27 de Fevereiro - Sábado - Evangelho - Lc 15,1-3.11-32
Este Evangelho (Lc 15,1-3.11-32), narrado por
Lucas e conhecido como “a parábola do filho pródigo”, poderia muito bem ser
denominado “a parábola do Pai Misericordioso”. Nele, temos a revelação do Deus
de Jesus que a todos acolhe em Seu infinito amor, respeita plenamente a
liberdade de Seus filhos e está com o coração aberto para acolhê-los a qualquer
momento, sem censuras, independente de suas histórias passadas.
Este é o meu Deus, com quem eu devo aprender
todos os dias. Ele se diferencia do “Deus dos escribas e fariseus”, que
castiga os que dEle se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos. E, se há
arrependimento, reata Sua aliança sob ameaças.
É por Seu amor misericordioso que o Deus de Jesus
nos move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim, “a parábola do
Pai Misericordioso” vai mostrar como Deus Pai age diante do filho pecador.
A situação que Jesus relata é absolutamente real
e facilmente encontrável em qualquer família humana.
Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo pediu
sua parte na herança e foi embora. Gastou os bens, passou fome e resolveu pedir
para voltar e viver apenas como empregado de seu pai. Ele sabia que havia
errado muito, mas por ser um homem justo, seu pai não deixaria um empregado
passar fome. Por isso, o jovem queria voltar a viver com seu pai, nem que
fosse como um empregado para não morrer de fome.
O pai, contudo, vai além, pois não só recebe o
jovem como o aceita novamente e o coloca no lugar onde sempre esteve: de seu
filho. O irmão mais velho – que permanecera fiel ao pai – cobra, sente inveja,
sente raiva. Mas o pai o convida a participar da festa, porque seu irmão havia
sido recuperado e a família estava novamente composta.
O processo de conversão começa com a tomada de
consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A
acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o
restabelecimento da dignidade do filho.
“É necessário, filho, que te
alegres: teu irmão estava morto e reviveu, perdido e foi achado” (Lc
15,24). O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a
volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da
alegria.
Esta é a sua e a minha atitude quando – chamados
de “corretos e justos” – não aceitamos, em nosso meio, todos os que,
arrependidos, nos pedem desculpas e perdão pelas falhas cometidas.
Quantas vezes ouço dizer: “Padre, eu não consigo
perdoar o que meu marido (ou minha esposa) me fez. Tenho mágoas do meu pai, da
minha mãe, dos meus filhos. O que eu faço?” Aqui está a resposta à sua
pergunta. Com esta parábola, Jesus nos faz um apelo supremo para que, assim
como os doutores da Lei e os fariseus deveriam aceitar e partilhar da alegria
de Deus pela volta dos pecadores, também nós devemos nos alegrar com o
arrependimento, a conversão e o retorno à dignidade da vida dos nossos irmãos e
irmãs.
A atitude do pai é incondicional: meu filho
estava perdido e voltou! Com a festa, ele demonstra sua alegria – que deve ser
de toda a comunidade.
Devemos acreditar na misericórdia do Pai que
sempre nos recebe de braços abertos e com muita festa. Devemos, sobretudo,
pedir que essa mesma misericórdia seja derramada infinitamente em nosso
coração, para que possamos ver, com os olhos de Deus, os nossos irmãos que
julgamos pecadores e reconhecer que todos somos merecedores do mesmo amor do
Pai.
Padre Bantu Mendonça
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