer a vossa vontade. Estou aqui, pronto para fazer ou para sofrer,
a empreender ou a sacrificar tudo o que pedirdes de mim.
A vontade de Deus
faz-se conhecer em todo o instante; e se em algum momento a obscuridade e a
incerteza preenchem o coração e o espírito, perseveremos com paciência e
confiança neste estado, até que agrade à sabedoria e à bondade divinas deixar
luzir de novo a sua luz.
Uma alma oferecida,
uma vítima, sabe que nada tem a escolher nem a decidir por si, a sua escolha
está feita, a sua sorte fixada. Quando, como, em que circunstância há-de
cumprir-se o seu sacrifício, tudo isto está à livre escolha daquele ao qual ela
pertence inteiramente.
Assim, portanto,
pratiquemos o abandono total, o deixar fazer, olhando para aquele que caminhou
à frente no mesmo caminho, que o tornou praticável, que deixou atrás de si os
rastos sangrentos dos seus passos.
Os cabelos da nossa
cabeça estão contados. Deus vela mesmo pelas necessidades dos pássaros, não nos
esquecerá. Terá cuidado de nós por todas as nossas necessidades em tempo
conveniente. Se nos dermos a Ele, dar-se-á também a nós e então o que é que nos
há-de poder faltar? Quando Maria se deu pelo Ecce an cilla , recebeu a sua
graça suprema: O Verbo fez-se carne e habitou no seu seio. (Leão Dehon, OSP 3,
p. 329s.).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra: «Ecce Venio, Ecce Ancilla Domini».
Nenhum comentário:
Postar um comentário