Domingo, 5 de abril de 2020.
Evangelho de Mt 26, 14-27,66.
Com o domingo de Ramos
entramos na semana das semanas, a Semana Santa da Paixão do Senhor, a semana
maior, estamos chegando ao fim da nossa caminhada quaresmal, rumo à Páscoa do
Senhor. Nesta semana reviveremos os últimos acontecimentos da vida de Jesus,
aqui na terra, sua paixão, morte e ressurreição. A liturgia do domingo de ramos
nos mostra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e sua paixão.
Caminhamos com Jesus
durante a quaresma, ouvimos seus ensinamentos, experimentamos muitas emoções e
a presença dele na nossa vida. Com a celebração do domingo de ramos, entramos
com Jesus em Jerusalém, aclamado triunfalmente como Rei. Todos diziam “Hosana
nas alturas, bendito o que vem em nome do Senhor”. A expressão “Hosana” é ao
mesmo tempo grito de socorro e grito de esperança; significa: ajuda-nos,
salva-nos diante da opressão e morte em que vivemos.
Ao celebrarmos a Eucaristia desse domingo obedecendo ao mandato de
Jesus: “façam isto em memória de mim”, somos inseridos na vida d’Ele e na sua
missão. Os ramos que carregaremos para serem abençoados nos recordam Cristo,
servo sofredor, porém vitorioso sobre as forças da morte. Eles também expressam
nosso compromisso em seguir Jesus, como discípulos missionários.
Jesus, Rei justo, entrou na cidade Santa, pobre e desarmado,
montado num jumento, montaria dos pobres, aos quais Ele se iguala. Jesus Rei,
diferente dos reis da terra, rei humilde, manso, ao contrário dos reis que
conhecemos. Mas Jesus é Deus forte, santo, poderoso, corajoso, nesse dia o povo
reconhece Jesus como o Salvador esperado, por isso estendem seus mantos para
Jesus passar e sacodem ramos de palmeiras, oliveiras, para aclamá-lo como Rei e
Salvador. Ele triunfará não pela violência, mas com humildade e mansidão. Jesus
é o “Servo Sofredor” que carrega o peso de toda humanidade nos seus ombros,
como havia anunciado o Profeta Isaías.
Jesus quis comer com
seus apóstolos a última ceia, quis celebrar com eles a páscoa da libertação. E
nessa ceia, Jesus com extremo pesar e desgosto, declarou que um dos doze iria
traí-Lo. Um amigo seu, que conviveu com Ele, que aprendeu seus ensinamentos e
exemplos, o trairá. Jesus homem verdadeiro, dotado de muita sensibilidade
experimenta a ingratidão de um amigo e fica triste. Os apóstolos ficaram
admirados com as palavras de Jesus e se interrogavam quem seria o traidor.
Pedro promete dar a
vida por Jesus, promete acompanhá-lo até a morte se preciso fosse. Mas não se
conhece direito, é impulsivo, e apesar de corajoso nega Jesus três vezes.
Reconhece sua queda, sua fraqueza e chora...
Depois da ceia Jesus foi para o horto das oliveiras, lugar que
costumava ir para rezar, para estar em intimidade com o Pai. Os apóstolos,
inclusive Judas sabia desse hábito do Mestre de frequentar o Horto das Oliveiras à noite para rezar. Era
um lugar de sossego e paz, onde Cristo se dirigia ao Pai.
Conhecendo o hábito de Jesus, Judas levou os soldados com espada e
tochas para prender Jesus. Jesus foi preso e levado para ser julgado. Pilatos
reconhece publicamente a inocência de Jesus e quer soltá-lo. Mas não se atreve
a executar o que pensa. Tem medo dos judeus e fariseus. Quer agradar aos
judeus, também quer ficar com sua consciência tranquila, por isso acha uma
solução, “lava as mãos”. Pilatos foi covarde! Não quer condenar um inocente,
mas também não se atreve enfrentar os judeus. A covardia o leva ao crime!
Pensou que só castigando, com chibatadas, os judeus ficariam satisfeitos e
poderia soltar Jesus, mas enganou-se, os judeus, os fariseus queriam a
condenação. Assim, Jesus um inocente é levado ao julgamento e a morte. A morte
de cruz, que era usada para os criminosos e bandidos daquela época.
Depois de sua morte, depois de derramar todo seu sangue, foi levado
para ser sepultado no sepulcro de José de Arimateia. O sepulcro ficava num
jardim, cavado numa rocha, era novo, ninguém tinha sido sepultado nele antes.
Jesus nos deixa o exemplo, nos ensina a levar com resignação as
cruzes desta vida. Todos temos a nossa. Queiramos ou não. Embora muitas vezes
nos desesperamos com o peso dela, mas nada adianta, porém quando levada com
aceitação ela pesa menos e nos abre as portas do céu. Ao ver Cristo levar a
cruz por nós, animemo-nos em levar a nossa por amor a Ele. Quando nossas forças
estiverem acabando, quando sentimos que vamos desfalecer, olhemos para Jesus
carregando a cruz por amor a nós, sentiremos recobrar o ânimo, a força para
seguir nosso caminho, como Jesus seguiu o dele. A
cruz de Jesus é um convite para superarmos nossas opções egoístas e oferecer,
doar ao irmão o melhor de nós mesmos.
Gostamos de acusar Judas que traiu e Pedro que negou, e nós quantas
vezes traímos Jesus com nosso procedimento, nossas atitudes incoerentes, pois
até vamos à missa, mas não praticamos o que celebramos. A liturgia do domingo
de ramos nos mostra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, sua condenação,
paixão e morte, para nos lembrar o quanto
nós traímos e negamos Jesus.
Nós traímos, negamos e crucificamos Jesus todas as vezes que
ignoramos o sofrimento do irmão; quando não temos compaixão dos que sofrem;
quando não fazemos o bem; quando somos omissos diante de situações que requerem
nossa participação, enfim quando temos atitudes que desagradam a Deus.
Jesus se doou totalmente a nós, esse gesto de amor extremado do
Senhor por nós, nos leva a esvaziar-nos dos nossos orgulhos e vaidades,
egoísmos, de nossas incoerências, de nossos pecados, para dar lugar a uma nova
pessoa, revestida das coisas de Deus e de seus ensinamentos. Vamos aproveitar
para aprender com Jesus seu gesto de amor e doação total, nesta semana santa.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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