4º DOMINGO
QUARESMA
6 de Março de 2016 – C
1ª
Leitura - Js 5,9a.10-12
Salmo
- Sl 33,2-3.4-5.6-7 (R.9a)
2ª
Leitura - 2Cor 5,17-21
Evangelho - Lc 15,1-3.11-32
A liturgia deste domingo nos conduz ao arrependimento, e a conversão,
a reconciliação com o Pai que nos ama, e sempre facilita e prepara tudo para
que voltemos para Ele.
PRIMEIRA LEITURA
O texto enfoca a entrada na
terra prometida, e o alívio do sofrimento do povo de Deus passado no Egito,
agora comemorando a páscoa. Eles confiaram, acreditaram no poder e na
misericórdia do Pai, entregando completamente suas vidas nas mãos daquele que
salva, desde que aceitamos o seu jugo que é suave, assim como o seu peso também
é leve.
SALMO
Feliz é o ser humano
que decidiu provar da suavidade e da bondade de Deus! Feliz é aquele e aquela
que bendizem o Senhor o tempo todo, agradecendo sua proteção, pois só Ele
alivia o nosso sofrer, e nos tira da lama do pecado, nos resgatando par uma
vida nova.
SEGUNDA LEITURA
Nesta carta que Paulo escreve
aos coríntios, direta ou indiretamente, ele faz um relato autobiográfico. Pois
assim como ele que em tempos atrás perseguia os cristãos e depois foi
milagrosamente resgatado por Cristo na estrada de Damasco e se converteu passando
a viver da graça santificante, fazendo exatamente o contrário do que fazia
antes, servindo ao Reino de Deus como um homem completamente novo, neste texto
ele revela que todos os que agora são como ele estão vivendo em Cristo e por
Cristo, são também todos HOMENS NOVOS. Novas criaturas resgatadas pelo poder de
Cristo, e vivendo fora do pecado, vivendo em pleno estado de graça.
Ser uma pessoa nova, uma mulher, um homem novo, é uma
experiência maravilhosa! Viver na presença de Deus, viver por Deus em Cristo,
fazendo a vontade do Pai, é a melhor coisa que precisamos nesta vida terrena. E
tudo de bens materiais que conseguimos adquirir, que seja apenas para nos
propor uma vida com abundância como nos prometeu Jesus, um conforto que nos
facilita o bem estar da família, sem nos preocupar com o dia de amanhã, e ter
uma mente despreocupada para podermos nos dedicar de corpo e alma ao serviço do
Reino, como o fazia Paulo. E isso é ser uma mulher nova, um homem completamente
novo!
E se prestarmos atenção nos acontecimentos do dia a dia, Cristo nos
convida diariamente a mudarmos a nossa
vida, e sermos pessoas novas, vivendo a graça santificante 24 horas por dia.
A conversão nos transforma em uma nova criatura, como se estivéssemos
nascido de novo. E isso nos acontece, porque fora de Cristo, temos uma visão
egoística do mundo e das pessoas. Com Cristo tudo muda, tudo é novo. Passamos a
pensar como Cristo pensa, e observamos que tudo se torna mais leve, mais suave,
mais profundo, pois a vida agora tem sentido. Vivemos sem medo do futuro, sem
nos preocupar com o dia de amanhã, vivemos na esperança, na confiança, pois
estamos seguros nas mãos de Deus. E isto é que é viver! Tolos são todos os
demais que se apegam aos bens matérias, que depositam toda a sua confiança no
dinheiro, em vez de confiar em Deus.
EVANGELHO
Os fariseus se julgavam santos seguidores da Lei, e portanto se
mantinham afastados dos pecadores, ou de qualquer um que não pensasse como
eles. Por isso ficaram escandalizados ao ver que Jesus comia com os pecadores,
se misturando com eles.
Para refutar essa
atitude mental distorcida daqueles que se julgavam perfeitos porém na verdade
estavam longe da perfeição, Jesus preparou uma resposta, inventando de
improviso como sempre, uma bela história de arrependimento, conversão e de
volta à casa do Pai, para mostrar que aqueles que estão mortos para Deus,
precisam voltar a viver, e os que estão perdidos é que precisam ser
encontrados!
Caríssimas e
caríssimos. O filho pródigo sou eu, é você quando achamos que a força da
juventude, quando achamos que as nossas amizades ou o dinheiro nos faz tão
fortes que podemos dispensar a companhia de Deus, e seguir os caminhos
perigosos da vida sem nenhum tipo problema, e quando quebramos a cara, voltamos
chorando para Deus que nos recebe de braços abertos.
A rebeldia daquele
jovem chegou ao ponto de não se importar com a dor que ele causaria aos seus
pais, saindo de casa para enfrentar a vida em um lugar desconhecido.
Muitos de nós também já fizemos isso. Quantos jovens de lugares sem
perspectivas de vida, deixam a mãe em prantos, para se aventurar em outro país,
ou outra cidade mais rica, mais desenvolvida, em busca de melhores condições de
vida? Portugueses que vieram para o
Brasil, gente do mundo todo buscam nos Estados Unidos o que não encontraram no
seu país, nordestinos e mineiros vêm para São Paulo, e recentemente a onda
migratória de africanos e de pessoas do Oriente, que se dirigem para o
continente europeu, numa verdadeira invasão.
Porém, aquele jovem conhecido como o filho pródigo, tinha algo mais
do que a busca pela sobrevivência. Pois não lhe faltava nada na casa do seu
Pai. Nunca tinha passado necessidade. O que ele queria mesmo era botar em
prática a sua força jovem, seu espírito de aventura, na ilusão de que não
precisava da companhia do seu pai para sobreviver. E foi aí que ele quebrou a
cara, chegando a lamentável situação de desejar comer a lavagem dos porcos que
ele alimentava na fazenda onde tinha conseguido um emprego meia boca, um
subemprego, numa situação pior que os empregados da fazendo do seu pai. E foi
por isso que ele caiu na realidade, decidiu voltar para casa, e ser pelo menos
um dos empregados na fazenda onde sempre esteve, e era feliz e não sabia.
No início da aventura do
filho pródigo foi uma beleza! Ele desgarrou-se das asas do pai, e com muito dinheiro
no bolso, não tardou a aparecer os “amigos”, atraídos pela bebida, mulheres,
prazeres sem limites e tudo era só alegria.
Aí o dinheiro acabou. Os amigos deram no pé, se afastaram, e ele
ficou só, sem dinheiro e sem amigos, indo parar
em uma fazenda cuidando dos porcos. Que porcaria!
Mas a misericórdia do pai o acolhe de novo, para a revolta do seu
irmão, o qual havia ficado na fazenda, continuado fiel ao pai. Esse agiu
semelhante aos fariseus que não gostaram da atitude de Jesus em acolher os
pecadores.
A atitude do irmão mais velho é também muito semelhante a atitude
dos paroquianos engajados, estabilizados, as donas da igreja, que não admitem a
entrada de outros cristãos que chegam querendo se integrar na comunidade. Sabemos que as comunidades paroquiais
precisam ser prudentes para evitar infiltrações malignas, indevidas, que podem
trazer complicações mais tarde. Mas por outro lado precisamos nos espelhar na
misericórdia divina, no acolhimento do Pai diante do filho arrependido, e
disposto a colaborar na construção do Reino de Deus na Terra, e com a devida
prudência, devemos acolher os novos leigos de boa vontade que se nos
apresentarem na paróquia.
E foi assim. O filho mais novo surtou e pediu ao pai a sua parte da
herança e foi pelo mundo curtir a tudo o que tinha direito, e se deu muito
mal. Enquanto o seu irmão mais velho
continuou na companhia do pai, obediente, trabalhando sem diversões, ou
alterações na rotina da sua vida.
A nossa trajetória de vida é mais ou menos parecida com a aventura daquele
jovem que ficou conhecido como o filho pródigo.
Quando somos pequenos, vivemos com os nossos pais, acreditando em
todos os seus ensinamentos e sendo obedientes a eles. Nossa mãe nos ensinou a
rezar antes de dormir, e nos falou de um papai do céu ao qual nós dependemos.
Mas eis que chega a adolescência e os nossos amigos dizem que tudo
isso é bobagem, que temos de aproveitar a vida e que a rebeldia é a onda da
hora, do momento, ou daquela faixa etária.
Na vida adulta temos: emprego, dinheiro, saúde para dar e vender
com muita energia, muita força no nosso corpo. Então temos a impressão de que
aquele papai do céu foi uma coisa lá da infância e que agora é hora de “botar
pra quebrar”, pois somos de “FERRO”, nada nos derruba porque somos invencíveis,
imbatíveis, indestrutíveis e a vida é só alegria, e o negócio é APROVEITAR! E
Deus fica fora de tudo isso...!
Aí chegou a velhice. Corpo enfraquecido pelas farras, pela bebida,
o que se ganha da aposentadoria não dá para o sustento, dói aqui, dói ali, os
médicos nos dão remédios da indústria farmacêutica que nos causam mais mal do
que bem, tomamos um remédio para um órgão, e danificam outros, e para isso
temos de tomar outros remédios, e acabamos com a saúde mal, muito mal por causa
dos efeitos colaterais.
O que nos resta é a volta para Deus. Nos arrependemos de tudo como
aconteceu com aquele jovem, e voltamos a missa, as orações, e esse Deus de
misericórdia infinita nos acolhe de braços abertos, nos perdoa, e até podemos
voltar para a casa do Pai, até podemos salvar a nossa alma.
Agora você já imaginou como será a trajetória de vida das crianças
de hoje? Daqueles filhos de jovens que já saíram da companhia de Deus? Que não
querem saber de Deus, e de religião alguma? Que não ensinam os filhos a rezar?
Caríssimas e caríssimos. É por isso que a nossa participação na
construção do Reino de Deus precisa ser mais atuante, mais forte, mais viva,
mais dedicada, mais constante, mais, mais...
Vá e faça o mesmo. Tenha um
bom domingo e nunca se desligue do Pai.
José Salviano.
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