Bom dia! Contei uma história no ano passado que serve bem para iniciar
essa reflexão.
Era uma vez (…)
Certa vez uma jovem moça cansou de acreditar. Preferia a racionalidade a
viver da fé naquilo que não podia entender ou ver. Dedicou-se, portanto a focar
nas coisas palpáveis e que considerava segura (carreira, financeiro, bens
imóveis e moveis) e de certa forma era feliz. Tinha amigos, colegas,
reconhecimento, prestigio, (…). Aos seus olhos, nada faltava.
Analisava sua vida como forma de revide para as dificuldades que teve na
infância e adolescência. Uma família difícil, pais imaturos e ausentes,
dificuldades financeiras, (…); para ela era difícil ver a pessoa de Deus em
meio a tamanho sofrimento. Sonhava acordada vendo a vida boa de seus colegas e
dessa forma disfarçava a inveja que corria no seu peito e no seu olhar. “Serei
grande e rica”! – pensava ela. Não quis casar. Preferiu manter a
individualidade e rédeas da sua vida a ter que dividir com alguém suas
alegrias, suas memórias, suas dúvidas, (…); não desejava alguém que lhe
ajudasse a conduzir sua vida ou a aconselhá-la.
A vida, depois de estabilizada, não mais deu reviravoltas para essa
moça. Nunca mais passou por tribulações que não pudessem ser superadas.
Progrediu profissionalmente, cresceu, ganhou status e uma promoção. Um dia
então, saiu para comemorar com seu carro importado e recém comprado, parou num
semáforo e de súbito uma menina bateu-lhe o vidro chamando sua atenção. Algo
naquela garota lhe incomodava. Perguntou-lhe então seu nome e
surpreendentemente era o mesmo que o seu.
Foi um flashback! Um rio de lágrimas lhe descia aos olhos, imaginava-se
naquela criança. Lembrou das dificuldades de criança. O clima nostálgico tomou
conta daquele carro ao ponto de desistir de comemorar, preferindo voltar para
casa. Lá, abriu a gaveta do armário e escondida entre meias, estava um livro
empoeirado e de folhas amareladas. Suas mãos tremiam e por mais que tentasse
não conseguia fazê-las parar.
- Quanto tempo não te leio! – Disse ela chorando. Abriu, pois a bíblia e
lá numa pagina marcada leu:
“(…) Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e
perguntaram-lhe: Quem é o maior no Reino dos céus? Jesus chamou uma criancinha,
colocou-a no meio deles e disse: Em verdade vos declaro: se não vos
transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos
céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos
céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe”.
(Mateus 18, 1-5)
Descobriu então o quanto era preciosa desde a sua infância.
Questionou-se imediatamente o que fizera para mudar a realidade de outras
tantas crianças que não tiveram a mesma sorte ou competência que ela. Não sabia
ela que acabava de entender o que é compromisso social.
Saibam que de fato tememos também em conflitar o que fizemos para mudar
o nosso redor. Vivemos então uma vida fracionada e não como um todo, O mundo
que de fato me preocupo é o que gravita ao redor do meu umbigo. Quem já
trabalhou como voluntário em um asilo, num hospital, numa ação social ou para
os outros em sua pastoral tem a real noção que NÃO TEMOS PROBLEMA ALGUM se
compararmos com esses que REALMENTE precisam de ajuda.
É preciso refletir também um outro lado dessa parábola: “(…) O óleo que
nós temos não dá para nós e para vocês. Se vocês querem óleo, vão comprar!”
É obvio que Jesus aqui não apregoava a individualidade ou a famosa frase
“o problema não é meu”, mas faço a seguinte pergunta: O que eu tenho haver com
aquele que prefere errar a acertar? O que fiz de concreto para mudar a
realidade ao meu redor? De que vale ganhar o mundo inteiro e perder a vida
eterna? Claro que não temos como por juízo na cabeça de tantos desajuizados por
ai, mas o que posso fazer além de fechar os olhos a eles?
Não somente os alcoolizados, viciados, mas todos aqueles que partem para
o mundo sem medir as conseqüências de seus atos, aqui incluímos os que fazem
barbeiragens no trânsito, que vão brigar nos estádios, que acham “lindo” filmar
duas colegas brigando na escola e postar no facebook, Orkut, (…). Essa “noiva”
que não pensa o que faz podemos dizer que também se apegou ao imediato, ao
fútil, ao prazer temporário, mas agora, ou podemos chamar de hedonismo.
“(…) É complicado competir com o hedonismo, ou seja, pela busca
desenfreada por algo que nos dê prazer. Como o encarregado da propriedade do
evangelho de hoje passamos pouco a pouco a esfriar na crença ou na esperança do
que acreditamos. Vendemo-nos ou nos permitimos conquistar facilmente pelas
coisas que me façam feliz hoje, agora,…”.
Tudo bem que a história que contamos no começo é um conto criado e não
um testemunho, mas por que não aprender com a mensagem que transmite o conto?
Até quando seremos noivas que apenas esperam e não planejam ou tem ações
proativas para melhor recebê-lo?
No mês de Setembro provavelmente refletiremos muito sobre compromisso,
ação e omissão quanto ao anúncio da Boa Nova e quanto estou conservando-a
dentro de mim através da fé, da esperança e da caridade.
Um imenso abraço fraterno.
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