QUINTA FEIRA DA 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM 02/08/2012
1ª Leitura Jeremias 18, 1-6
Salmo 145 (146)5a “Feliz aquele que tem por protetor o Deus de Jacó”
Evangelho Mateus 13, 47-53
Esta parábola fecha um
conjunto que se inicia no versículo 1 com a Parábola do Semeador, o panorama
muda mas o ensinamento é o mesmo: o Reino é uma iniciativa Divina. Ás vezes, na
visão rigorosa de Mateus, tem-se a impressão de que o homem em nada participa
mas esta é uma visão enganosa. O evangelista precisava usar esta linguagem
radical pois os seus conterrâneos não abriam mão da tradição onde despontavam
nomes sagrados como o Rei Davi, o libertador Moisés e mais na origem o
Patriarca Abraão. Para eles, Jesus de Nazaré não poderia ser maior que esses,
não aceitavam que ele era o próprio Filho de Deus, inaugurador do Reino
definitivo, e muito menos que Deus se ocupasse de outros povos e nações que não
Israel, raça eleita, Nação Santa.
Na rede jogada ao mar caem peixes de
todas as espécies, grandes, pequenos, peixes de ótima qualidade mas também
peixes que não serviam para ser aproveitados. Haverá no final uma seleção dos
convocados, e Israel não tem lugar garantido só porque tem suas raízes na
tradição, sendo povo da antiga aliança. Possivelmente, o que pensava um judeu
tradicionalista era que Israel não passaria por nenhum julgamento pois já
estavam assegurados.
Por isso Mateus dá ênfase ao
julgamento e ainda as consequências trágicas que virão para quem não for
selecionado. Quando refletimos este evangelho corremos o risco de pensar mal de
Deus, uma vez que os coitados dos peixes que caem na rede, nem imaginam o
destino que espera para os que não passarem no controle de qualidade dos anjos.
Entretanto o versículo final, alinhado á primeira leitura do Profeta Jeremias
desfaz esse equívoco.
O Doutor da Lei que se torna discípulo
de Jesus, têm á sua frente o Baú do Antigo Testamento de onde, ele poderá agora
tirar coisas novas e velhas, como um pai de família que ao fazer uma bela
faxina em casa, vai separar algumas coisas que são úteis e outras que já não
servem mais. O Doutor da Lei que se tornou discípulo do Senhor, agora olha para
o Antigo Testamento a partir de Jesus e consegue separar coisas novas e velhas,
pois com Cristo as escrituras antigas revelam seu verdadeiro e real sentido.
Jesus Cristo, o Messias Salvador e
Redentor, é a plena realização da profecia de Jeremias, pois Nele todo homem
será remodelado, refeito, como um barro nas mãos do oleiro. Conclusão da
parábola: basta que o homem se torne flexível e disponível para deixar-se
modelar pela Graça Operante e Santificante da Graça de Deus, e ele será
totalmente transformado...e daí, os peixes de menor qualidade que caíram na
rede do Reino, poderão sim, serem transformados em bons. Somente os egoístas,
egocentristas, fechados a graça de Deus, e que recusam deliberadamente a
Salvação, é que serão jogados fora do Reino, e quando se darem conta da grande
bobagem que fizeram, ao recusar a Vida Nova que em Jesus Deus lhes ofereceu,
irão se remoer por toda eternidade, em um choro e ranger de dentes, expressão
que Mateus muito usava, como uma luz amarela de atenção, aos seus conterrâneos,
e que hoje serve de alerta ao homem da pós modernidade, que parece não crer no
poder da Graça transformadora de Deus, manifestada em Jesus.
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