TERÇA FEIRA DA II SEMANA DA QUARESMA 23/02/2016
1ª Leitura Isaias 1,10. 16 – 20
Salmo 49 (50) , 23 b “Ao que procede retamente eu mostrarei a
salvação de Deus”
Evangelho Mateus 23, 1-12
A Cadeira do Padre
Já
vi muitas discussões inúteis sobre a questão do uso da cadeira chamada
presidencial, utilizada nas celebrações, e que só podem ser ocupadas pelos
Ministros Ordenados. Em primeiro lugar precisamos saber o que significa a tal
cadeira do Padre, embora se pareça com um trono, pois o layout dos nossos presbitérios
lembram uma reunião da corte, onde havia a cadeira do trono ladeada por outras
cadeiras, reservadas aos ministros do primeiro escalão, ou seja, aqueles que,
de certa forma "mandavam" junto com o rei.
Embora
não seja a nossa realidade atual, a verdade é que as cadeiras aveludadas e de
grande tamanho, colocadas no centro do presbitério, enchem a cabeça de muitos
leigos de grandes fantasias, onde o ego se enche de soberba e a pessoa começa a
se achar muito importante porque no exercício do seu ministério ocupa uma das
cadeiras durante a Santa Missa ou a Celebração da palavra, e se for Ministro da
Palavra, irá sentar-se na cadeira do padre e daí a sede de poder é ainda mais
forte. Não é qualquer um que pode sentar-se na cadeira do padre e nas igrejas
das grandes metrópoles a concorrência é ainda muito maior...
Claro
que não é disso que fala a reflexão do evangelho, mas poderíamos usar a
expressão "Sentar-se na cadeira do padre", para entender a crítica de
Jesus contra os Escribas e Fariseus naquele tempo....
Sentar-se
na cadeira de Moisés (expressão colocada pelo evangelista) ou sentar-se na
cadeira do padre, significa ser os Donos da Verdade e os detentores de todas as
informações importantes da comunidade. É fácil saber se isso está acontecendo
na sua comunidade, se lá você tem ouvido muito essa expressão "Pergunte
para FULANO porque isso é só ele quem sabe", pronto! A comunidade é
igualzinha a de Mateus, tem gente que sabe ou pensa saber demais, e sem eles
nenhuma decisão poderá ser tomada. Eis aí aqueles sobre os quais os corneteiros
de plantão dizem jocosamente "Este quer mandar mais que o padre".
Os
que sentam-se na cadeira do padre, criam regras e mil norminhas na pastoral, no
movimento e na liturgia, quando "apertados" por alguém que os
enfrentam, terminam com a conhecida frase "Ah... são ordens do nosso
padre.... Isso é colocar fardos pesados nas costas dos irmãos e irmãs.
Claro
que estes, que gostam de sentarem-se na cadeira do padre, automaticamente
procuram os primeiros lugares em tudo, na Festa do Padroeiro, equipe de eventos, conselhos
paroquiais ou pastorais, CAAE etc. Qualquer decisão para ser tomada tem que
passar pelo crivo deles, conheci alguém que exercia um ministério há muitos
anos e ninguém tinha coragem de tirá-lo do cargo, nem o padre que achava melhor
não criar caso com o idoso Senhor, que entre outras coisas ela quem escalava os
ministros da Eucaristia, e ainda indicava para o padre quem poderia ser
ministro.
São
críticas severas para nossas comunidades? Sem dúvida alguma. Nas comunidades
cristãs há muita riqueza e santidade autêntica de tantos irmãos e irmãs, mas
não podemos nos iludir achando que Escribas e Fariseus só havia no tempo de
Jesus, ou em uma DIOCESE lá da Patagônia. A conclusão do evangelho nos aponta
quem é o único e Verdadeiro Centro das atenções em nossa Igreja: Jesus Cristo,
tudo é nele, com ele e por ele. Exatamente por isso que Jesus se apresenta como
sendo ele o único Mestre, o único que tem autoridade, o único que é o centro de
todas as atenções, sem ele, todo e qualquer ministério não tem nem razão de
ser.
E o
que faz esse Mestre Supremo ? Rebaixou-se á condição de um escravo, sendo ele o
maior de todos os maiorais, se fez Servo e ao se humilhar com a morte
vergonhosa da cruz, foi exaltado pelo Pai. O Lava-Pés consolida a ação
servidora de Jesus.
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