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Novembro 2019
Lectio
Primeira leitura: Romanos 11, 29-36
Irmãos: os dons e o chamamento de Deus são
irrevogáveis. 30Outrora vós desobedecestes a Deus, mas agora alcançastes
misericórdia, devido à desobediência deles; 31do mesmo modo, também eles
desobedeceram agora, em favor da misericórdia que alcançastes, para que também
eles venham agora a alcançar misericórdia. 32Porque Deus encerrou a todos na
desobediência, para com todos usar de misericórdia. 33Oh, que profundidade de
riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus! Como são insondáveis as suas
decisões e impenetráveis os seus caminhos! 34Quem conheceu o pensamento do
Senhor? Quem lhe serviu de conselheiro? 35Quem antes lhe deu a Ele, para que
lhe seja retribuído? 36Porque é dele, por Ele e para Ele que tudo existe. Glória
a Ele pelos séculos! Ámen.
«Os dons e o chamamento de Deus são
irrevogáveis» (v. 29). Se, por causa da desobediência dos Judeus, o anúncio da
salvação foi dirigido aos pagãos, e estes fizeram experiência da misericórdia
divina, essa mesma experiência pode servir de incitamento aos Judeus para
competirem com eles na fé, acolhendo o que no princípio recusaram. Deus quer
usar de misericórdia (cf. v. 32). A desobediência de cada um dos homens e dos
povos pode ser vista como instrumento no plano de salvação de Deus, que,
finalmente, pode ajudar a reconciliar com Ele todos os povos. Na verdade, os
dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis (cf. v. 29), tal como o seu amor
por Israel, por causa dos pais (Rm 11, 28). É algo que Lhe importa e de que não
desiste. Sendo assim, brota espontaneamente o hino (vv. 33-36) em que Paulo
louva a profundidade, e a impenetrabilidade da sabedoria de Deus, o amor de
Deus pelo qual existem todas as coisas e que enche de significado a existência.
Evangelho: Lucas 14, 12-14
Naquele tempo, disse Jesus a um dos
principais fariseus, que O tinha convidado para uma refeição: «Quando deres um
almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os
teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por
sua vez, e assim retribuir-te. 13Quando deres um banquete, convida os pobres,
os aleijados, os coxos e os cegos. 14E serás feliz por eles não terem com que
te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.»
Mais uma vez, no ambiente de uma refeição,
depois de ter curado um hidrópico em dia de sábado, e depois de ter proposto
uma parábola, Jesus adverte o chefe dos fariseus que O tinha convidado. As
palavras de Jesus brotam da sua experiência, da observação atenta das
realidades e comportamentos dos que O rodeiam. O Mestre interpreta tudo de modo
simbólico e transfere-o para o domínio religioso. As duas partes deste pequeno
texto correspondem-se perfeitamente: o paralelismo antitético facilita a sua
compreensão: «Quando deres um almoço ou um jantar... pelo contrário, quando
deres um banquete...». O ensinamento claro de Jesus vai direito à sensibilidade
dos seus destinatários. Jesus alerta para um comportamento de aparente
generosidade, que, na realidade, é egoísta. Este tipo de comportamento, não só
é mesquinho, mas também compromete as relações interpessoais. A situação
oposta, sugerida por Jesus, traduz, pelo contrário, um convite genuinamente
evangélico, que leva ao centro da doutrina de Jesus: privilegiar os pobres, os
aleijados, os coxos e os cegos, que são aqueles que o Senhor ama. É a mensagem
das bem-aventuranças (Lc 6, 20-26). A bem-aventurança, e a promessa do v. 14,
completam admiravelmente o ensinamento de Jesus.
Meditatio
Paulo leva-nos a reflectir, mais uma vez,
sobre a gratuidade da misericórdia divina para connosco. Ninguém, por primeiro,
deu algo a Deus, para poder ser retribuído (cf. v. 35). Todos, hebreus e
pagãos, foram desobedientes a Deus. Mas «Deus encerrou a todos na
desobediência, para com todos usar de misericórdia» (v. 32). Estamos na lógica
do amor misericordioso, desinteressado, gratuito. É a lógica em que devemos
entrar para compreendermos o Evangelho, nos enchermos de paz e de confiança, e
nos comprometermos na misericórdia para com os outros.
No evangelho, Jesus ensina-nos, de modo muito espontâneo, mas paradoxal, esta mesma lógica: «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te.» (v. 12). É um conselho estranho! O mais natural é convidarmos para o almoço ou para o jantar, os amigos, os familiares, as pessoas que têm influência na sociedade, e nos podem ajudar a resolver algum problema ou a alcançar determinado objectivo. Numa palavra: o mais habitual é convidarmos quem nos possa de algum modo retribuir. Mas Jesus insiste: «Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.» (vv. 13-14). Geralmente pensamos que a bem-aventurança, a felicidade, está em receber. Mas Jesus ensina o contrário, apontando-nos o caminho da gratuidade, do amor desinteressado. É aí que se encontra a verdadeira alegria. Se fizermos o bem, à espera de retribuição, estamos no caminho errado. Pelo contrário: se dermos a quem não nos pode retribuir, estamos no bom caminho, na lógica divina do amor, que não se compra nem se vende.
A linguagem da gratuidade consegue pronunciar palavras libertadoras e expressar gestos vivos e vivificantes. É uma linguagem fora de moda, uma vez que andamos encandeados pelas miragens do útil, do eficiente, do produtivo. Mas a gratuidade é um dos atributos de Deus. Deus é gratuidade: dá e dá-Se, e não seria Deus/Amor se não fosse assim.
A reparação, além de acolhimento do amor, correspondência ao amor, união à oblação de amor de Cristo ao Pai, é também partilha da gratuidade absoluta do Pai e de Cristo para com os homens, especialmente «os mais desprotegidos» (Cst 5), os mais miseráveis, os marginalizados, os desesperados, os publicanos, os pecadores, como fez Jesus.
No evangelho, Jesus ensina-nos, de modo muito espontâneo, mas paradoxal, esta mesma lógica: «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te.» (v. 12). É um conselho estranho! O mais natural é convidarmos para o almoço ou para o jantar, os amigos, os familiares, as pessoas que têm influência na sociedade, e nos podem ajudar a resolver algum problema ou a alcançar determinado objectivo. Numa palavra: o mais habitual é convidarmos quem nos possa de algum modo retribuir. Mas Jesus insiste: «Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.» (vv. 13-14). Geralmente pensamos que a bem-aventurança, a felicidade, está em receber. Mas Jesus ensina o contrário, apontando-nos o caminho da gratuidade, do amor desinteressado. É aí que se encontra a verdadeira alegria. Se fizermos o bem, à espera de retribuição, estamos no caminho errado. Pelo contrário: se dermos a quem não nos pode retribuir, estamos no bom caminho, na lógica divina do amor, que não se compra nem se vende.
A linguagem da gratuidade consegue pronunciar palavras libertadoras e expressar gestos vivos e vivificantes. É uma linguagem fora de moda, uma vez que andamos encandeados pelas miragens do útil, do eficiente, do produtivo. Mas a gratuidade é um dos atributos de Deus. Deus é gratuidade: dá e dá-Se, e não seria Deus/Amor se não fosse assim.
A reparação, além de acolhimento do amor, correspondência ao amor, união à oblação de amor de Cristo ao Pai, é também partilha da gratuidade absoluta do Pai e de Cristo para com os homens, especialmente «os mais desprotegidos» (Cst 5), os mais miseráveis, os marginalizados, os desesperados, os publicanos, os pecadores, como fez Jesus.
Oratio
Senhor, o teu amor é misericórdia, que me
ergue do catre da minha paralisia, do abismo dos meus erros, das regiões
desoladas do meu sem-sentido, das trevas oprimentes das minhas dúvidas. O teu
amor é gratuito, incondicional, desarmadilhado, desinteressado. Amar, e só
amar, é a tua alegria, a tua vida! É o mesmo que me pedes em relação aos meus
irmãos, particularmente os pequenos e pobres. Liberta-me do egoísmo que me
afasta dos outros e de mim mesmo, do egoísmo que ilusoriamente julgo tornar-me
forte, mas que, na verdade, me torna mais fraco. Deus de misericórdia e de
gratuidade, amar e só amar, seja a minha alegria, porque amar e só amar
é viver. Amen.
é viver. Amen.
Contemplatio
Quem vem? O Pai de misericórdia que nos ama
ternamente. - Chama-nos seus filhinhos: filioli. Descreveu-se com complacência
na parábola do filho pródigo. Eu sou este filho pródigo, que viveu, se não na
luxúria, pelo menos na vaidade e na inutilidade. Volto para o meu Pai,
hesitante, tímido, temeroso, mas ele está lá, que me acolhe com amor. O seu
coração bate fortemente no seu peito. Deseja-me com ardor, observa, procura. E
se regresso, atira-se ao meu pescoço e aperta-me contra si, coração contra
coração. E chama os seus servos, os seus anjos, para me darem tudo o que perdi.
Nada falta: o manto de outrora, o anel de nobreza, os sapatos, e o vitelo gordo
para a festa. O Coração de Jesus está emocionado; os seus olhos choram de
ternura, mas sorriem de alegria: «Alegremo-nos, diz o bom Mestre, este filho
estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado». (Leão Dehon, OSP 3,
p. 653).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deus encerrou a todos na desobediência,
para com todos usar de misericórdia» (Rm 11, 32).
«Deus encerrou a todos na desobediência,
para com todos usar de misericórdia» (Rm 11, 32).
Obrigado Senhor, Obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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