Domingo, 4 de
novembro de 2018.
Evangelho de Mt
5, 1-12.
Nesse dia em que
a Igreja celebra a solenidade de todos
os Santos, deve crescer em nossos corações o desejo de alcançarmos tão grande
graça, a Santidade. Deus é misericordioso, conhece a nossa fraqueza, mas está
sempre pronto a nos perdoar, a fechar os seus olhos para as nossas fragilidades,
nos conceder o perdão e nos ajudar a caminhar para a santidade.
Todos nós pelo Batismo
fomos chamados a ser santos, portanto a Igreja ao celebrar “Todos os Santos e
Santas”, nos leva a refletir como estamos vivendo essa vocação a que fomos
chamados. Neste ano dedicado ao leigo, laicato, tem um significado muito
importante celebrar a solenidade de Todos os Santos e Santas, porque o caminho
da santidade está enraizado na graça do nosso Batismo, por ele somos
introduzidos no mistério pascal de Cristo. Pelo Batismo somos marcados com o
sinal de Deus, somos de Deus, pertencemos a Ele. O Batismo nos consagra à
missão de sermos santos como nosso Pai celeste é Santo.
O Evangelho de
hoje fala das bem-aventuranças que é o caminho para a santidade e felicidade e como
devemos fazer para atingi-las. Esse caminho que Jesus nos mostra é de acordo com o Reino de Deus,
que é bem diferente das propostas do mundo.
As bem-aventuranças faz parte do grande sermão
da montanha. Certo dia, vendo a
multidão, Jesus sobe a montanha, que simbolicamente é o lugar de Deus. O monte
é o lugar da revelação e é o local onde Jesus ensina com autoridade. Ele
recorda o Monte Sinai, onde Deus deu a Moisés os 10 mandamentos e onde foi
selada a Aliança com o povo hebreu que saiu da escravidão egípcia.
Subindo ao monte, Jesus nos parece um novo Moisés, promulgador da nova lei, no
novo Sinai. É a nova constituição do povo de Deus. Jesus deixa bem claro
que não veio modificar a lei, mas sim aperfeiçoá-la.
O Sermão da
Montanha é um sermão revolucionário. É uma inversão dos valores tradicionais.
Os hebreus cultivavam a convicção de que prosperidade material, o sucesso eram
sinais de bênçãos de Deus; a pobreza, a doença, a esterilidade eram sinais de
maldição.
Jesus constata a
realidade do povo que o segue: pobres, aflitos, mansos, famintos, necessitados
inclusive de santidade, Ele percebe os esforços que fazem para mudar a
situação, conhece as dificuldades e as perseguições que enfrentam para criar a
nova sociedade, e os proclama felizes, depositários do Projeto de Deus. É
preciso um mundo melhor, e esse mundo só será melhor se as pessoas forem
melhores.
A sociedade em que
vivemos é baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. A presença de
tantos pobres, aflitos e perseguidos nos mostra que a sociedade ainda não
incorporou os valores do Reino de Deus. Nessa sociedade as palavras: honestidade,
moral, verdade, respeito, justiça e amor, perderam o seu sentido original. O
Ter tem mais valor, que o Ser. Tudo isso nos traz angústia, porque estamos
lutando na contra mão. À vista disso, somos tentados a desanimar e, às vezes,
até deixar tudo. Mas, vale a pena continuar. A sociedade é um grande desafio
para nós, cristãos amantes da justiça e do amor. Devemos ler, reler e meditar as
Bem-aventuranças para não deixar morrer em nós o desejo de sermos santos, de
evangelizar e transformar a sociedade...
As Bem-aventuranças
são propostas de santidade e é o melhor caminho. Jesus chama de bem-aventurados
os pobres e humildes. Agora os bem-aventurados não são mais os ricos deste
mundo, os saciados, os favorecidos, mas os que têm fome e choram, os pobres e
perseguidos. As bem-aventuranças são caminhos que todos os santos e santas
trilharam, os que conhecemos seus nomes e daqueles os quais não conhecemos,
pois todos que estão no céu junto de Deus são santos. Santos não são só aqueles que
foram canonizados pelo Papa, mas todos que morreram na graça de Deus. Dentre
eles, podem estar nossos avós, pais, filhos, netos, parentes, conhecidos,
amigos..., que amaram Cristo e viveram uma vida de muito amor, como nos ensina Jesus. Os santos são na realidade, irmãos nossos na fé, são exemplos de
vida cristã e são nossos intercessores junto de Jesus a quem glorificam. É isso
que a Igreja Católica nos ensina. Ela afirma que o único mediador entre os
homens e Deus é Jesus.
Ser santo é deixar o
Espírito Santo agir em nós, conduzir a nossa vida. Muitos se tornaram
santos porque se abriram à ação do Espírito Santo e viveram para agradar a Deus
e ao próximo. Experimentaram Jesus vivo em suas vidas, deixaram Jesus tocar nos
seus corações e viveram intensamente o amor por Ele, praticaram a Palavra de
Jesus. E para viver assim é preciso construir, lutar contra nossos próprios
defeitos e comodismo. É preciso muita renúncia, amor, disponibilidade em servir
de acordo com os dons que Deus nos dá.
Ninguém é santo de braços cruzados, ou já nasce santo, a santidade é conquistada, é construída com a ajuda do
Espírito Santo, na medida que nos abrimos a Ele e permitimos que Ele aja
na nossa vida. E quando Deus vai à nossa frente caminhando conosco crescemos no
amor, na perfeição, na santidade. Na medida que guardamos o Evangelho no
coração e vivemos o Amor a todos sem distinção, sem interesse..., sem esperar
nada em troca. Construir a nossa santidade é algo humano e divino. É divino
porque Deus nos ajuda, nos guia, nos indica o caminho a seguir. Com a ajuda de
Deus ficamos encharcados do seu amor e transformamos a nossa vida e das pessoas
que estão ao nosso redor.
Quando nos enchemos de Deus vamos modificando nosso modo de pensar,
de falar, de agir, de tratar os outros e, até mesmo de relacionarmos com a
gente mesma. Passamos a ser outro Cristo para os nossos irmãos. Passamos a
lutar contra nossos defeitos, imperfeições, contra nossos erros, pecados... Não
mais queremos pecar. Queremos viver a vida da graça cada vez mais. Enfim, ser santo é lutar para ser melhor,
para amar mais e sempre, é lutar para ser fiel ao Evangelho que é a Palavra de
Jesus.
O papa Francisco fala da santidade na exortação apostólica:
“Alegrai-vos e Exultai”. Ele diz que santidade é isto: “ser pobre no coração”;
“reagir com humildade, mansidão”; “saber chorar com os outros”; “buscar a
justiça com fome e sede”; “olhar e agir com misericórdia”; “manter o coração
limpo de tudo o que mancha o amor”; “semear a paz ao nosso redor”; “abraçar
diariamente o caminho do evangelho, mesmo que nos acarrete problemas”.
Santidade consiste em fazermos, com a maior perfeição possível, as
coisas comuns, todos os dias. Tudo o que fazemos ou o que somos temos que
fazer com amor, buscando o melhor, a perfeição. No trabalho, em casa, na
educação dos filhos, como esposa (o), como filho (a), como pai ou como mãe,
como genro, nora, como amiga (o), como patrão (ao), na comunidade, enfim na
nossa vida comum do dia-a-dia fazer tudo com o AMOR que Cristo nos ensinou.
Pequenos gestos com amor são de grande valor. “Nada é pequeno onde
o amor é grande”, dizia
Santa Terezinha que é exemplo de amor, oração e humildade. Santa Terezinha
passou a vida amando o próximo e rezando, oferecendo sacrifícios pela conversão
dos pecadores.
Meus irmãos e irmãs, peçamos a
intercessão de todas as pessoas que durante a sua vida viveram na graça, no
amor, na solidariedade e na paz do Senhor e hoje estão no céu glorificando a
Deus.
A proposta de Jesus é a santidade. Não é
fácil, mas é possível com a graça de Deus, ela exige uma luta diária e uma
perseverança na fé em Cristo. Resta nos esforçarmos para sermos santos, como
nos pede Jesus: “Sede santos, como meu Pai do Céu é santo!”
Todos os santos e
santas, intercedei por nós.
Abraços em
Cristo!
Maria de Lourdes
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