31/05/2016
Visitação da Nossa Senhora
A
Festa de Visitação começou a ser celebrada no século XIII, pelos Franciscanos.
Bonifácio IX (1389-1384) introduziu-a no calendário universal da Igreja.
Tradicionalmente celebrada a 2 de Julho, a festa foi antecipada pelo novo
calendário para o dia 31 de Maio, ficando assim entre a Solenidade da
Anunciação (25 de Março) e o Nascimento de João Batista (24 de Junho). Depois
da Anunciação, Maria foi visitar a prima Isabel, partilhando com ela a alegria
que experimentava perante as “maravilhas” n´Ela operadas pelo Senhor. Impele-a
também a essa visita a sua caridade feita disponibilidade e discrição. Para
Lucas, Maria é a verdadeira Arca da Aliança, a morada de Deus entre os homens.
Isabel reconhece esse fato e reverencia-o. Toda a visitação de Maria é um
acontecimento de Jesus.
Lectio
Primeira
leitura: Sofonias 3, 14-18
Rejubila, filha de
Sião,solta gritos de alegria, povo de Israel! Alegra-te e exulta com todo o
coração, filha de Jerusalém!15O
Senhor revogou as sentenças contra ti, e afastou o teu inimigo. O Senhor, rei
de Israel, está no meio de ti. Não temerás mais a desgraça. 16Naquele dia, dir-se-á a
Jerusalém: «Não temas, Sião! Não se enfraqueçam as tuas mãos! 17O Senhor, teu Deus, está no
meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo
seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa, 18como nos dias de festa.»
O reinado de Josias
(séc. VI a. C.) foi marcado por permanentes infidelidades de Israel a Deus. O
povo, esquecendo a Aliança com Deus, fazia alianças humanas e deixava-se levar
pelas modas, cedendo ao culto de deuses estrangeiros. Perante esta situação,
Sofonias ergue a voz para proclamar “o dia terrível de Javé” em que o pecado
dos povos, também de Judá, seria manifestado e julgado. Mas o profeta sabe que
o juízo de Deus é sempre um convite à conversão. Assim, abre uma perspetiva de
luz e de esperança. A “filha de Sião” deve alegrar-se com a perspetiva desse
dia (cf. 16b), o dia messiânico, dia de misericórdia e de um amor novo entre
Deus e o seu povo. A presença de Deus entre o seu povo será motivo de renovada
esperança, porque Deus é “poderoso salvador” (v. 17).
Evangelho:
Lucas 1, 39-56
Por aqueles dias,
Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da
Judeia. 40Entrou
em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino
saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Então, erguendo a voz,
exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43E donde me é dado que
venha ter comigo a mãe do meu Senhor? 44Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua
saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. 45Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir
tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»46Maria disse, então: «A minha alma glorifica o Senhor47e o meu espírito se alegra em
Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em
diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. 49O Todo-poderoso fez em mim
maravilhas. Santo é o seu nome.50A
sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem.51Manifestou o poder do seu
braço e dispersou os soberbos.52Derrubou
os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53Aos famintos encheu de bens e
aos ricos despediu de mãos vazias.54Acolheu
a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,55como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua
descendência, para sempre.»56Maria
ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.
Maria e Isabel acolhem
em si a ação de Deus. Maria acolhe-a de modo ativo, dando o seu consenso.
Isabel acolhe-a de modo passivo. Ambas experimentam a ação poderosa do Espírito
Santo. Isabel tem no ventre o Precursor. Graças a essa presença, pode já indicar,
na Mãe, o Filho e proclamar bendita Aquela que “acreditou” (v. 45). Maria
responde ao cântico de Isabel com o Magnificat, que revela a ação poderosa de
Deus nela, aquela ação que realiza as promessas feitas a Abraão e à sua
descendência. O Magnificat é a primeira manifestação pública de Jesus, ainda
escondido, mas atuante naqueles que, como Maria, o acolhem na fé e com amor.
Meditatio
Maria ensina-nos a
acolher o Senhor. Acolhe-o com louvor: “A minha alma glorifica o Senhor!” Assim
fizera David que acolheu a Arca de Deus com exultação e a colocou na sua
cidade, Jerusalém, no meio do júbilo do seu povo.
Como David e,
sobretudo, como Maria, precisamos de acolher a Deus e dar-lhe o lugar a que tem
direito na nossa vida. Somos pequenos e fracos, é certo. Mas Deus chama-nos a
acolhê-lo, a recebê-lo em nossa casa com alegria e disponibilidade. Não podemos
deixá-lo à porta. Não podemos recebê-lo continuando fechados nas nossas
preocupações, nos nossos interesses mais ou menos egoístas. Não podemos receber
a Deus como se recebe alguém que vem negociar connosco, ou como se recebe um
fornecedor, um cobrador, ou um qualquer serviçal. Há que recebê-lo com a honra
a que tem direito, com alegria, com cânticos de júbilo, com exultação. Maria
acolheu o Senhor, não para ser servida, mas para servir. Acolheu-o cantando: “A
minha alma glorifica o Senhor!”. Maria e Isabel ensinam-nos também a acolher os
outros. Para acolher alguém, precisamos de sair de nós mesmos. Maria saiu
fisicamente de sua casa e deslocou-se à montanha da Judeia para visitar Isabel.
Isabel, para acolher a Maria, saiu de si mesma e reconheceu, na jovem mulher
que a visitava, a Mãe do seu Senhor. Maria acolhera a palavra do Anjo acerca da
prima e foi visitá-la como a alguém abençoado pelo Senhor. Acolher uma pessoa é
sempre acolher aquilo que Deus realiza nessa pessoa, acolher a sua vocação
profunda.
Peçamos a Maria que,
como o Pe. Dehon, e no seu “seguimento”, saibamos contribuir para instaurar o
reino da justiça e da caridade cristã no mundo (cf. Souvenirs XI). Um
sinal dos tempos muito apreciado, pelos crentes e pelos não crentes, é a solidariedade com
os carenciados, sejam eles da nossa família ou vivam mais perto ou mais longe
de nós. O mesmo se diga da ajuda aos povos em vias de desenvolvimento, muitas
vezes atormentados pela fome, causada por guerras crónicas ou por catástrofes e
calamidades naturais (Cf. A.A., n. 14).
Oratio
Senhor, hoje, quero
rezar-te com o P. Dehon: “A minha alma glorifica o Senhor por todos os seus
benefícios: pela sua vinda na Incarnação, pelos seus ensinamentos luminosos,
pela efusão do seu sangue, pela instituição da Eucaristia, pelo dom do seu
Coração, sobretudo, e pelas graças pessoais com que me cumula todos os dias.”
(OSP 3, p. 22s.)
Contemplatio
Maria entoa o cântico
de ação de graças que ficará como expressão de ação de graças de todos os
filhos de Deus. Como dizer o enlevo do seu Coração? Ela atribui tudo à glória
de Deus, esquecendo-se de si mesma. É o sentido de todo o cântico. Foi Deus
quem fez nela grandes coisas. É a obra da sua misericórdia. Veio no poder do
seu braço para humilhar os soberbos e para levantar os pequenos. Veio despojar
os que se agarravam aos bens da terra e enriquecer com os seus dons os que
estavam em necessidade. – Veio cumprir as promessas feitas aos patriarcas. Em
todo este mistério da Visitação transbordam a caridade do Coração de Jesus que
derrama as suas graças sobre aqueles que visita, e o humilde reconhecimento do
coração de Maria, que nos ensina a dizer a Deus toda a nossa gratidão
atribuindo-lhe fielmente todo o bem que opera em nós, seus pobres servidores
bem humildes e bem pequenos. O Magnificat servir-nos-á de cântico de ação de
graças para agradecermos ao Sagrado Coração de Jesus as suas visitas e a sua
permanência em nós pela Eucaristia e pela graça. (Leão Dehon, OSP 3, p.
22).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“A minha alma
glorifica o Senhor” (Lc 1, 46).
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Visitação da Virgem
Santa Maria (31 Maio)
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