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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Quem sou eu para que me visite a mãe do meu Senhor?-Claretianos

Domingo, 20 de Dezembro de 2015

Tema: Quarto Domingo do Advento

Miquéias 5,1-4a: De ti sairá o chefe de Israel
Salmo 79: Ó Senhor, restaura-nos e que brilhe teu rosto e nos salve!
Hebreus 10,5-10: Aqui estou para fazer a tua vontade
Lucas 1,39-45: Quem sou eu para que me visite a mãe do meu Senhor?
Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!

Comentário

Miquéias, de onde foi tomada a primeira leitura, viveu no reinado de Ezequias. Quando o modesto profeta chegou à corte, encontrou-se com Isaías, por quem provavelmente foi influenciado literariamente, ainda que sempre tenha conservado seu estilo pessoal. Miquéias atacou sobretudo os poderosos que abusavam do pobre para roubar e oprimir, os juízes corrompidos, porém compôs também magníficos poemas de salvação, entre eles se sobressai a profecia sobre Belém. O Messias esperado nascerá em Belém, pequena cidade de Judá e fará com que os seres humanos possam viver tranquilos e ele será nossa paz.
A segunda leitura é tirada da Carta aos Hebreus. Supostamente Paulo compara a obra cultual de Cristo com a do Antigo Testamento e o sacrifício de Cristo com os antigos “sacrifícios” religiosos. Através desta comparação mostra-se com profundidade a natureza e finalidade da encarnação. O sacrifício de Cristo acontece de uma vez para sempre e não consiste tanto na imolação de uma vítima, quanto na comunhão com o Pai, à qual todos somos convidados. No futuro não haverá uma religião de cerimônia e de ritos, mas uma religião “em Espírito e em verdade”. A vontade de Deus foi a morte do Filho, mas o tornar seu Filho partícipe da condição humana com o suficiente amor para que todo o humano seja transformado. O sangue do Filho, mais que uma oferenda para aplacar a um Deus justiceiro, é dom aos seres humanos, de um Deus cheio de amor. Nossa santificação consiste em viver “em Espírito e em Verdade” esta amizade com Deus. Aqui está a essência do Espírito religioso.
Aproxima-se a celebração do nascimento de Jesus. Isto significa lembrar a condição de mulher e a fé de Maria. O episódio chamado de visitação, do evangelho de Lucas, relata o encontro de duas mulheres mães. Maria, da Galileia, vai a Judá, a região na qual um dia o filho que leva em seu seio será rejeitado e condenado à morte (Lc 1,39). Ante a saudação da jovem, a criança que Isabel está para dar à luz “salta de alegria” (vv. 41 e 44). A mãe alude, pouco depois, ao que sente dentro de si: a alegria da criança, o futuro João Batista, ao redor dele havia girado até então os acontecimentos narrados neste primeiro capítulo de Lucas. João cede agora passagem a Jesus. A alegria é a primeira resposta à vinda do Messias. Experimentar alegria porque somos amados por Deus é preparar-se para as festas do nascimento de Jesus.
Isabel pronuncia então uma dupla bênção. Como sempre ocorre em manifestações importantes, Lucas sublinha: ela o realiza cheia do Espírito Santo (v. 41). Maria é declarada “bendita entre as mulheres” (v. 42), sua condição de mulher é destacada; como tal é considerada amada e privilegiada por Deus. Isto é ratificado pelo segundo motivo do elogio: “Bendito é o fruto do teu ventre” (v. 42). Este fruto é Jesus, porém o texto sublinha o fato de que por agora está no corpo de uma mulher, em suas entranhas, tecido de seu tecido. O corpo de Maria se torna assim arca santa onde se alberga o Espírito e manifesta a grandeza de sua condição feminina. Em sua visitante, Isabel reconhece a “mãe do Senhor” (v. 43), aquela que dará à luz aquele que deve libertar seu povo, segundo o anunciava o profeta Miquéias (5,2-5).
Bendizer (bene-dícere) significa falar bem, louvar, glorificar. Com anterioridade ao nascimento de Jesus, aparecem nos evangelhos bênçãos por parte de Zacarias, Simeão, Isabel e Maria. Todos bendizem a Deus pelas obras realizadas. Porém, ao mesmo tempo, Jesus abençoa as crianças, os enfermos, os discípulos, o Pai. Toda bênção é dirigida a Deus. A oração de bênção é, sobretudo, louvor de ação de graças. Deste modo celebramos a Eucaristia. Porém, também a bênção se estende a todas as criaturas, inclusive as inanimadas: ramos, cinza, pão e vinho. São bem-aventurados os santos e especialmente “bendita” é Maria, a mãe de Jesus. O Espírito Santo ajuda a Israel a pronunciar uma bênção: “Bendita entre todas as mulheres e bendito seja o fruto do teu ventre!” Desde então, milhões de vezes nós cristãos o pronunciamos na “Ave Maria”. São benditos, bem-aventurados ou ditosos os que creem em Deus, os que praticam a Palavra, os que dão frutos, os pobres com os que Jesus se identifica.
 Maria acreditou. Esta foi sua grandeza e o fundamento de sua felicidade: sua fé. Maria se converte em mestra da fé, aceitando quanto se lhe comunica da parte de Deus, ainda que não se possa explicar o modo como se realizaria aquele plano. Toda a vida de Maria se fundamenta em sua fé, na adesão prestada desde o primeiro momento à revelação que chegou até ela.

Oração


Ó Deus, nosso Pai, que em Jesus nos deste a tua Palavra, feita carne e sangue, força e ternura, morte e ressurreição; nós te pedimos que nos inspires para seguir seus passos pelo caminho que ele traçou, abraçando em nosso caminhar para ti a todos os irmãos e irmãs. Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.

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