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Novembro 2019
Lectio
Primeira leitura: 1 Macabeus 6, 1-13
Naqueles dias, o rei Antíoco atravessava as
províncias superiores, quando soube que, na Pérsia, em Elimaida, havia uma
cidade famosa pelas suas riquezas em prata e ouro. 2O seu templo,
extraordinariamente rico, possuía armaduras de ouro, couraças e armas, deixadas
ali por Alexandre, filho de Filipe, rei da Macedónia, o primeiro que reinou
sobre a Grécia. 3Dirigiu-se para esta cidade com o propósito de a tomar e
saquear, mas não pôde, porque os habitantes estavam prevenidos. 4Resistiram-lhe
com as armas, e viu-se obrigado a fugir e a regressar à Babilónia com grande
humilhação. 5Na Pérsia, um mensageiro foi dizer-lhe que as tropas enviadas à
Judeia tinham sido derrotadas, 6e que Lísias, partindo com um poderoso
exército, fora vencido pelos judeus, que aumentaram o seu poderio com as armas,
as munições e os despojos, tomados ao exército desbaratado. 7E que tinham
destruído também a abominação edificada por ele sobre o altar, em Jerusalém, e
tinham cercado o templo com altas muralhas como outrora, assim como a cidade de
Bet-Sur. 8Ouvindo estas notícias, o rei ficou irado e profundamente perturbado.
Caiu de cama, doente de tristeza, ao ver que os acontecimentos não tinham
correspondido aos seus desejos. 9Passou assim muitos dias, porque a sua mágoa
se renovava sem cessar, e julgou morrer. 10Mandou, então, chamar todos os seus
amigos e disse-lhes: «O sono fugiu dos meus olhos e o meu coração desfalece de
preocupação. 11E digo a mim mesmo: A que grande aflição fui reduzido e em que
abismo de tristeza me encontro, eu, que antes vivia alegre e era amado quando
era poderoso! 12Mas agora lembro-me dos males que causei a Jerusalém, de todos
os objectos de ouro e prata que roubei, e de todos os habitantes da Judeia que
exterminei sem motivo. 13Reconheço que foi por causa disto que me sobrevieram
todos estes males, e, agora, morro de tristeza numa terra estrangeira.»
O nosso texto é uma das três versões da morte
de Antíoco, que encontramos nos livros dos Macabeus. As outras duas versões
encontram-se em 2 Mac 1, 11-17 e 9, 1-29. A nossa versão interpreta a morte do
tirano como manifestação do juízo de Deus. Começa por apontar a avidez com que
vai à conquista da cidade, certo de que realizará os seus intentos. Mas tal não
sucedeu: «Dirigiu-se para esta cidade com o propósito de a tomar e saquear, mas
não pôde, porque os habitantes estavam prevenidos» (v. 3). Seguem-se outras más
notícias: a derrota das suas tropas na Judeia (vv. 5s.); a destruição dos
ídolos pelos Israelitas e a fortificação do santuário (v. 7).
A derrota atinge o rei como uma doença (vv. 8s.). Antíoco IV Epifânio, que personifica o mal, é fisicamente anulado de tal modo que não consegue levar a termo os seus maus projectos. Vendo-se às portas da morte, toma consciência dos seus crimes e do castigo que merece (vv. 10-13). Mais do que arrependimento, mostra resignação perante o castigo que justamente o atinge, por causa da profanação do templo e do mal feito a Israel (v. 13).
A derrota atinge o rei como uma doença (vv. 8s.). Antíoco IV Epifânio, que personifica o mal, é fisicamente anulado de tal modo que não consegue levar a termo os seus maus projectos. Vendo-se às portas da morte, toma consciência dos seus crimes e do castigo que merece (vv. 10-13). Mais do que arrependimento, mostra resignação perante o castigo que justamente o atinge, por causa da profanação do templo e do mal feito a Israel (v. 13).
Evangelho: Lucas 20, 27-40
Naquele tempo, 27Aproximaram-se alguns
saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: 28«Mestre, Moisés
prescreveu-nos que, se morrer um homem deixando a mulher, mas não tendo filhos,
seu irmão casará com a viúva, para dar descendência ao irmão. 29Ora, havia sete
irmãos: o primeiro casou-se e morreu sem filhos; 30o segundo, 31depois o
terceiro, casaram com a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram sem
deixar filhos. 32Finalmente, morreu também a mulher. 33Ora bem, na
ressurreição, a qual deles pertencerá a mulher, uma vez que os sete a tiveram
por esposa?» 34Jesus respondeu-lhes: «Nesta vida, os homens e as mulheres
casam-se; 35mas aqueles que forem julgados dignos da vida futura e da
ressurreição dos mortos não se casam, sejam homens ou mulheres, 36porque já não
podem morrer: são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são
filhos de Deus. 37E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no
episódio da sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o
Deus de Jacob 38Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele,
todos estão vivos.» 39Tomando, então, a palavra, alguns doutores da Lei
disseram: «Mestre, falaste bem.» 40E já não se atreviam a interrogá-lo sobre
mais nada
A pergunta dos saduceus manifesta uma
mentalidade materialista e fechada à lógica do céu. Não se trata de levar ou
não a mulher para a outra vida. A vida depois da morte será algo de
completamente novo e inesperado. Jesus fala de imortalidade, coisa que não
podemos experimentar desde já e que deve ser considerada um dom preciosos da vontade
divina. As relações interpessoais na vida eterna serão de outra ordem: não nos
fecharemos na relação com uma pessoa, mas estaremos abertos a todos e a Deus.
Finalmente Jesus afirma que os ressuscitados serão «semelhantes aos anjos». Não
se trata de uma expressão de desprezo pelo matrimónio, mas da afirmação de que
a vida eterna será diferente da vida deste mundo: mais próxima de Deus a quem
louvaremos e serviremos, como fazem os anjos.
Os vv. 39 e 40 mostram-nos que entre os escribas também havia pessoas que apreciavam a doutrina de Jesus, mas não tinham coragem para ser coerentes até às últimas consequências, isto é, até comprometer-se com Ele.
Os vv. 39 e 40 mostram-nos que entre os escribas também havia pessoas que apreciavam a doutrina de Jesus, mas não tinham coragem para ser coerentes até às últimas consequências, isto é, até comprometer-se com Ele.
Meditatio
A morte separa, sem possibilidade de confusão,
o que é verdade do que é falso. Momento culminante da vida, mais importante do
que o próprio nascimento, de que não estávamos conscientes, crisol onde se
temperam as decisões fundamentais que determinam o nosso destino. A nossa vida
é suficientemente longa para nos prepararmos para a morte. O modo como nos tivermos
preparado decidirá a qualidade de vida nova que nos está preparada para sempre.
A história dos Macabeus mostra-o a seu modo, com a tardia tomada de consciência
de Antíoco IV: «morro de tristeza numa terra estrangeira» (v. 13),
reconhecimento de uma justiça cruel mas correcta. A palavra libertadora do
Evangelho priva morte do seu «aguilhão» (cf. 1 Cor 15, 55), restituindo-lhe a
característica de passagem de uma vida imperfeita e precária à vida plena e
eterna, segundo o projecto do Criador.
As leituras de hoje são já uma preparação para a festa de Cristo Rei do Universo, que amanhã vamos celebrar. A primeira leitura fala-nos de Antíoco, que morre na tristeza do tirano, que oprimiu o seu povo, e desprezou a lei e o culto do Deus vivo e verdadeiro. O evangelho fala-nos da ressurreição à qual em vão se opõem os saduceus: «Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos», diz Jesus (v. 38).
Jesus é o nosso rei, que não nos impôs o seu domínio pela violência, mas morreu na cruz, em aparente fracasso. Na realidade,
a sua morte, aceite em total adesão à vontade do Pai, triunfou sobre a morte e abriu-se vitoriosamente à ressurreição.
Preparemo-nos para acolher o nosso rei «justo, vitorioso, humilde», como escreve o profeta Zacarias ( 9, 9), com a profunda humildade de Maria. Submetamo-nos a Ele de todo o coração, como Ele se submeteu à vontade do Pai. Assim entraremos no seu reino, «reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz», como reza o prefácio da missa de amanhã.
As leituras de hoje são já uma preparação para a festa de Cristo Rei do Universo, que amanhã vamos celebrar. A primeira leitura fala-nos de Antíoco, que morre na tristeza do tirano, que oprimiu o seu povo, e desprezou a lei e o culto do Deus vivo e verdadeiro. O evangelho fala-nos da ressurreição à qual em vão se opõem os saduceus: «Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos», diz Jesus (v. 38).
Jesus é o nosso rei, que não nos impôs o seu domínio pela violência, mas morreu na cruz, em aparente fracasso. Na realidade,
a sua morte, aceite em total adesão à vontade do Pai, triunfou sobre a morte e abriu-se vitoriosamente à ressurreição.
Preparemo-nos para acolher o nosso rei «justo, vitorioso, humilde», como escreve o profeta Zacarias ( 9, 9), com a profunda humildade de Maria. Submetamo-nos a Ele de todo o coração, como Ele se submeteu à vontade do Pai. Assim entraremos no seu reino, «reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz», como reza o prefácio da missa de amanhã.
Oratio
Senhor, tenho medo da morte. Tenho medo da
morte dos outros, dos que me são queridos, daqueles que não consigo dispensar.
Dá-me olhos puros, que me permitam ver para além das aparências, para além do
muro de sombra, que me separa de Ti. Dá-me um coração simples, que não sucumba
diante das interrogações que não têm resposta.
Faz-me compreender o sentido da vida e da morte. Ajuda-me a aceitar o teu silêncio e a ausência de respostas para tantas questões que me atormentam. Ajuda-me a acreditar sempre que és o Senhor da vida e da morte. Amen.
Faz-me compreender o sentido da vida e da morte. Ajuda-me a aceitar o teu silêncio e a ausência de respostas para tantas questões que me atormentam. Ajuda-me a acreditar sempre que és o Senhor da vida e da morte. Amen.
Contemplatio
Um atraso no cuidado da nossa salvação põe a
nossa alma em perigo de se perder. A morte pode-nos surpreender. As paixões
crescem, os hábitos enraízam-se e o endurecimento vem a seguir ao abuso das
graças. A paciência divina cansa-se, a justiça reclama os seus direitos. No
Antigo Testamento, as ameaças divinas eram severas: «Não acrescenteis à vossa
dívida. - Não tardeis em converter-vos» (Ecc.). O Novo Testamento não nos pressiona
menos: «Começo a vomitar-vos da minha boca. - Vou transferir o vosso episcopado
a outro» (Ap). «Fazei penitência, senão virei como um ladrão, arrebatarei a
vossa coroa» (Ibid.). A salvação é a recompensa da obediência a Deus, da união
com Deus. Estais no caminho? Não estais expostos às penas eternas? É preciso
fazer tudo, e, se for preciso, tudo sacrificar pela própria salvação. «Se o
vosso olho vos escandaliza, arrancai-o». Isto não deve ser tomado
materialmente, mas quer dizer que é preciso estarmos preparados para todos os
sacrifícios necessários para não perdermos a nossa alma. Portanto, se a vossa
salvação exige o sacrifício das satisfações dos vossos sentidos, de algumas
amizades naturais, ou de algumas cobiças, hesitareis? Que importa tudo o resto,
se perdeis a vossa alma? (Leão Dehon, OSP, p. 625).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deus não é Deus de mortos, mas de vivos;
para Ele, todos estão vivos» (Lc 20, 38).
«Deus não é Deus de mortos, mas de vivos;
para Ele, todos estão vivos» (Lc 20, 38).
Obrigado Senhor, Obrigado Dehonianos
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