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domingo, 2 de setembro de 2012

A lei da pureza e da impureza – Missionários Claretianos




Domingo, 2 de setembro de 2012
22º Domingo do Tempo Comum
Santos do Dia: Agrícola de Avinhão (bispo), Antolino de Palência (presbítero, mártir), Antonino de Pamia (mártir), Brocardo do Monte Carmelo (carmelita), Carlos de la Calmette (conde de Valfons), Castor de Apt (bispo), Diomedes, Juliano, Filipe, Eutiquiano, Leônidas, Filadelfo e Pentágape (mártires), Elpídio de Lião (bispo), Elpídio da Capadócia (abade), Evódio, Hermógenes e Calista (mártires de Siracusa), Hieu de Tadcaster (virgem), João Maria du Lau (arcebispo de Arles, mártir), Justo de Lião (bispo), Lolano da Escócia (bispo),Luís Barreau de la Touche (monge), Máxima de Roma (mártir), Nonoso de Monte Sorate (abade), Valentino de Estrasburgo (bispo), William de Roskilde (bispo), Zenon, Concórdio e Teodoro (mártires de Nicomédia).
Primeira leitura:Deuteronômio 4, 1-2.6-8:
Deus entregou a Moisés as “tabas da lei”. 
Salmo responsorial: 14, 2-5
Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo, habitará?
Segunda leitura: Tiago 1, 17-18.21-22.27
A verdadeira religião é aquela que reflete a justiça e o amor na vida do povo. 
Evangelho: Marcos 7, 1-8.14-15.21-23
A lei da pureza e da impureza.
É antiga a tentação de considerar que o essencial de uma religião esteja no cumprimento de certas formalidades rituais e não no compromisso com seus princípios vitais. Também esta tentação acompanhou o “povo de Deus” de Israel – como a muitos outros “Povos de Deus” -, desde tempos imemoriais. Hoje, se alguma pessoa se atreve a questionar, ainda que seja indiretamente, certas verdades históricas e a propor alternativas coerentes com o evangelho, em pouco tempo seria tachada de “desvio da autentica doutrina”.
Contudo, como lembra o Salmo, não são os muitos ornamentos nem o barulho das celebrações o que nos eleva a Deus, mas a justiça, a honestidade, a reta intenção e o respeito. Anunciar a justiça e vivê-la no dia a dia constitua a exigência fundamental das Escrituras judeu-cristãs – e nisto coincidem com tantas outras escrituras. Os rituais, as prescrições, as cerimônias... podem nos ajudar a continuar pelo caminho de Deus, porém não podem substituí-lo. Por esta razão a exortação que Moisés dirige a seu povo se centra na necessidade que o povo de Deus tem de fazer uma clara opção pelo Deus da liberdade e pela justiça que o tirou do Egito.
Do contrario, o sonho da “terra prometida” pode se converter em um cruel pesadelo. Os primeiros cristãos experimentaram na própria carne a ameaça do formalismo e do ritualismo. Depois de um tempo de dedicação e fervor pela missão, os ânimos começaram a ceder e a comunidade se viu rapidamente atraída pelas relações puramente funcionais e formais. Desse modo se perdia a fraternidade que lhes dava identidade e coerência.
A Carta de Tiago nos alerta em relação a uma religião que não encarne os valores do Evangelho. A palavra escutada na Sagrada Escritura deve ser discernida segundo o Espírito para ser vivida docilmente na vida cotidiana. O cristianismo não é uma formalidade social a ser cumprida, nem um ritual a mais entre as práticas piedosas de uma cultura. O Cristianismo se manifesta como uma opção vital que requer o compromisso íntegro da pessoa. A comunidade de crentes é o espaço ideal para que a pessoa realize sua opção e viva, em companhia de outros irmãos e irmãs, o chamado de Jesus.
Mesmo que o livro do Deuteronômio – que Jesus segui muito proximamente – propõe como religião uma serie de princípios éticos orientados a criar laços de solidariedade, equidade e justiça; contudo, o judaísmo do primeiro século estava mais inclinado a valorizar as formalidades. Lavar-se u não as mãos, antes de ingerir alimentos, havia passado a ser uma norma elementar de higiene e se converteu em uma norma que decidia quem era religioso e quem era um pecador.
A tentação de canonizar os objetos, os rituais, os espaços e o tempo, podem fazer esquecer a pessoa piedosa que a essência de sua relação com Deus não está nos protocolos culturais, mas no respeito, na compaixão e na misericórdia. Jesus nos convida a redescobrir a essência do cristianismo em nossa opção por construir a Utopia de Deus – a chamada “Malkuta Yavé”, Reino de Deus – e por viver de acordo com os princípios do evangelho.
Todas as nossas normas e protocolos estão a serviço de uma autentica vivencia de seus ensinamentos. Nós não devemos renunciar a uma vida autentica e criativa para seguir a Cristo. Antes o contrario. Devemos recriar aqui e agora toda a novidade de sua profecia e toda a radicalidade de seu amor incondicional pelos excluídos.
Conectado com todo este tema está aquele outro da “letra e do Espírito”: a letra é o detalhe o mandado, a prescrição, o rito, a ação concreta... O espírito é o sentido com o qual foi concebida aquela prática concreta e a vivencia com que ela deve ser vivida. Por isso se diz que a letra (somente a letra, ou a letra sem espírito) mata, enquanto o espírito vivifica. A letra é meio, enquanto o espírito é um fim. Este pode dar-se sem aquela, à margem, ou inclusive, contra aquela: com efeito, algumas vezes, em circunstancias muito especiais, o espírito de uma lei ou de uma prática ritual pode exigir naquela situação, “precisamente o contrário” do que a letra prescreve. Essa flexibilidade, essa liberdade de espírito, é exigido dos cristãos, como de todo o ser humano adulto e amadurecido.
Outro problema distinto – que não podemos abordar aqui, porém que seria bom não deixar de tê-lo no horizonte no qual a religiosidade atual está se transformando.
Por sua própria natureza, as “religiões” (chamadas assim aqui, tecnicamente, a forma na qual se revestiu a espiritualidade do ser humano a partir de sua sedentarização neolítica”, a partir da revolução agrária, faz somente alguns poucos milhares de anos – porque antes havia espiritualidade, porém não “religiões”), tem sido nos ritos, nas práticas rituais, minuciosamente prescritas, um meio importantíssimo de expressão e um modo que servia também de controle social.
A religião, nas sociedades agrárias, foi o melhor e mais potente veículo de identidade da sociedade e do controle por parte do poder e tem sido os ritos sua expressão mais visível. Hoje estamos chegando precisamente ao fim da idade agrária, depois da  revolução industrial e tecnológica, a mundialização plural, e com a vinda da sociedade do conhecimento. As “religiões agrárias” no sentido técnico preciso, já não tem cabida. (Sim tem sentido, insuperavelmente, a espiritualidade).
O ser humano pós-agrario já não pode aceitar sua identidade nem pode aceitar um controle pelos veículos “religionais” baseados em crenças (no sentido técnico também). Obviamente, a idéia de que a espiritualidade do ser humano vai continuar, é plenamente aceitável. Porém, o que foram as “religiões agrárias”, está morrendo, vai desaparecer, e é bom que desapareça, porque a humanidade está em outra etapa da historia. Os ritos, as práticas religiosas prescritas... são por isso, AM alguma sociedade atual avançadas, realidades “residuais”, que desaparecem vertiginosamente.
Se a Igreja não aceita enfrentar sem medo estes questionamentos, a única coisa que resta fazer é atrasar o reconhecimento de uma enfermidade que não deixa de socavar suas entranhas no milhões de fieis que silenciosamente vão se auto-exilado a cada ano, não somente na sociedades chamadas avançadas, mas também já na América Latina. No ano de 2008 começamos a conhecer “apostasias” privadas de cristãos em alguns países da America Latina, um fenômeno absolutamente novo em sua historia, porém um fenômeno já significativo – e crescente – no momento atual da historia globalizada do mundo.
Oração: Ó Deus Pai, de quem procede todo bem e cujo espírito nos chama à liberdade. Nós te suplicamos que as normas, leis, ritos e temores... que muitas vezes interpomos em nossa ralação contigo, não cheguem a ocultar teu rosto de amor, de forma que, longe do apego às tradições humanas, estejamos livres para encontrar criativamente caminhos sempre novos para chegar a Ti e contemplar teu rosto. Por Jesus Cristo, Senhor nosso!

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